Doenças podem causar até 80% de perda de produtividade no milho

“Na última safra, o uso de defensivos agrícolas representou 8,96% dos custos de produção. A intensidade do ataque de pragas e doenças em todo o país contribuiu para aumentar o custo de produção e a dificuldade do manejo da cultura.”

Aline Vanessa Sauer é engenheira agrônoma pela Universidade Estadual Norte do Paraná (UENP), mestre em proteção de plantas/fitopatologia pela Universidade Estadual de Londrina e doutora na mesma área pela Universidade Estadual de Maringá. Sauer é docente do curso de agronomia e do programa de mestrado em agronomia da UENP.

Aline Sauer, professora na UENP.


A cultura do milho passou por diversas modificações nos últimos anos, com auxílio do melhoramento genético, dentre elas o avanço das áreas e épocas de cultivo. A presença contínua da cultura no campo modificou o cenário inicial de uma espécie considerada rústica para uma cultura onde os problemas fitossanitários têm surgido com frequência. Dentre os principais problemas que acometem a cultura, as doenças se destacam como responsáveis por até 80% de perdas na produtividade.

A mancha branca do milho, ocasionada pela bactéria Pantoea ananatis, é a principal doença foliar da cultura. A bactéria pode sobreviver nos restos culturais e em plantas daninhas como a Digitaria insularis e D. horizontalis, popularmente conhecidas como capim amargoso e capim colchão, respectivamente. Além destas plantas funcionarem como fonte de inóculo, a resistência a herbicidas relatada frequentemente para D. insularis acaba dificultando o manejo da doença a campo. Recentemente um grupo de pesquisa nos EUA confirmou a transmissão da bactéria causadora da mancha branca por uma espécie de Diabrotica spp. que ainda não ocorre no Brasil.

Os enfezamentos pálido e vermelho são ocasionados por um grupo de bactérias conhecidas como molicutes. Enfezamentos são doenças sistêmicas cujo processo infeccioso ocorre nos tecidos dos floemas das plantas. A transmissão ocorre pela cigarrinha do milho Dalbulus maidis e possui alto potencial de danos na cultura. Os danos variam de perdas na produtividade decorrentes da má formação das espigas até o tombamento e a morte prematura das plantas.

Outras doenças também ganharam destaque nas últimas safras. A helmintosporiose, causada pelo fungo Exserohilum turcicum, pode gerar perdas de 50% caso ocorra antes da floração. Os sintomas são manchas foliares que variaram de 2,5 a 15 cm de comprimento e são facilmente confundidos com sintomas de outras doenças por profissionais e produtores rurais.

A mancha de Diplodia é causada pelo fungo Diplodia macrospora e pode afetar tanto folhas quanto espigas. Nas folhas, os sintomas consistem em lesões alongadas que variam de 1,5 a 25 cm de comprimento.

A cercosporiose é ocasionada pelo fungo Cercospora zea-maydis e pode reduzir a produção causando severas perdas. Sintomas consistem em lesões foliares pequenas, com 1 a 6 cm de comprimento, que acompanham as nervuras foliares e são observados especialmente durante a floração.

Para diferenciar os agentes fitopatogênicos da cultura do milho e alcançar o diagnóstico correto é preciso estar atentos a alguns detalhes nos sintomas. Na cercosporiose, as lesões são menores e sempre respeitam as nervuras foliares. Na helmintosporiose, as lesões são de tamanho maior e não respeitam as nervuras das folhas, bem como ocorre com a mancha de Diplodia. Porém, no caso da Diploidia, as manchas são mais estreitas e sempre demonstram o ponto inicial de infecção do fungo.

Na última safra, o uso de defensivos agrícolas representou 8,96% dos custos de produção. A intensidade do ataque de pragas e doenças em todo o país contribuiu para aumentar o custo de produção e a dificuldade do manejo da cultura.”

 

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