“O greening tem aumentado em São Paulo e não indícios de diminuição ou desaceleração do avanço da doença…”
Pedro Takao Yamamoto é professor na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”- Esalq, doutor em produção vegetal pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.

Pedro Takao, professor na Esalq
AgriBrasilis – Qual o futuro da citricultura e do greening no Brasil?
Pedro Takao – A citricultura está passando por uma modificação quanto a sua geografia, com plantios sendo realizados em outros estados como Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás e Bahia. Isso se deve ao aumento da incidência de greening no Estado de São Paulo.
Essa mudança trás desafios referente ao clima de algumas regiões e falta de mão de obra, dentre outros. O greening tem aumentado em São Paulo e não indícios de diminuição ou desaceleração do avanço da doença.
AgriBrasilis – São Paulo deixará de ser o maior produtor?
Pedro Takao – Não deixará de ser, mas haverá um maior equilíbrio entre os estados produtores, nos quais têm-se aumentado o plantio, inclusive com migração dos produtores de São Paulo. Além disso, também existem casos de produtores locais que têm migrado para a produção de Citros.
AgriBrasilis – Por que os casos de greening continuam aumentando?
Pedro Takao – Com o aumento da incidência da doença há uma maior taxa de indivíduos infectivos do psilídeo, e com isso uma maior transmissão da doença, tornando-se uma “bola de neve”.
Obviamente, teremos anos com mais transmissão da bactéria e outros com menos transmissão, cujo maior fator é o clima. A temperatura influencia muito na transmissão.
“A forma mais usual para contornar a resistência é, primeiro, deixar de usar o inseticida…“
AgriBrasilis – Quais as dificuldades para o controle do psilídeo?
Pedro Takao – Podemos destacar: a alta capacidade de reprodução, intensa movimentação entre talhões e propriedades, falhas no controle nos ponteiros das plantas devido à tecnologia de aplicação, proteção não adequada das brotações e casos de resistência.
AgriBrasilis – Como contornar o problema da resistência aos inseticidas?
Pedro Takao – A seleção da população resistente do psilídeo se dá por conta da aplicação repetida e sequencial de um mesmo inseticida.
A forma mais usual para contornar a resistência é, primeiro, deixar de usar o inseticida com suspeita ou comprovação de resistência, ou seja, não usá-lo por um tempo, pois na ausência da pressão de seleção, a população tende a restabelecer a suscetibilidade.
Outro aspecto importante é realizar a rotação de inseticidas com modo de ação diferente, ou seja, estabelecer um programa de manejo de resistência a inseticida.
AgriBrasilis – Quais os desafios da adoção do controle biológico?
Pedro Takao – O controle biológico enfrenta vários desafios. O primeiro é cultural: o produtor está acostumado a matar insetos e não a criar insetos. Apesar do avanço na adoção, alguns produtores ainda não acreditam na eficácia do controle biológico, ou seja, é um problema de baixa credibilidade.
A necessidade de mão-de-obra especializada e conhecimento técnico para aplicação e definição do momento exato da aplicação causa a desistência pelo produtor. Além disso, a falta de especialistas para ajudar a orientar os produtores pode ser outro fator de pouca adoção.
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