Drones e Geoprocessamento na Agricultura

Publicado em: 25 de março de 2021

O investimento em drones e geoprocessamento pode trazer um aumento de até 20% na produtividade, através do diagnóstico rápido de falhas e mapeamento das linhas de plantio.

A AgriBrasilis entrevistou Áthila Gevaerd Montibeller, Coordenador de Geoprocessamento na Horus Aeronaves, sobre o uso desta ferramenta na revolução tecnológica que ocorre no agro. 

Formado em Geografia pela UDESC, com mestrado em Geografia pela University of Northern Iowa. Atualmente coordena o grupo de geoprocessamento para o agronegócio da Horus Aeronaves, atuando principalmente com o setor canavieiro, desenvolvendo soluções inovadoras utilizando tecnologias de drones, sensoriamento remoto e inteligência artificial.


 AgriBrasilis – Quais tecnologias são utilizadas através de drones?

Áthila Montibeller – Os drones hoje se encontram difundidos em diversos segmentos da sociedade civil, e a indústria do agronegócio não é diferente. 

Dentre as tecnologias utilizadas através de drones, podemos destacar a utilização de algoritmos de inteligência artificial e machine learning para detecção de mudanças de uso e cobertura do solo, o monitoramento das condições e saúde da vegetação utilizando índices espectrais desenvolvidos para o sensoriamento remoto, topografia e geodesia para levantamentos planialtimétricos, técnicas fotogramétricas para obtenção de informações tridimensionais, entre tantas outras.

  

AgriBrasilis O emprego de drones na agricultura já é uma prática comum? 

Áthila Montibeller – São uma poderosa ferramenta utilizada na agricultura de precisão. As imagens de altíssima resolução obtidas pelos drones possibilitam uma nova gama de produtos e soluções voltadas para otimizar a produtividade agrícola. Nossa maior demanda, hoje, é para o setor canavieiro, onde fornecemos serviços de identificação de linhas de plantio e falhas, além do monitoramento de plantas daninhas, análise de vigor e de cobertura. Essas informações geram grande valor para o produtor, que se traduz em relatórios qualitativos e quantitativos, indicando áreas do talhão que necessitam correção e aplicação de insumos, por exemplo, e também geramos as informações necessárias para guiar o maquinário e otimizar a colheita. 

Além da cana, prestamos serviços de análises agronômicas para os cultivos como soja, milho, fruticultura, algodão, café, horticultura e arroz.

AgriBrasilis – Qual o custo/benefício do monitoramento através de drones?

 Áthila Montibeller – O monitoramento de lavouras através de drones se assemelha ao monitoramento por imagens de satélite, porém os drones são capazes de obter informações com altíssima resolução espacial. 

Se por um lado os drones, as câmeras, e os softwares de processamento de imagens apresentam um custo, o levantamento das informações, seja através de câmeras RGB (espectro visível) ou multiespectrais (além do espectro visível), representa um ganho de informações que pode se traduzir em aumento da produtividade da lavoura em até 20%.

Uma grande vantagem do monitoramento por drone sobre outras tecnologias de sensoriamento remoto como satélites, é a capacidade de realizar o mapeamento de linhas e falhas de plantio. A alta resolução das imagens de drone e a capacidade de discernir alvos com tamanho inferior a 5 centímetros, que possibilita a contagem de indivíduos arbóreos e identificação das linhas de plantio. 

Em cultivos como Cana-de-açúcar e o algodão, o mapeamento das linhas de plantio permite um controle do tráfego na lavoura, orientando o maquinário de modo a evitar o amassamento, pisoteio e arranquio das plantas. Já as falhas, uma vez identificadas, possibilitam ao produtor realizar a correção e fazer o replantio, muito importante neste tipo de cultivo, em que uma planta pode durar de 5 a 7 anos, portanto as perdas por falhas não corrigidas representam perdas cumulativas.

AgriBrasilis – Quais os principais cultivos onde se tem utilizado drones e geoprocessamento?

 Áthila Montibeller – No agronegócio, a Horus atua predominantemente no setor sucroenergético. Outros cultivos de expressão incluem soja, milho e cítricos. A silvicultura também toma uma fatia dos monitoramentos que realizamos, com a realização de inventários florestais e contagem de indivíduos.

 AgriBrasilis – Como sua empresa vê esse mercado nos próximos 5 anos?

Áthila Montibeller – A revolução tecnológica associada às práticas sustentáveis de manejo agrícola, são tendências que vieram para ficar. Tecnologias inovadoras que fazem a utilização de inteligência artificial, o tráfego de informações com a internet 5.0G e as redes móveis por satélite, devem acelerar a difusão tecnológica no campo. Sistemas não-tripulados e autônomos são capazes de realizar tarefas complexas com mínima supervisão humana. Ao mesmo tempo, há uma demanda mundial crescente por produtos agrícolas. As novas tecnologias e a vocação do país em ser um grande produtor de produtos agrícolas fazem com que o agronegócio represente uma excelente oportunidade para novos negócios. 

A Horus aposta nessa tendência, e por isso tem estruturado departamentos especializados em engenharia de software, desenvolvimento de sistemas, sucesso do cliente, e geoprocessamento, além de já ser marca consolidada no mercado nacional de drones, produzindo equipamentos próprios dedicados para o mapeamento de cultivos agrícolas.

 

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