IDR-Paraná destaca avanços da agropecuária no estado

“O PR pratica uma das melhores agriculturas do país, mas apresenta desequilíbrios que exigem a presença forte do Estado…”

Natalino Avance de Souza é diretor-presidente do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – IDR-Paraná e presidente do conselho diretor da Associação Brasileira das Entidades de Assistência Técnica e Extensão Rural, Pesquisa Agropecuária e Regularização Fundiária.

Souza é agrônomo, com mestrado em desenvolvimento econômico pela Universidade Federal do Paraná.

Natalino de Souza, diretor-presidente do IDR-Paraná


AgriBrasilis – Quais são as demandas dos agricultores do Paraná?

Natalino de Souza – O PR pratica uma das melhores agriculturas do país, mas apresenta desequilíbrios que exigem a presença forte do Estado para minimizar seus efeitos.

O estado tem problemas de desequilíbrio entre o desenvolvimento das regiões, com regiões com maior renda e regiões com menor renda, com uma concentração de famílias pobres no meio rural, e problemas de recrudescimento erosivos de solos, fruto de manejo inadequado dos solos, o que exige posicionamentos técnicos direcionados para minimizar essas situações.

Existem no meio rural paranaense algumas situações que caracterizam um distanciamento tecnológico entre os agricultores, fato que justifica a presença de uma instituição pública voltada para a inclusão social e econômica da população rural.

AgriBrasilis – Qual é a missão do IDR-Paraná?

Natalino de Souza – O IDR é uma autarquia estadual com a missão de prestar serviço integrado de pesquisa e experimentação agrícola, de assistência técnica e extensão rural, de fomento no meio rural e de expansão da base de agroecologia para a produção de alimentos de alta qualidade de forma ágil e eficiente. Nosso objetivo é apoiar o desenvolvimento rural do PR, tendo como público alvo os agricultores e suas organizações.

“O Instituto tem um plano permanente de capacitação de servidores e de agricultores.”

AgriBrasilis – O IDR-Paraná apresentou seu primeiro balanço social em 2023. O Instituto está cumprindo os objetivos firmados durante sua criação?

Natalino de Souza – Acreditamos que o instituto está cumprindo os objetivos que levaram a sua criação. O balanço social mede o retorno proporcionado por um grupo de tecnologias, que foi possível medir. Existem outras que ainda exigem métricas para avaliação, e que estão sendo desenvolvidas e aplicadas. Esse primeiro resultado foi altamente satisfatório. Mesmo assim, ainda há muito a ser feito.

Não foi possível ainda a recomposição do quadro de pesquisadores, o que deve ocorrer em 2024. Essa é uma condição para aproximar ainda mais a instituição das reais necessidades e expectativa dos agricultores.

AgriBrasilis – Quais os investimentos realizados em capacitação nos últimos anos? E quais tecnologias serão lançadas no futuro?

Natalino de Souza – O Instituto tem um plano permanente de capacitação de servidores e de agricultores. Temos um calendário de eventos rurais, com mais de 5.000 eventos técnicos em todas as regiões e municípios. Todos são eventos de capacitação e de transferência de tecnologia.

O IDR está se preparando para atuar de forma a suprir ausência de conectividade no meio rural. Além disso, no campo da pesquisa agropecuária, o desafio a ser entregue está ligado ao uso de racional de bioinsumos na agricultura e ao desenvolvimento de práticas poupadores de insumos, especialmente no caso dos pesticidas.

AgriBrasilis – Quais têm sido os resultados do Projeto Alerta Ferrugem no estado?

Natalino de Souza – A ferrugem asiática da soja é a principal doença da cultura. O Projeto de Alerta a Ferrugem, desenvolvido em parceria com a Embrapa Soja, cooperativas e instituições de ensino, é um instrumento que busca auxiliar a tomada de decisão do agricultor quanto ao momento correto de aplicação, sem comprometer a produtividade da lavoura.

A ação de monitoramento da ferrugem-asiática da soja está baseada no uso de coletores de esporos, o qual possibilita a detecção dos uredósporos do fungo, que estão circulantes no ar, antes mesmo da manifestação de sintomas em plantas.

Quanto mais tarde o agricultor precisar fazer a intervenção com controle químico, menor será o custo do controle. Resultados têm mostrado que um atraso de 15 dias para a primeira aplicação pode proporcionar economia de 1,8 sacas/ha.

AgriBrasilis – O senhor disse que a agricultura do PR deve seu sucesso ao “arranjo organizacional histórico” do estado. Qual é a relacionamento entre o IDR-Paraná e as cooperativas?

Natalino de Souza – O PR é o que é na agricultura pela integração histórica feita entre as instituições de Estado e as instituições privadas. O PR, com apenas 2,34% da área nacional, é um dos maiores produtores de grãos, a segunda maior bacia leiteira do Brasil, maior produtor nacional de frangos, maior produtor nacional de peixe de água doce, etc.

O relacionamento com as cooperativas continua sendo muito bom, embora as grandes cooperativas de grãos, leite, frango, e peixe possuam seus departamentos técnicos muito bem estruturados. Elas não precisam do IDR para prestar assistência aos seus cooperados.

 

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