Estiagem causa R$ 20 bilhões em perdas no Rio Grande do Sul

fecoagro
Publicado em: 26 de janeiro de 2022

“… região mais atingida é o Centro do Estado, onde faz mais de 70 dias sem chuva …”

Paulo Cezar Vieira Pires é presidente da Federação  das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro), grupo formado  por 10 cooperativas agrícolas do estado. Pires também é presidente da Cooperativa Tríticola Regional São-Luizense (Coopatrigo).

Paulo Pires, presidente da FecoAgro

AgriBrasilis – Quais os prejuízos causados pela estiagem?
Paulo Pires –
Até agora, o valor foi de R$ 20 bilhões em perdas. A cada dia que passa, as perdas se agravam. Elas não se recuperam.

AgriBrasilis – Quais localidades foram mais atingidas e em que grau?
Paulo Pires –
Existem bolsões em uma região ou outra. Região mais atingida é o Centro do Estado, onde faz mais de 70 dias sem chuva em Soledad ou Espumoso, por exemplo.

Em alguns lugares ocorreram chuvas, mas se continuarem as temperaturas altas e chuvas esparsas teremos problemas mais adiante. É difícil especificar as regiões porque as chuvas são desorganizadas.

AgriBrasilis – As perdas serão compensadas pelo seguro rural?
Paulo Pires –
O seguro mitiga o risco. O produtor recebe parte do que ele gastou. Esse é o propósito. O seguro é um insumo tão importante quanto um adubo.

Cada seguradora tem sua forma de trabalhar e isso faz com que tenhamos um quadro difícil de ser analisado. Mas o seguro é essencial e precisa ser uma política pública. A ministra da agricultura, Tereza Cristina, incentiva muito a questão.

AgriBrasilis – Além da estiagem, custos de produção estão altos. Como serão afetados os produtores?
Paulo Pires –
Os custos de produção estão altos mas não podemos acusar os custos nesta safra. Alguns produtores deixaram para comprar os insumos tarde e compraram caro. Mas de forma geral o custo de produção ainda não é um problema grave nessa safra. Na próxima safra, poderemos ter um problema sério.

AgriBrasilis – Quais as formas de mitigar os efeitos da estiagem? Existem planos emergenciais de crédito, por parte do governo, por exemplo?
Paulo Pires –
Temos dificuldade quando ocorrem estes fenômenos de resolver o problema. O problema não se resolve, apenas minimizamos os impactos.

É uma perda muito grande, que vai refletir na economia de forma geral. Tentamos fazer com que todas as perdas, principalmente para os pequenos produtores, sejam compensadas e superadas para que se continue produzindo. Isso está estipulado nos planos que entregamos aos governos, mas hoje é muito difícil dizer que um governo vai ter solução para uma estiagem como essa, que vai ter mais de R$ 20 bilhões em perdas.