“Cada Bitcow equivale a uma vaca prenha, em bom estado, com aproximadamente dois ou três anos, da raça Aberdeen Angus…”
Willy Villagra é presidente da OpenBit, empresa dedicada a negócios digitais e soluções para o produtor agrícola. Villagra é formado em administração e economia agrária pela Universidade de Buenos Aires.
A OpenBit promove a inclusão financeira por meio da tokenização de ativos reais, como o BitCow, ativo lastreado em cabeças de gado.
Willy Villagra, presidente da OpenBit
AgriBrasilis – O que é BitCow? Como é o processo de valorização e lastro do ativo digital?
Willy Villagra – Bitcow é um token digital respaldado por um ativo produtivo real, que é o gado. O processo de valorização do Bitcow é dado pela evolução do preço do gado no mercado e também pelo aumento do número de Bitcows que quem compra Bitcows tem todos os anos. Isso acontece porque as vacas, quando têm bezerros, são incorporadas ao rebanho, assim o número do rebanho aumenta e novas Bitcows são distribuídas aos participantes. Além disso, como o número de Bitcows em circulação é limitado, seu valor tende a subir, pois enquanto há muita demanda, a oferta é limitada.
AgriBrasilis – Cada BitCow equivale a quantos animais?
Willy Villagra – Cada Bitcow equivale a uma vaca prenha, em bom estado, com aproximadamente dois ou três anos, da raça Aberdeen Angus. Com base nesses parâmetros, utilizamos as equivalências pecuárias, pois no rebanho há momentos em que existem várias categorias de animais, ou seja, bezerros, novilhas, vacas não prenhes, etc.
AgriBrasilis – Quais são os riscos de investir neste ativo? Quais são os impactos no investimento se o animal for sacrificado ou ficar doente?
Willy Villagra – Por ser um ativo lastreado na economia real, o risco que corre é a oscilação do preço do gado. Se o preço do gado ou da carne subir, o preço do Bitcow também vai subir. Se o preço do gado cair, também é possível que o preço do Bitcow caia.
Em relação à mortalidade animal, trabalhamos com taxas de produção e isso é considerado um número anual de mortes que não podemos evitar. Ao trabalhar com seres vivos, infelizmente existe a possibilidade de morte. De qualquer forma, existe um percentual que não afeta o resultado econômico. Para o caso de algum evento extraordinário onde a mortalidade supera a média anual, contratamos um seguro para que a perda não seja importante.
AgriBrasilis – Os valores de investimento refletem os preços de mercado, como o valor do gado vivo ou custos operacionais?
Willy Villagra – O preço de investimento para a compra de uma Bitcow é dado pelo preço de mercado de uma vaca prenhe, mais os custos de manutenção dessa vaca por 2 anos. Ou seja, depois de 2 anos, o sistema se torna autossustentável e o investidor não precisa colocar mais dinheiro. O investimento ocorre apenas uma vez. O valor do Bitcow sempre estará atrelado ao preço de mercado do gado.
AgriBrasilis – Como é possível se beneficiar dos ativos digitais agrícolas? Qual é o tamanho do mercado que já utiliza essas ferramentas?
Willy Villagra – Em muitos países onde a pecuária e a agricultura são importantes na economia, como Argentina, Uruguai, Brasil, Paraguai, Austrália e Estados Unidos, há grande interesse de investidores em participar desse setor da economia.
Muitos investidores não têm a possibilidade de ter animais em campo. Ou não podem dedicar tempo a isso porque exercem outra atividade. Dessa forma, eles têm a possibilidade de participar, diminuindo os riscos, pois dividem os benefícios e/ou prejuízos entre todos.
O Bitcow foi projetado para ser replicado em outros países onde a pecuária tem um papel importante na economia. O mercado está crescendo a cada dia. Só na Argentina temos cerca de 20.000 contas abertas e há operações de compra e venda todos os dias.
Estamos prestes a começar no Uruguai e nosso objetivo é ter um parceiro também no Brasil. Esses tipos de produtos digitais vieram para ficar, pois democratizam o acesso a investimentos produtivos para todas as pessoas.
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