Polinização assistida aumenta produtividade do café em até 19%

“…isso equivale a aproximadamente 7 a 9 sacas de café a mais por hectare polinizado, quando comparado ao não-polinizado…”

Andresa Berretta é sócia e diretora de marketing e comunicação da Agrobee, além de diretora da Associação Brasileira dos Exportadores de Mel – Abemel.

Berretta é farmacêutica-bioquímica, mestre e doutora pela Universidade de São Paulo, e gerente de pesquisa, desenvolvimento e inovação da Apis Flora, fabricante de extratos de própolis, mel e derivados.

Andresa Berretta, sócia da Agrobee


AgriBrasilis – O que faz a Agrobee? Como a empresa seleciona os apicultores e os conecta aos produtores rurais? 

Andresa Berreta – A Agrobee promove o aumento da produtividade e qualidade de alimentos de forma sustentável através dos serviços de polinização assistida e inteligente realizada pelas abelhas. Basicamente, conectamos os produtores rurais (que tem as flores para serem polinizadas), com os criadores de abelhas (que tem as abelhas para promoverem o serviço), agregando expertise para que as melhores condições sejam atendidas para que a mais alta produtividade agrícola seja alcançada.

A Agrobee seleciona os criadores de abelhas em sua base de dados (App Agrobee), considerando capacidade de atendimento da demanda, treinamento e a menor distância a ser percorrida para chegar na propriedade rural, além de pontuação de qualidade de serviços anteriormente prestados.

AgriBrasilis – Por que a polinização assistida é necessária? Para quais culturas é recomendada? 

Andresa Berreta – A Agrobee desenvolve técnicas avançadas de polinização assistida tendo como principais culturas a soja, o café, a canola e a laranja. Nessas culturas, o ganho de produtividade com uso da tecnologia da AgroBee pode superar R$ 53 bilhões anuais no Brasil.

A polinização é essencial para algumas culturas, que são dependentes dos polinizadores, como a maçã e o melão, por exemplo. No entanto, culturas que se auto-polinizam, como o café e a soja, são beneficiadas pelo serviço das abelhas em função do melhoramento genético proporcionado por esses insetos, gerando menor abortamento e deformação, e aumento do tamanho e qualidade dos frutos.

Dados da FAO sugerem que o valor da polinização na cadeia de alimentos pode chegar até US$ 577 bilhões por ano.

AgriBrasilis – Quais as vantagens desse serviço ao produtor rural e quanto de receita pode agregar? 

Andresa Berreta – O produtor ganha com o aumento de produtividade de sua cultura. No caso do café, por exemplo, os aumentos de produtividade alcançam entre 17% e 19% (existe um pouco de variação conforme a safra). Isso equivale a aproximadamente 7 a 9 sacas de café a mais por hectare polinizado, quando comparado ao não-polinizado, com um investimento de 1 saca. Isso é sustentabilidade econômica.

A polinização permite produzir mais sem desmatar, sem consumir mais água, fertilizantes, agroquímicos, etc. Isso é sustentabilidade ambiental.

Além disso, quando o agricultor contrata os serviços da Agrobee, ele gera renda extra aos criadores de abelhas, que preenchem um calendário apícola, gerando renda em épocas que os criadores precisariam alimentar suas abelhas.

AgriBrasilis – Que fatores garantem uma polinização mais eficiente? Quais os critérios de qualidade e que espécies de abelha são utilizadas? 

Andresa Berreta – Vários fatores estão envolvidos na realização do processo para que o serviço ofereça os resultados almejados, desde o déficit de polinização da propriedade, fontes de água, seleção das espécies e quantidades adequadas por culturas foco, até a qualidade dos enxames para a realização da polinização. Por isso, para que o serviço dê resultado, é necessário que esse trabalho seja realizado por profissionais.

AgriBrasilis – A AgroBee recentemente recebeu investimentos da Koppert. Qual a sinergia das atividades dessas empresas? Qual o direcionamento desse montante? 

Andresa Berreta – A Agrobee e a Koppert exercem suas atividades através do uso de organismos vivos para a promoção de um agronegócio sustentável. A primeira utiliza as abelhas para a promoção de uma polinização mais eficiente, enquanto a segunda utiliza organismos vivos para o controle de pragas. Esse “casamento” tem tudo para dar muito certo, já que são iniciativas que se complementam.

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