Com a colheita de soja atrasada, o Brasil está preparado para transportar a supersafra?

frete supersafra
Published on: February 20, 2025

“A supersafra de soja traz desafios logísticos significativos, especialmente porque este ano a colheita está mais atrasada em relação ao ano passado…”

Rodrigo Arnus Koelle é CEO da Strada, empresa que promove serviços diferenciados para motoristas de caminhão, embarcadores/donos de carga e transportadoras. Koelle é engenheiro agrônomo formado pela Esalq/USP.


AgriBrasilis – O Brasil está preparado para transportar a supersafra?

Rodrigo Koelle – A supersafra de soja traz desafios logísticos significativos, especialmente porque este ano a colheita está mais atrasada em relação ao ano passado. Esse atraso comprime o período de escoamento, exigindo que o transporte ocorra em uma janela de tempo menor. Isso gera um aumento na demanda por caminhões, o que naturalmente pressiona os valores de frete para cima.

Além da dinâmica de oferta e demanda, a performance operacional também desempenha um papel crucial. A eficiência no carregamento impacta diretamente os custos: um embarcador que carrega um caminhão em uma hora tem uma vantagem competitiva sobre outro que leva seis horas, pois a demora encarece o frete.

A Strada oferece um conjunto de soluções que ajudam os embarcadores/donos de carga a otimizar custos e operações nesse cenário desafiador, porque atuamos em todo o ecossistema logístico.

AgriBrasilis – Os valores de frete estão atrativos? A safra recorde de soja deve elevar os preços?

Rodrigo Koelle – O aumento no valor do frete não se deve apenas ao atraso da colheita, mas também a outros fatores, como o preço do diesel e a inflação. Com dados, planejamento e tecnologia, os embarcadores podem melhorar sua performance e garantir um frete mais competitivo, mesmo em um mercado pressionado pela alta demanda.

AgriBrasilis – Como lidar com a concentração da colheita e aumento da demanda por transporte em fevereiro?

Rodrigo Koelle – A concentração da colheita e o aumento da demanda representam desafios logísticos significativos. O primeiro passo para mitigar essa pressão é garantir uma seleção criteriosa dos prestadores de serviço, seja transportadora ou motorista autônomo.

Além da seleção, é essencial contar com ferramentas tecnológicas para aumentar a eficiência logística. Por exemplo: a Strada oferece soluções como Gestão de Risco (GR), que realiza a análise de motoristas e veículos para garantir segurança na operação, entre outras funcionalidades; Módulo Portaria, que faz a verificação da identidade do motorista no local de carregamento, evitando fraudes, e o Tracking, que permite o  monitoramento em tempo real da movimentação da carga.

AgriBrasilis – Com o aumento do preço do diesel, há possibilidade de paralisação, como aconteceu em anos anteriores?

Rodrigo Koelle – Atualmente, não vemos um cenário provável para paralisações relacionadas ao preço do diesel. Isso porque o valor do frete tem subido mais do que o custo do combustível, compensando, em grande parte, esse aumento. Dessa forma, os transportadores devem perceber um equilíbrio financeiro mais favorável.

Além disso, o setor de transporte rodoviário é altamente dinâmico e regido por oferta e demanda. A necessidade de escoamento da safra e o aumento da demanda por transporte também contribuem para manter os valores de frete em um patamar que absorve os impactos da alta do diesel.

No entanto, é essencial acompanhar o mercado e os fatores que podem influenciar os custos operacionais dos transportadores.

AgriBrasilis – O que é o serviço de “bid de carga” e quais seus benefícios?

Rodrigo Koelle – É uma solução que automatiza e estrutura o processo de cotação e contratação de fretes, trazendo mais transparência, eficiência e confiabilidade para embarcadores e transportadores.

O grande diferencial da nossa plataforma não é apenas a cotação de preços, mas sim a continuidade no processo de contratação e execução, garantindo que o transportador escolhido realmente cumpra o serviço conforme o valor acordado.

Um dos desafios mais comuns no mercado é o chamado “paper price“, quando uma empresa oferece um preço baixo apenas para ganhar o lote, mas, na hora da execução, não consegue cumprir e tenta renegociar um valor maior. Isso pode atrasar operações e gerar custos inesperados para os embarcadores.

Com o sistema de “bid” esse risco é reduzido, pois a ferramenta já prevê um plano de contingência: caso a transportadora selecionada não execute o serviço, o sistema automaticamente aciona a segunda opção previamente validada, garantindo a continuidade do transporte sem necessidade de renegociação emergencial.

 

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