“…uso de acaricidas químicos ainda é a tática mais utilizada, mas o uso abusivo e negligenciado desses produtos pode causar diversos problemas de cunho ecológico e ambiental, além do aumento nos casos de resistência…”
Geovanny Barroso é pesquisador de pós-doutorado e doutor em entomologia pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”. Barroso é agrônomo formado pela Universidade Federal de Alagoas e mestre em agricultura e ambiente pela mesma instituição.
Fernando Henrique Iost Filho, engenheiro agrônomo graduado pelo Instituto Federal do Triângulo Mineiro, atualmente doutorando em entomologia na mesma instituição e professor na Faculdade de Agronegócios de Holambra.
Pedro Takao Yamamoto é doutor em produção vegetal pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Atualmente é professor na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, responsável pela área de manejo integrado de pragas, e coordenador do Programa de Pós-graduação em Entomologia.
Ácaros fitótagos são aqueles que se alimentam de plantas. Para tanto, seus estiletes (peças bucais especializadas) penetram as células da planta hospedeira e os fluidos celulares vêm à superfície das folhas, de onde são sugados pelos ácaros. Apesar da ampla ocorrência de ácaros fitófagos, são consideradas pragas as espécies cujas populações se encontram em desequilíbrio e/ou transmitem fitopatógenos, influenciando a produção agrícola. Dentre os principais grupos de ácaros que são considerados pragas na agricultura, destacam-se as famílias Tetranychidae, Tenuipalpidae, Tarsonemidae e Eriophyidae.
A família Tetranychidae tem vários representantes que ocorrem em diversas culturas, com destaque para a espécie Tetranychus urticae (ácaro rajado). Ainda, podemos citar o gênero Mononychellus, conhecidos no campo como ácaros verdes. Esse grupo geralmente é favorecido por condições climáticas quentes e secas.
Na família Tarsonemidae, destaca-se o ácaro branco, Polyphagotarsonemus latus, que se alimenta de diversas espécies de plantas cultivadas (polífago) e está presente em grande parte das regiões produtoras (cosmopolita). Ao contrário dos ácaros tetraniquídeos, essa espécie se desenvolve melhor em ambientes de clima quente e úmido.
Na família Tenuipalpidae, destacam-se as espécies Tenuipalpus hevea, conhecido como ácaro plano da seringueira e, Raoiella indica, que é o ácaro vermelho das palmeiras. Além dessas, a espécie Brevipalpus yothersi tem grande importância em citros e café, por ser um ácaro vetor de doenças viróticas para essas culturas. A mesma espécie é conhecida por diferentes nomes, em função das doenças que transmite, sendo conhecido por ácaro-da-leprose em citros e, ácaro-da-mancha-anular em café, ou por conta de sua forma, ácaro plano.
Por fim, tem-se a família Eriophyidae, cujos indivíduos são considerados microácaros, devido ao reduzido tamanho. São ácaros que apresentam uma gama mais restrita de hospedeiros. Seus danos estão associados tanto à transmissão de doenças às plantas, quanto à sua própria alimentação, que pode causar distúrbios no crescimento de tecidos vegetais, como galhas. Uma espécie que tem crescido em importância é o ácaro-da-erinose-da-lichia, Aceria litchii. Outro destaque é o ácado da ferrugem, Phyllocoptruta oleivora, praga chave dos citros.
Para o manejo de ácaros pragas, em programas de manejo integrado de pragas (MIP), são disponíveis diferentes ferramentas, que devem ser utilizados de forma harmoniosa e integrada. O uso de acaricidas químicos ainda é a tática mais utilizada, mas o uso abusivo e negligenciado desses produtos acaricidas químicos pode causar diversos problemas de cunho ecológico e ambiental, além do aumento nos casos de resistência. Na escolha do acaricida a ser utilizado, deve-se levar em consideração sua seletividade aos inimigos naturais e a rotação para evitar a seleção de população resistentes. Como alternativa, tem-se os compostos de plantas como azadiractina e extrato etanólico de Sophora flavescens.
O controle biológico de ácaros pragas com uso de ácaros predadores é uma realidade, principalmente nos cultivos olerícolas e na floricultura. Neste caso, Neoseiulus californicus e Phytoseiulus macropilis são as espécies comprovadamente eficazes na redução de infestações de ácaro-rajado. Outras opções de controle biológico são os fungos, com vários produtos comerciais são registrados a base de Beauveria bassiana, Hirsutella thompsonii e Metarhizium anisopliae.
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