Desafios no mercado de defensivos agrícolas

Publicado em: 24 de setembro de 2021

“… desafios são o clima, câmbio, crédito ao produtor, logística e preços de commodities …”

Fatores como os impactos de eventos climáticos extremos, as oscilações cambiais, ou a crescente demanda por produtos de baixo impacto ambiental e toxicológico são questões que afetam o setor.

Agribrasilis entrevistou Cesar Rojas, presidente da Albaugh Brasil, sobre o mercado de defensivos agrícolas e as perspectivas da empresa. 

Rojas é engenheiro agrônomo com mais de 30 anos de experiência e passagens por grandes empresas do agronegócio da América Latina. Ele conhece em profundidade o mercado brasileiro de proteção de cultivos, no qual trabalhou por 16 anos.


Quais as perspectivas do agronegócio brasileiro?

Estamos otimistas. Apesar de desafios climáticos enfrentados na safra 2020-21, sobretudo na cultura do milho, acreditamos que o ciclo 2021-22 será robusto em relação à retomada da produtividade dessa cultura. Há projeções de médio e longo prazo favoráveis às commodities agrícolas produzidas no Brasil.

O cenário é estimulante para a Albaugh. Estamos incrementando nosso portfólio e nossa presença no campo para atender a necessidade de nossos clientes.

Como a alta dos preços de matérias primas e de frete tem impactado o mercado de defensivos agrícolas?

Fora esses dois fatores, o mercado como um todo se depara também com a questão cambial: a alta do dólar obriga as empresas a encontrar mecanismos protetivos tanto no sentido de evitar ao máximo o repasse de preços, o que nem sempre é possível, como também assegurar o equilíbrio entre oferta e demanda por produtos específicos, principalmente os mais utilizados na proteção de cultivos.

No caso da Albaugh, a empresa conta com estrutura logística de ponta, e produz a maior parte de seus produtos em seu complexo fabril, em Resende – RJ. Esses fatores, em resumo, tornam a empresa competitiva na entrega de uma relação custo-benefício mais favorável ao produtor, através de um portfólio de soluções estratégicas à produtividade das principais culturas.

Qual a tendência do mercado de defensivos agrícolas na safra 2021/2022?

Será uma safra desafiadora para o setor, ante o cenário já mencionado de desafios.

A distribuição eficaz será chave na safra 2021-22 diante das variáveis como custos de frete, matérias-primas e câmbio. Entendemos que a pujança do agronegócio brasileiro levará o setor de defensivos a contar com um desempenho positivo em mais uma safra. Entretanto, para fazer projeções mais seguras, será necessário aguardar para vermos como se comportará o clima, por exemplo, além do câmbio e os preços das commodities agrícolas. 

No primeiro semestre já se está refletindo um incremento de 24% em relação ao ano anterior, o que mostra um ano de crescimento. Nosso plano de investimentos no País seguirá sem alterações com vistas à safra 2021-22, ou seja, almejamos expandir a oferta de soluções e crescer continuamente como ocorre desde que iniciamos operações, há quatro anos.  

Dessa forma, acreditamos que a Albaugh seguirá sua rota de avanços. Temos a expectativa de lançar e entregar novas soluções ao produtor de soja, cana-de-açúcar, milho e demais grãos, citros, café e hortifruticultura em geral. Construímos aqui uma estrutura de apoio ao campo que conta com regionais específicas, como a regional café e a regional cana-de-açúcar, que aperfeiçoam as operações de aquisição e entrega de nossa linha de tecnologias.

A boa relação da empresa com o canal de distribuição também tem influenciado os bons resultados colhidos pela Albaugh Brasil.

O mercado está passando por uma série de transformações, entre elas a consolidação de revendas de defensivos. Quais os benefícios para o agricultor?

Entendemos que a consolidação no setor de distribuição segue uma tendência observada em outros segmentos do agro e também em outros países. Enxergamos como um movimento positivo, que poderá beneficiar o produtor em relação a maior oferta de crédito na compra de insumos, por exemplo. Essa consolidação tem como protagonistas grupos investidores e fundos de investimentos sólidos que poderão influenciar novos modelos de negócios e acesso ao capital por parte da cadeia produtiva.

Quais os desafios no mercado brasileiro?

Os maiores desafios são o clima, câmbio, crédito ao produtor, logística e preços de commodities. A gestão eficaz atrelada a essas variáveis confere competitividade às empresas de proteção de cultivos.

Quais as inovações tecnológicas e de produtos que a Albaugh vai oferecer ao mercado no curto e médio prazos?

A expectativa da companhia é lançar ao menos vinte novos produtos até 2025. Nosso portfólio está crescendo rapidamente e, hoje, já podemos oferecer ao produto um dos mais amplos portfólios do setor. Este ano, por exemplo, lançamos o Preciso® xK, um glifosato potássico altamente concentrado que entrega desempenho agronômico superior e relação custo-benefício favorável ao produtor. Recentemente, também ampliamos o leque de herbicidas para cana-de-açúcar e soja. Contamos hoje com o protetor multissítio que entrega a mais favorável relação custo-benefício no controle da ferrugem da soja e doenças de final de ciclo, o Reconil®. A meta é ampliar continuamente a oferta de produtos pós-patentes de alta qualidade ao produtor. Temos vários produtos em fase de registro nos órgãos competentes e à medida que receberem aprovação, serão colocados no mercado imediatamente. Teremos inovações principalmente nas culturas de soja, milho, grãos em geral, cana-de-açúcar, café, citros e hortifruticultura.

Qual sua visão sobre “agricultura e sustentabilidade”?

É um processo irreversível daqui para frente. Não é mais uma tendência, mas uma realidade. Uma coisa não mais existe sem a outra. As exigências dos mercados frente à sustentabilidade socioambiental levarão as empresas a inovar cada vez mais e manter a agricultura em constante evolução.

Nesse contexto, a Albaugh realiza diversos investimentos para produzir e entregar insumos com encaixe nas exigências por sustentabilidade. Somos associados no inpEV e Campo Limpo que são referências globais de sustentabilidade no mundo, uma vez que conseguem retirar do campo 100% de embalagens. Mesmo assim, continuaremos investindo em formulações de alta concentração e baixa toxicidade que desenvolvemos em nossos laboratórios.