Soja, milho e trigo se transformam em moedas digitais

moeda digital

“Sabemos que, para o agricultor, sua produção é sua moeda. Nós materializamos isso em um cartão com moeda digital para que o produtor possa fazer pagamentos diários…”

Eduardo Novillo Astrada é formado em administração de empresas pela Pontifícia Universidade Católica da Argentina e empresário com participação em negócios esportivos, tecnologia, e-sports, mercado imobiliário, agronegócio e animais de estimação.

Astrada é CEO e cofundador da Agrotoken, empresa argentina que objetiva digitalizar o agronegócio através da “tokenização” e que já fechou parcerias com Visa e Santander.

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Eduardo Astrada, CEO da Agrotoken


AgriBrasilis – O que são ativos “tokenizados”? Por que usar esta ferramenta?

Eduardo Astrada – Ativos tokenizados são representações criptográficas de um ativo real, que preservam seu valor e garantem a taxa de câmbio. No nosso caso, 1 Token (soja, milho, trigo) representa 1 tonelada de grão entregue (soja, milho, trigo).

A colheita tokenizada permite aos produtores a flexibilidade de pagar à vista quando quiserem nas mais de 200 lojas que aceitam tokens como forma de pagamento, solicitar empréstimos usando-os como garantia para não perder o valor de seus grãos ou usar seus tokens através de um cartão VISA pré-financiado, o que lhes permite pagar diretamente com sua produção nas mais de 80 milhões de lojas do mundo.

AgriBrasilis – O que os agricultores podem fazer com um cartão de pagamento de grãos “tokenizado”?

Eduardo Astrada – Sabemos que, para o agricultor, sua produção é sua moeda. Nós materializamos isso em um cartão para que o produtor possa fazer pagamentos diários, como reabastecimento, manutenção de veículos, pagamento de hospedagem, compras de insumos agrícolas ou o que mais precisar. Como sempre dizemos, o agricultores pode comprar desde um trator até um café.

AgriBrasilis – O que garante essas operações e como ocorre o processo de lastro dessa moeda?

Eduardo Astrada – Agrotoken é uma plataforma multichain. Todas as nossas operações (tokenizações e transações) são realizadas em blockchain, em três redes diferentes: Algorand, Ethereum e Polygon, garantindo a rastreabilidade, transparência e eficiência dos nossos processos.

Para cada token emitido existe o que chamamos de comprovante de reserva de grãos, que consiste em um comprovante de existência do grão (certificado de depósito ou equivalente validado pelo Oracle Collector/exportador) e também um comprovante de liquidez do mesmo (contrato de compra/venda do grão), o que garante o fluxo de recursos quando o token é utilizado.

AgriBrasilis – Existe regulamentação sobre esse tipo de operação na Argentina? E no caso do Brasil?

Eduardo Astrada – Ainda não existem regulamentos específicos em nenhum dos países mencionados. Em linhas gerais, tudo o que tem a ver com ativos digitais está em constante análise e evolução pelas diferentes autoridades de fiscalização.

De nossa parte, atuamos de forma colaborativa para alcançar um melhor entendimento do ecossistema e favorecer todos os atores do agronegócio, tanto na esfera pública quanto na privada.

AgriBrasilis – Em que consiste a associação entre AgroToken e Visa? Outras parcerias estão se desenvolvendo?

Eduardo Astrada – É uma associação estratégica que começou com o desenvolvimento do cartão Visa Agrotoken e continuará com funcionalidades que facilitam a tomada de decisões e os processos diários do produtor.

Estamos sempre em busca de novas parcerias. Continuamos agregando alianças estratégicas no setor financeiro e recentemente iniciamos um desenvolvimento conjunto com a equipe Ripio. Queremos que nossos tokens sejam acessíveis a todos.

AgriBrasilis – AgroToken está iniciando suas operações no Brasil. Quais são os planos da empresa e em que outros mercados pretende atuar nos próximos anos?

Eduardo Astrada – O Brasil é um desafio incrível. É um mercado bem diferente da Argentina, que exige uma solução customizada, e onde nossa plataforma atual serve de base para iniciar essa adaptação. Nosso objetivo é iniciar as operações durante o último trimestre deste ano para que possamos continuar com nosso plano de expansão em 2023.

Além do Brasil, pretendemos operar nos Estados Unidos, Uruguai e Paraguai, nos próximos seis meses.

AgriBrasilis – Qual é o futuro da “tokenização” de ativos financeiros?

Eduardo Astrada – Para nós, o futuro da tokenização é tornar o valor dos recursos naturais acessível a todos e contribuir para o desenvolvimento de um sistema econômico mais justo e equitativo. A AgroToken deseja criar os tokens mais confiáveis ​​do mundo.

 

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