“Acreditamos que o campo brasileiro pode estar majoritariamente coberto com 4G ao longo dos próximos anos.”
Gregory Riordan, vice-presidente da Associação ConectarAGRO
Gregory Riordan, vice-presidente da Associação ConectarAGRO e diretor de tecnologias digitais da CNH Industrial para a América Latina.
AgriBrasilis – O que é e como se originou a ConectarAGRO?
Gregory Riordan – A ConectarAGRO é uma associação de empresas. Visamos expandir o acesso à internet nas diversas regiões agrícolas brasileiras, dando direção e segurança para que agricultores possam adotar tecnologias onde a conectividade é necessária.
A missão é incentivar e promover soluções tecnológicas para a conectividade que possam revolucionar a forma de produzir no campo, facilitando a integração e gestão da cadeia produtiva, e aumentando a qualidade e competitividade dos produtores.
Motivada pela solução que melhor atende as aplicações atuais e dos próximos anos, a ConectarAGRO defende que a melhor opção para a conectividade rural é o 4G em 700MHz.
A ideia surgiu devido a um problema comum, enfrentado pelo agricultor e empresas do setor, que é a falta de rede e internet no campo, impedindo a utilização efetiva das tecnologias digitais ofertadas no mercado. A falta de conectividade no campo prejudica o produtor rural, que possui máquinas cada vez mais digitais.
O engajamento de várias empresas permitirá uma análise 360° do problema, viabilizando a implantação em grande escala nas propriedades do país.
AgriBrasilis – A ConectarAGRO quer que toda área agrícola brasileira tenha cobertura de rede em seis anos. Como isso será possível e a que custo?
Gregory Riordan – Acreditamos que o campo brasileiro pode estar majoritariamente coberto com 4G ao longo dos próximos anos. Programas criados a partir de recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST) e do leilão do 5G serão importantes para expandir a conectividade mesmo nas zonas mais remotas.
Também estamos realizando estudos sobre modelos de conectividade para cooperativas agrícolas ao lado da Esalq e da Organização das Cooperativas Brasileiras – que tem representação no colegiado do FUST, ao lado da Confederação Nacional da Indústria.
As metas do leilão do 5G serão acompanhadas de perto, como as que obrigam a cobertura com 4G em rodovias federais.
AgriBrasilis – Máquinas agrícolas cada vez mais sofisticadas exigem conectividade. Há espaço para o produtor que não se atualizar?
Gregory Riordan – Sem o uso da tecnologia, os produtores não conseguem aproveitar 100% do que as máquinas mais sofisticadas têm a oferecer. Onde não existe conexão disponível, gestores perdem eficácia, tempo e dinheiro, por não conseguirem tomar decisões mais qualificadas e imediatas.
A tecnologia atual permite ter em tempo real informações sobre a operação do equipamento e das condições do solo e do clima. Ficar restrito a soluções que não utilizam conectividade para melhorar a eficiência pode trazer grande desvantagem aos produtores.
AgriBrasilis – A conectividade no campo pode ser aliada de uma produção mais sustentável?
Gregory Riordan – A tecnologia é perfeita para a incorporação de práticas sustentáveis no campo. Com o desenvolvimento da agricultura digital, são muitos os benefícios para o mercado agrícola brasileiro, que ganha agilidade e assertividade na tomada de decisão, aumento na produção, otimização no uso de insumos e monitoramento da fazenda.
O produtor tem condições de gerir a safra a partir de dados agronômicos seguros sobre a lavoura, utilizando de informações disponíveis no Big Data. Com a agricultura digital, grande quantidade de dados e informações é processada, consolidada e analisada e é possível gerar recomendações mais precisas, como a indicação da melhor época de plantio, a fertilização adequada, a performance de cada talhão, quantidade de sementes a ser semeada, de defensivos a ser aplicada, entre outras. Tudo isso promove a redução de desperdício, melhor aproveitamento de água, dentre outros exemplos, tornando o agronegócio muito mais sustentável.
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