“Em questões agrícolas, o acordo com o Brasil foi fundamental. Além de vinhos e salmão, avançamos na exportação de frutas para o mercado brasileiro…”
Esteban Manuel Valenzuela é o ministro da agricultura do Chile, foi deputado e prefeito de Rancagua. Valenzuela é jornalista e mestre em ciência política pela Pontifícia Universidade Católica do Chile, mestre em gestão pública pela Universidade de Wisconsin-Madison, e doutor em história contemporânea pela Universidade de Valência.
O Chile segue ampliando sua pauta de exportações para o Brasil. As exportações de alimentos para o Brasil em 2022 movimentaram US$ 1,3 bilhão, o que representa aumento de 21,9% ante 2021.
Esteban Valenzuela, ministro da agricultura do Chile
AgriBrasilis – Quais os interesses do Chile em relação à abertura de mercados no setor agrícola?
Esteban Valenzuela – Nas últimas décadas, o Chile tem sido um país aberto para o mundo. Firmamos acordos de livre comércio com países muito importantes. Um deles é o Brasil, com quem temos um acordo de livre comércio em vigor desde 2022, que permitiu que o comércio entre os dois países ultrapassasse US$ 13 bilhões e tornasse o Chile o segundo maior parceiro comercial do Brasil na América Latina.
Em questões agrícolas, o acordo entre Chile e Brasil foi fundamental. Além de vinhos e salmão, avançamos na exportação de frutas para o mercado brasileiro e avançamos na agenda fitossanitária e nos investimentos e pesquisas agroindustriais. Cabe destacar o trabalho do Instituto de Investigações Agropecuárias – INIA em parceria com a Embrapa, que avançam em temas como a agroecologia e a redução de emissões.
AgriBrasilis – Qual é a situação dos incêndios florestais e da seca no Chile? Quais são as consequências para as principais exportações agrícolas?
Esteban Valenzuela – A mudança climática afetou o Chile de forma que tivemos que enfrentar uma longa e dolorosa temporada de incêndios florestais. Mudanças climáticas, baixa umidade, incêndios criminosos e altas temperaturas levaram aos acidentes que consumiram aproximadamente 430 mil hectares na zona centro-sul do país.
Esses incêndios têm sem dúvida afetado o setor agrícola, mas a maior parte deles tem ocorrido em território com presença de florestas. Acreditamos que a exportação de celulose e madeira, que tem apresentado bons crescimentos, irá sofrer prejuízos.
Os efeitos na produção de frutas para exportação serão menores porque as áreas onde as frutas são produzidas não foram tão afetadas pelos incêndios.
AgriBrasilis – Qual é a situação da gripe aviária no país? Que medidas estão sendo tomadas?
Esteban Valenzuela – Temos trabalhado em conjunto com a indústria para minimizar a situação da gripe aviária em nosso país. Assim, lançamos a campanha “Vamos Evitar a Gripe Aviária”, que se somou ao trabalho do Serviço Agrícola e Pecuário – SAG, que estabeleceu um estreito trabalho público-privado para mitigar possíveis efeitos negativos na matriz produtiva da avicultura.
AgriBrasilis – Como o senhor avalia o período de sua gestão no Ministério da Agricultura?
Esteban Valenzuela – A economia e a situação pós-pandemia nos afetaram no período, e por isso enfatizamos o apoio aos nossos pequenos agricultores: criamos o programa “Siembra por Chile”, que contou com investimento de US$ 74,4 milhões e 13 etapas, com o objetivo de enfrentar a situação de emergência e dinamizar o setor agropecuário e florestal.
Dentre as principais medidas estão os programas de fertilizantes para o Chile, crédito para plantio de pimenta, restauração da floresta nativa (11.280 hectares), novos mercados para agricultores familiares, crédito para irrigação e drenagem, e regularização de dívidas do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário – INDAP.
Em junho de 2022, formamos a Comissão Nacional de Segurança e Soberania Alimentar (CNSSA), que possibilitou enfrentar o complexo cenário internacional, com medidas como a emergência agrícola multidimensional, o Sistema de Alimentação Fogape (sistema para concessão de créditos), etc.
Além disso, criamos o indicador “Melhores Alimentos da Temporada”, que mostra a queda dos preços de frutas, verduras e outros alimentos em 9 regiões do Chile.
LEIA MAIS: