“Antes da industrialização, os filhos dos produtores saíam da propriedade, agora eles não apenas permanecem no campo como ampliam os negócios…”
Alfredo Lang é presidente da C.Vale, cooperativa agroindustrial sediada em Palotina, no Oeste do Paraná. Lang é formado em agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria.
AgriBrasilis – Qual o foco das atividades da C. Vale e o que gera mais faturamento para a cooperativa?
Alfredo Lang – A produção de grãos e carnes é responsável por mais de 60% das receitas. Também atuamos com insumos agrícolas, mandioca, leite, aviação, supermercados, máquinas e implementos agrícolas e rações.
AgriBrasilis – Qual é a importância da industrialização dos produtos agrícolas nesse contexto?
Alfredo Lang – Importância extraordinária porque reduz a dependência do produtor e da cooperativa em relação ao clima, agrega valor aos grãos através da transformação do milho e da soja em rações e, posteriormente, em carnes de frango, suínos, de peixe e leite. Essas atividades geram renda ao produtor, à cooperativa e são responsáveis por 8.200 empregos diretos.
AgriBrasilis – A C.Vale tem mais de 24 mil cooperados. Qual é o perfil desses produtores? Alfredo Lang – A grande maioria dos produtores da C.Vale tem áreas de até 50 hectares. Esse perfil mostra bem a importância da diversificação, porque não é fácil sobreviver com grãos em áreas pequenas.
Antes da industrialização, os filhos dos produtores saíam da propriedade, agora eles não apenas permanecem no campo como ampliam os negócios.
AgriBrasilis – Existe diferença entre o cooperativismo praticado nos estados do Sul e aquele praticado no Centro-Oeste?
Alfredo Lang – A forma de funcionamento não difere muito, mas nosso foco no Centro-Oeste é a produção de grãos em grande escala. O perfil do produtor do Centro-Oeste, naturalmente, é outro, com um número mais expressivo de produtores com áreas médias e grandes.
AgriBrasilis – De que forma a redução do recebimento de milho por conta da estiagem e geadas do ano passado afetaram a C. Vale?
Alfredo Lang – Reduziu as exportações e impactou, principalmente, o custo das carnes. A estiagem deu uma grande contribuição à disparada dos preços do milho e, logicamente, isso reduziu a rentabilidade dos negócios envolvendo frangos, peixes, leite e suínos.
AgriBrasilis – Quais são as expectativas para o curto e médio prazo, tendo em vista as quebras de safra e alto custo dos insumos em 2022?
Alfredo Lang – Esperamos um aumento substancial da oferta de milho com o bom desempenho da safrinha deste ano e um recuo nos custos das carnes e do leite. Creio que o valor dos insumos vai depender, em grande parte, do que vai ocorrer com a economia mundial daqui para a frente. Se a tendência for um crescimento muito pequeno ou recessão, os preços dos insumos devem se ajustar para baixo.
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