“… o IB licencia isolados de Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae, que são fungos entomopatogênicos para as empresas da iniciativa privada. Hoje, 100% das empresas que produzem esses fungos utilizam os isolados do Instituto Biológico …”
Ana Eugênia de Carvalho Campos é diretora geral do Instituto Biológico desde 2019. Campos é formada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Uberlândia e doutora em Zoologia pela Universidade Estadual Paulista.
O Instituto Biológico é um centro de pesquisa vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, voltado à produção, difusão e transferência de tecnologias e conhecimento científico nas áreas de agronegócio, biossegurança e atividades correlatas.

Ana Eugênia de Carvalho Campos, diretora geral do Instituto Biológico
AgriBrasilis – Qual o setor que mais gera pesquisas e soluções no Instituto?
Ana Eugênia – Para atender a crescente demanda por alimentos mais saudáveis e a preservação do ambiente, um dos maiores desafios da agricultura moderna é o controle de doenças e pragas em culturas de interesse econômico. Uma importante ferramenta é a utilização de macro e microrganismos no controle biológico.
A Unidade Laboratorial de Referência em Controle Biológico do Instituto Biológico (IB) desenvolve tecnologias em controle biológico e oferece serviços para o setor de biocontroladores, por meio do Programa de Inovação e Transferência de Tecnologia em Controle Biológico. Por exemplo, o IB licencia isolados de Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae, que são fungos entomopatogênicos para as empresas da iniciativa privada. Hoje, 100% das empresas que produzem esses fungos utilizam os isolados do IB.
Com o crescimento da área de controle biológico no Brasil, que chega a 20% por ano, a tendência é o IB cada vez mais oferecer os isolados que são pesquisados, de forma que o produtor possa ter um leque de alternativas sustentáveis.
Uma outra área é onde atuam os pesquisadores da Unidade Laboratorial de Referência em Biologia Molecular Aplicada. Ali são realizadas pesquisas em sanidade animal e vegetal e proteção ambiental, empregando ferramentas de genômica e bioinformática. Essa é uma área crescente que auxilia na identificação de organismos de interesse agrícola.
Ainda, na área de sanidade animal, o IB possui a única fábrica brasileira que produz imunobiológicos para o diagnóstico de brucelose e tuberculose animal, pois damos apoio ao Plano Nacional de Erradicação e Controle da Brucelose e Tuberculose. Nos últimos três anos, quadruplicamos a produção graças a modernização dos equipamentos, pesquisa em melhoria de processos e até de novos produtos.
Também temos o Centro Avançado de Pesquisa em Sanidade Avícola, com laboratórios em Descalvado e Bastos. Nestes laboratórios, o setor de frangos de corte e postura têm apoio de diagnóstico e pesquisa nas doenças aviárias.
A área de proteção ambiental conta hoje com uma unidade dedicada a pesquisa de métodos para detecção de contaminantes em carne e leite e já atua na detecção de resíduos de pesticidas nos alimentos.
AgriBrasilis – Qual a importância da atividade científica desenvolvida no setor de proteção ambiental?
Ana Eugênia – A pesquisa de bioindicadores, desenvolvida pelos pesquisadores da área de Proteção Ambiental do IB, é importante para o monitoramento de contaminantes em nichos ambientais, decorrentes da atividade agropecuária. Além disso, é avaliado o impacto da utilização de resíduos provenientes de atividades agrícolas, urbanas e industriais e seus efeitos sobre o ecossistema agrícola.
O desenvolvimento, otimização e validação de metodologias para análises de resíduos de contaminantes em alimentos, água, solo e outras matrizes ambientais é estratégico para programas de monitoramento de resíduos e controle de alimento seguro, relacionado com os níveis máximos permitidos estabelecidos pelas agências regulatórias, inclusive para exportação.
AgriBrasilis – Quais as principais inovações apresentadas pelo Instituto área de sanidade animal no último ano?
Ana Eugênia – A principal inovação tecnológica em 2021, em sanidade animal, foi a otimização dos produtos imunobiológicos produzidos pelo Laboratório de Produção de Imunobiológicos do IB. Novos frascos de tuberculinas de 5 mL foram aprovados pelo MAPA, resultado da melhoria da qualidade do envase, proporcionando maior estabilidade do produto e estendendo a sua validade de 1 para 2 anos. Frascos de antígeno para diagnóstico de brucelose, com menor número de doses, também foram padronizados e estão sendo comercializados atendendo às necessidades de pecuaristas de menor porte.
AgriBrasilis – Quais as maiores dificuldades no setor de pesquisa? E o que deve ser feito para incrementar este setor?
Ana Eugênia – O Instituto Biológico desenvolve pesquisas e transfere conhecimento científico e tecnológico para o negócio agrícola nas áreas de sanidade animal e vegetal, suas relações com o meio ambiente, visando a melhoria da qualidade de vida da população.
Dentro do quadro atual não haverá recursos humanos capacitados a atuarem nas áreas acima, por falta de sobreposição de gerações para transferência de conhecimento.
Importantes linhas de pesquisas não foram continuadas e outras estão em risco de se perder devido à falta de reposição de pesquisadores científicos. A falta de reposição de pessoal técnico especializado para a manutenção de coleções e acervos foge à alçada Institucional, e é crítico, uma vez que concursos públicos não ocorrem desde 2003.
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