Cerejas do Chile para o mercado chinês

“As oportunidades que o Ano Novo Chinês e a Festa da Primavera trazem ao mercado chileno são ótimas…”

Fiorella Bonino é CEO da Los Andes Beltroad, exportadora de frutas, e fundadora da ChinaExpert, empresa de importação, exportação e consultoria em marketing na China.

Bonino é engenheira civil industrial pela Universidad Adolfo Ibáñez, com MBA pela Universidade Internacional de Negócios e Economia – UIBE, em Pequim, China.

cerejas do chile

Fiorella Bonino, CEO da Los Andes Beltroad


AgriBrasilis – Quais as atividades da Los Andes BeltRoad? Que variedades de frutas a empresa exporta?

Fiorella Bonino – Somos uma exportadora chilena especializada na exportação de frutas frescas de qualidade para a China. Enviamos nossos produtos para os portos chineses mais importantes e desenvolvemos diferentes canais de distribuição para aumentar a lucratividade de nossos produtores.

As principais frutas exportadas são cerejas, ameixas e uvas, dependendo da época. As frutas que estão mais em alta são as cerejas, especialmente durante janeiro e fevereiro. Ultimamente temos visto um crescimento na exportação de ameixas, especialmente a variedade D’agen, devido à sua doçura.

AgriBrasilis – Qual a importância da China no mercado de consumo de cereja? Como as comemorações do Ano Novo Chinês impactam a dinâmica de produção e exportação dessa fruta?

Fiorella Bonino – Pela localização geográfica, o Chile é um dos principais países que pode entregar cerejas com as características que os chineses desejam. Isso não significa que a China não produza suas próprias cerejas, já que produz seis variedades delas, mas não são tão doces e crocantes quanto às chilenas.

As oportunidades que o Ano Novo Chinês e a Festa da Primavera trazem ao mercado chileno são ótimas para nós. Chineses costumam presentear familiares, amigos e conhecidos com produtos importados. Para eles, o vermelho é importante e as cerejas são símbolo de sorte, riqueza e bênçãos. Da mesma forma, as cerejas denotam status na sociedade chinesa, já que nem todos podem comprar uma caixa.

Pela nossa experiência, a demanda e a oferta de cerejas na China continuarão aumentando nos próximos anos.

AgriBrasilis – Por que o Chile é um ambiente tão favorável para o cultivo da cereja?

Fiorella Bonino – O cultivo da cereja teve origem no Oriente Médio, mais especificamente na Turquia, na Síria e na atual Palestina. O Chile se destaca por ter as mesmas condições climáticas, desde o Vale do Limarí até o Vale de Los Angeles: invernos muito frios e primaveras muito quentes, alta umidade relativa do ar e radiação solar constante. Isso permite colher frutos de bom tamanho, boa concentração de graus Brix e baixa acidez.

Quase 80% das cerejas são produzidas na zona central do país, entre a região de O’Higgins e Maule. Em geral, essa área é caracterizada por climas temperados, onde as chuvas são moderadas durante o inverno. O restante da produção acontece no sul do país, onde o clima é mais frio, resultando em um período de colheitas tardias, que criam a vantagem de explorar a oferta até fevereiro do ano seguinte.

AgriBrasilis – Como as variedades de cereja diferem umas das outras?

Fiorella Bonino – A variedade Brooks é uma das mais antigas. Começou a ser desenvolvida por volta dos anos 70, pela Universidade da Califórnia para consumo in natura. Destaca-se pela sua cor vermelha escura e pela colheita precoce. É colhida durante a segunda quinzena de outubro até ao início de novembro, uma vez que o principal motivo da sua produção é para fins comerciais.

A Royal Dawn é uma variedade precoce, colhida 15 dias antes da Santina e cinco dias depois da Brooks. Caracteriza-se pelo porte, que não costuma ser de grande calibre. Também é produzida para fins comerciais.

Finalmente, a Santina é o grande destaque das cerejas no Chile: apresenta uma cor muito bonita, vermelho escuro, é muito crocante e tem maior concentração de Brix. A Santina é cultivada pelas suas excelentes propriedades organolépticas e representa a maior parte das cerejas produzidas no Chile.

 

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