Drones e inteligência artificial estão redefinindo a agricultura

“…é possível gerar informações em larga escala ao longo de todo ciclo produtivo, gerando análises e relatórios agronômicos…”

Johann Coelho é sócio-fundador da BemAgro, empresa de processamento de imagens e relatórios agronômicos, fundada em 2017. Coelho é formado em economia empresarial e controladoria pela Universidade de São Paulo.

Johann Coelho, sócio-fundador da BemAgro


AgriBrasilis – Até onde o uso e a tecnologia dos drones pode chegar?

Johann Coelho – O emprego de drones na agricultura tem ganhado grande relevância nos últimos anos. Drones podem ser utilizadas para mapeamento das lavouras, desde o planejamento, gestão e monitoramento do cultivo.

Também vem crescendo a adoção de drones de pulverização, permitindo um controle mais eficiente, econômico e sustentável. Com o avanço contínuo da tecnologia, espera-se que os drones na agricultura possam atingir patamares ainda mais elevados, auxiliando na identificação de pragas e doenças, deficiências nutricionais e oferecendo mais poder na tomada de decisão.

A facilidade e democratização das operações, a ampliação da autonomia de voo para coletas de dados e o surgimento de novos sensores podem proporcionar melhorias significativas do potencial produtivo, redução de custos e também uma lavoura mais sustentável.

AgriBrasilis – Qual a atuação da Bem Agro? Que tipos de relatórios e projetos são oferecidos pela empresa?

Johann Coelho – Ao longo da jornada do agricultor, são muitos os desafios dentro e fora da lavoura. A BemAgro auxilia o produtor ao longo de todo o ciclo produtivo nas principais culturas: soja, milho, cana, algodão e cultivos perenes, atuando no planejamento, gestão e monitoramento da lavoura.

Através de dados e imagens captadas por drones, satélites e vetores de maquinário agrícolas, geramos relatórios agronômicos, como: sistematização de áreas para implementação de curvas de nível, linhas de plantio e pulverização, visando maior número de metros lineares plantados, menor tempo de operação (eficiência operacional), detecção de falhas de plantio, detecção de infestações de plantas daninhas para aplicações localizadas, dentre outras soluções, que auxiliam os produtores a reduzir custos e aumentar a produtividade.

AgriBrasilis – Quais os impactos desses relatórios na redução de custos e produtividade para os agricultures?

Johann Coelho – Relatórios agronômicos e informações geradas pela nossa plataforma proporcionam a redução de custos através da aplicação racional de insumos, diminuição de gastos com diesel e ociosidade de máquinas e mão de obra.

O planejamento adequado do plantio permite o aumento de metros lineares plantados, aumentando a população de plantas e o potencial produtivo. Mapas de falhas de plantio auxiliam o produtor na introdução de mudas, na correção das falhas, aumentando o potencial produtivo, longevidade da cultura, etc.

AgriBrasilis – Como a inteligência artificial é empregada nas atividades da empresa?

Johann Coelho – A inteligência artificial é uma ferramenta fundamental para as atividades da BemAgro. A IA gera todos os relatórios agronômicos entregues pela nossa plataforma. Através das suas aplicações, é possível gerar informações em larga escala ao longo de todo ciclo produtivo, gerando análises e relatórios agronômicos com velocidade, repetibilidade e padronização nas entregas.

Na agricultura, as decisões precisam ser tomadas de forma muito rápida, assertiva e dinâmica. Desse modo, a inteligência artificial é e será cada vez mais presente nas decisões dos produtores e agrônomos.

AgriBrasilis – Que diferenças existem entre drones de mapeamento e pulverização? Quais os mais utilizados na agricultura brasileira e por quê?

Johann Coelho – Os drones de mapeamento e pulverização têm finalidades diferentes e são tecnologias complementares e acessórias na agricultura.

Drones de mapeamento são equipados com câmeras e sensores para coletar dados visando orientar decisões, utilizados para monitorar o crescimento das culturas, identificar áreas problemáticas e gerar informações acionáveis.

Drones de pulverização são empregados na aplicação de insumos.  São capazes de pulverizar áreas-alvo de forma direcionada, reduzindo o desperdício, o pisoteio da cultura instalada, os gastos com diesel e a exposição aos produtos químicos.

Na agricultura brasileira, tanto os drones de mapeamento quanto os de pulverização estão sendo amplamente utilizados. Os drones de mapeamento são utilizados há algum tempo de forma mais ampla, mas recentemente os drones de pulverização tem ganhado maior espaço.

AgriBrasilis – De que forma o senhor enxerga a legislação sobre drones e aviação agrícola no país? Drones deveriam estar sujeitos aos mesmos regramentos que aeronaves tripuladas?

Johann Coelho – A legislação de drones está evoluindo de forma positiva. Temos observados avanços importantes ao longo dos últimos anos.

Devido às diferenças significativas entre drones e aeronaves tripuladas em termos de tamanho, peso, velocidade e características operacionais, uma regulamentação separada e mais flexível pode ser e está sendo apropriada para os drones. Essa abordagem permite uma maior abertura à inovação no uso de drones na agricultura e em outras indústrias.

No caso da aviação agrícola, é possível que existam regulamentações específicas para a utilização de drones nesse contexto, considerando as necessidades e peculiaridades da agricultura, como o uso de insumos e por estarem em áreas mais remotas. Essas regulamentações podem ser formuladas para garantir a segurança das operações agrícolas e a proteção ambiental, sem necessariamente restringir ou burocratizar o acesso às tecnologias.

A questão de os drones estarem sujeitos aos mesmos regramentos que aeronaves tripuladas é um debate em curso, e diferentes abordagens podem ser adotadas com base nas características, riscos e necessidades relacionadas às suas variadas aplicações.

AgriBrasilis – Quais as tendências da agricultura de precisão? O que mudou nos últimos anos?

Johann Coelho – A agricultura de precisão vem passando por transformações constantes, a digitalização vem ganhando espaço e tomando formas diferentes de proporção, importância e tamanho.

O conceito agricultura de precisão – em sua grande maioria voltada para a utilização de maquinários, manejo de solo, aplicações em taxa variável – alinhado com a digitalização, trouxe à tona o movimento da agricultura 4.0 ou agricultura digital. Esses termos são utilizados para descrever a adoção de tecnologias digitais na agricultura, como sensores, drones, imagens de satélite, inteligência artificial e automação, que buscam aumentar a eficiência operacional, reduzir custos e incrementar a produtividade agrícola.

 

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