Com matérias-primas para produção de fertilizantes em abundância, como jazidas naturais de fósforo, com 337 milhões de toneladas em minério, e 308 milhões de toneladas de potássio em minério, poder-se-ia deduzir que o País estaria perto da autossuficiência. Mas a realidade é diferente.
O consumo de fertilizantes produzidos localmente é cada vez menor. A série histórica indica que nos últimos 9 anos o Brasil aumentou as importações de fertilizantes em 28%, enquanto as exportações mesmo período caíram de 675.037 para 172.058 toneladas. Isso se deve ao fato de uma contínua dependência de países que possuem melhor infraestrutura para exploração das matérias primas. Em 2019, foram importadas 22 milhões toneladas de fertilizantes, provenientes principalmente da Rússia, Estados Unidos, Canadá, China, Egito, Israel e Argélia ¹.
A produção local no ano de 2019 foi marcada pelo encerramento das atividades de duas unidades da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (FAFENs) controladas pela Petrobras, motivado também pela queda das exportações. Considerando a expansão agrícola, a projeção para 2020 é um aumento de 2% no consumo, com estimativa de 37,2 milhões de toneladas.
O mercado altamente competitivo tem cinco gigantes: Yara, Mosaic, Heringer, Fertipar e Fertilizantes Tocantins, que juntos dominam o setor de fertilizantes ². A AgriBrasilis entrevistou o economista Eduardo Monteiro, diretor de distribuição da Mosaic Fertilizantes para retratar sobre o mercado brasileiro. A empresa atua na produção, venda e importação de fertilizantes.
A Mosaic Fertilizantes foi criada em 2004, a partir de uma joint venture entre a IMC Global e a Cargill. A companhia é considerada a maior produtora de fertilizantes fosfatados e potássicos do mundo, comercializando mais de 27 milhões de toneladas de fertilizantes em 40 países. No terceiro trimestre de 2019 a nível mundial, a Mosaic obteve um lucro líquido de US$ 29 milhões ³.

Complexo minero-químico da Mosaic em Araxá, Minas Gerais.
AgriBrasilis – Como está o setor de fertilizantes no País? Qual é o balanço de importações e exportações?
Eduardo Monteiro – No Brasil, a expectativa é que o mercado de fertilizantes mantenha a perspectiva positiva para o ano de 2020, com um crescimento de aproximadamente 2% e relação ao ano passado. A soja deve puxar este aumento, já que a cultura é responsável por cerca de 43% da demanda de fertilizantes no País. Neste cenário, o volume de importações deve continuar forte no futuro.
AgriBrasilis – Quais são os desafios da nutrição mineral de plantas hoje no Brasil?
Eduardo Monteiro – Com uma população que cresce a cada ano, um dos principais desafios é continuar produzindo os alimentos para atender todo o mundo e ajudar a reduzir o impacto ambiental da agricultura. A resposta a essa demanda progressiva é melhorar significativamente a produtividade das terras agrícolas. Assim, os nutrientes fornecidos pelos fertilizantes são cruciais para a segurança alimentar, não apenas no Brasil, mas no globo.
AgriBrasilis – Como é o setor de nutrição mineral de plantas para a empresa?
Eduardo Monteiro – O Brasil é uma das principais potências agrícolas em termos de crescimento e a
Mosaic Fertilizantes acredita no futuro promissor para esse setor no país. Para atender esta demanda cada vez maior e mais complexa, a empresa investe em soluções e tecnologias inovadoras para melhorar a fertilidade do solo e aumentar a produtividade da lavoura. Os produtos de performance possuem fórmulas embasadas em pesquisas oferecem a melhor combinação e distribuição dos nutrientes. Como um dos maiores fornecedores mundiais de fertilizantes fosfatados e potássicos combinados, a empresa segue com a missão de ajudar o mundo a produzir
alimentos.
AgriBrasilis – Quem mais sofre com as instabilidades do dólar quando o assunto é fertilizante, o pequeno produtor ou o grande?
Eduardo Monteiro – Os impactos das instabilidades cambiais estão mais relacionados ao tipo de colheita que o agricultor produz do que o tamanho dele. Por exemplo, as culturas que são principalmente orientadas para a exportação, como soja, algodão ou café, se beneficiam de um real desvalorizado; enquanto as culturas consumidas principalmente no mercado interno, como frutas, legumes e milho, proporcionam melhores margens aos agricultores quando o real é mais forte, pois isso ajuda a reduzir o custo de fertilizantes importados e outros insumos em dólares americanos.
Grandes e pequenos produtores têm ferramentas para se proteger. Os grandes produtores estão mais protegidos das variações cambiais pelos instrumentos e procedimentos adotados, acesso à informação e, é claro, pelo fato de que, muitas vezes, as negociações são feitas em dólares e não no real. Por outro lado, os pequenos produtores podem contar com a expertise de consultorias e cooperativas.
AgriBrasilis – O Brasil ainda pode ser autossuficiente no que se refere a fertilizantes minerais?
Eduardo Monteiro – Mesmo com todos os investimentos anunciados pelo mercado, o Brasil ainda depende de importações de fertilizantes. A Mosaic Fertilizantes acredita no potencial agrícola do país e, como produtora e fornecedora desse insumo essencial para a agricultura, tem a missão de distribuir seus produtos de forma eficiente e acessível, apoiando o crescimento sustentável dos agricultores brasileiros e o desenvolvimento da agricultura doméstica.
AgriBrasilis – Perspectivas da empresa e do setor para daqui 10 anos?
Eduardo Monteiro – A perspectiva para o setor é positiva, já que o País possui áreas agricultáveis com clima favorável, disponibilidade de água, desenvolvimento de produtos para o solo brasileiro, tecnologias inovadoras e desenvolvimento logístico.
A Mosaic Fertilizantes tem como uma de suas prioridades estratégicas alavancar a capacidade operacional de
distribuição para fortalecer sua vantagem competitiva nas Américas e no mundo.
Notas:
¹ Associação Nacional para difusão de Adubos (ANDA)
² MacroSector
³ Mosaic Company
