Recorde de exportações de frutas de US$ 1,06 bilhão em 2021

Fruits in Brazil
Publicado em: 30 de março de 2022

Aumento nos preços de embalagem, frete marítimo e óleo diesel são principais preocupações do setor

Guilherme Coelho é engenheiro agrônomo formado na Universidade Estadual Paulista, câmpus de Jaboticabal, e produtor de uva e manga. Coelho é presidente da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas).

Guilherme Coelho, presidente da Abrafrutas

AgriBrasilis – Qual é o panorama da fruticultura nacional e quais são os pontos fortes?

Coelho – Nós temos frutas de excelentes qualidade em diferentes regiões do Brasil. No Rio Grande do Sul, por exemplo, nós temos a maçã; no Vale do São Francisco, temos a manga e a uva; o Rio Grande do Norte, o melão; na Bahia e em São Paulo nós temos o limão; temos o abacate como uma cultura forte em São Paulo, enquanto que no Espírito Santo temos o limão e o mamão.

No Nordeste, nós temos frutas o ano inteiro: o melão no Rio Grande do Norte se produz praticamente o ano inteiro, assim como no Vale do São Francisco, com a manga e a uva. Isso faz com que nós possamos disponibilizar frutas tanto no mercado interno quanto no externo durante os 12 meses do ano.

AgriBrasilis – Qual o potencial das exportações de frutas in natura?

Coelho – O potencial de exportação de frutas é enorme. Nós precisamos cada vez mais melhorar a nossa performance para abrir novos mercados em diferentes regiões e países do mundo. Recentemente, conquistamos a exportação do melão para a China e o limão para o Chile e estamos estudando fortemente a exportação de uva para a China, bem como o abacate e o limão para os Estados Unidos.

Nós temos qualidade e precisamos cada vez mais colocar nossas frutas no exterior.

AgriBrasilis – Quais as dificuldades do setor? O que pode ser melhorado?

Coelho – As grandes dificuldades hoje no setor são o aumento de determinados itens, que incrementam o custo da produção da fruta. A começar pela embalagem, como as caixas de papelão, cujos preços subiram bastante agora na pandemia. Além disso, o óleo diesel atingiu valores muito altos. Recentemente, estamos enfrentando dificuldade com fertilizantes, que além do aumento de preço, têm oferta limitada. Outro item que nos preocupa muito são os fretes marítimos. De 2020 para 2021 os fretes subiram mais de 100%. A logística dificulta que os valores de produção fiquem dentro do normal.

AgriBrasilis – Que fatores levaram ao recorde de exportação de 2021?

Coelho – Na minha opinião, esse recorde se dá devido a pandemia. Acredito que isso levou as pessoas a comer de forma mais saudável. Com isso, o consumo de frutas aumentou bastante, pois elas são fontes de vitaminas e sais minerais.

Além disso, houve o aumento do dólar, que subiu 20%. O volume de exportação subiu 18%, batendo o recorde de US$ 1,06 bilhão. Nós precisamos crescer e rapidamente para multiplicar esses valores, pois o país tem área, tecnologia, crédito e condições.