“A expansão do cinturão citrícola não é um paliativo, mas uma consequência do greening…”
Ibiapaba Netto é diretor-executivo da Associação Nacional das Exportadores de Sucos Cítricos – CitrusBR, formado em comunicação e estudos de mídia na FIAM, com MBA pela FGV.

Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR
AgriBrasilis – A expansão do cinturão citrícola é somente um paliativo para o greening?
Ibiapaba Netto – A expansão do cinturão citrícola não é um paliativo, mas uma consequência do greening.
Essa doença não é uma novidade aqui no Brasil. O greening já está aqui desde 2004 e nesse período se desenvolveram diversas tecnologias e técnicas de manejo que permitem uma produção segura, desde que tudo seja feito adequadamente. A questão é demorou um tempo até que essas tecnologias e esse manejo fossem conhecidos.
Então, em algumas regiões a incidência é muito alta e nessas regiões você não consegue reinvestir em citricultura já que de 4 a 5 anos a planta se torna improdutiva. Considerando um custo de implantação de US$ 20 mil por hectare, dá pra imaginar o tamanho do prejuízo. Portanto, a expansão não é um paliativo, mas é uma consequência.
Agora, são plenas as condições de que essas novas regiões produtoras de citros tenham uma produção mais sadia e longeva ao longo do tempo.
AgriBrasilis – Quais as novas regiões e as consequências dessa migração?
Ibiapaba Netto – O cinturão citrícola tem crescido em MG, que já é uma região relativamente tradicional. A produção de Minas já é maior do que a produção da Flórida há alguns anos, mas ela tem se expandido para outras regiões do estado, principalmente em Santa Vitória e Prata.
Além disso, também tem uma outra expansão, que é no Mato Grosso do Sul, que aí sim é em uma região nova. Podemos dizer que essa é uma nova fronteira para a citricultura, que entra em regiões de pastagem, regiões de soja, regiões que já são abertas e que tem agora uma nova cultura para ser implementada.
AgriBrasilis – Quais as expectativas para a safra brasileira de laranjas 2025/26?
Ibiapaba Netto – A safra da laranja 2025/26 vai ser anunciada pelo Fundecitrus no próximo dia 9 de maio. E como é o Fundecitrus que faz essa estimativa, a Citrus BR não se posiciona antes. Mesmo assim, o que a gente sabe é que é uma safra maior, melhor do que essa que acabou agora, até porque foi a pior safra em mais de 30 anos.
Então a base de referência é muito menor do que se tinha antes, por isso qualquer crescimento que venha a essa altura do campeonato é bem-vindo, porque nós precisamos formar estoques. A gente precisa ter uma disponibilidade maior de suco, inclusive para uma boa operação ao longo de todos os meses da safra.
AgriBrasilis – Que fatores estão motivando as oscilações no preço das laranjas?
Ibiapaba Netto – A gente viu entre 2023 e 2024 uma alta muito grande com recordes históricos do preço do suco de laranja e da fruta, por conta de uma escassez de oferta.
Agora, essa queda dos últimos meses, principalmente a partir de dezembro de 2024 até agora, ela se deve por causa de dois principais fatores: primeiro, uma queda na demanda, que tem sido bastante sentida principalmente por conta desse aumento de preços, isso porque quando você tem um aumento de preços, o consumidor pula para outros produtos.
O segundo fator são os novos produtos que surgem competindo pelo mesmo consumidor. Então, a gente teve diminuição de embalagens, como uma forma de repasse de preço indireto; nós tivemos lançamento de novos produtos, com suco de laranja diluído, por exemplo, além das bebidas “multifrutas”, em que o suco entra como um ingrediente extra, e não apenas como protagonista de um produto feito só de suco de laranja.
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