“Principais doenças e pragas da cultura do feijão”

mosaico dourado BGMV bean feijão feijoeiro epamig trazilbo doenças vírusCourtesy of Eliane Quintela
Publicado em: 14 de abril de 2021

Artigo por Hudson Teixeira e Trazilbo José de Paula Júnior, pesquisadores da EPAMIG.

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Hudson Teixeira é Fitopatologista na Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), pós-doutor em epidemiologia de doenças de plantas pela UFV, doutor em fitopatologia pela UFLA, mestre em fitossanidade pela mesma universidade, na qual também se formou em engenharia agronômica.

 

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Trazilbo de Paula Jr., EPAMIG

Trazilbo José de Paula Júnior é Pesquisador e Diretor de Operações Técnicas da EPAMIG, doutor em fitopatologia pela Universität Hannover, na Alemanha, mestre em fitopatologia e graduado em agronomia pela UFV. Sua principal área de atuação é com a cultura do feijoeiro, com ênfase em Fitopatologia (manejo integrado de doenças e melhoramento visando resistência a doenças). Foi Chefe do Departamento de Pesquisa da EPAMIG (2013-2015).

 


A dinâmica da produção de feijão no Brasil alterou-se muito nos últimos anos. Desde o início dos anos 1990 houve redução da área plantada, o que, porém, não refletiu na produção e produtividade, especialmente nas áreas com feijão irrigado, em que altos rendimentos são geralmente observados nos primeiros anos. Entretanto, tem sido comum observar redução do rendimento com o decorrer das safras, principalmente por causa dos seguintes fatores: rotação inadequada de culturas com o consequente aumento da intensidade de doenças; aparecimento de novas doenças e pragas; compactação do solo e desequilíbrio nutricional.

Ao mesmo tempo em que inovações tecnológicas, como irrigação e plantio direto, são incorporadas ao processo produtivo, novos desafios surgem, especialmente em relação às doenças e pragas, que têm limitado a obtenção de altas produtividades. 

Nas áreas irrigadas do Sudeste e Centro-Oeste, a principal época de plantio de feijão é entre abril e julho (outono-inverno). As condições climáticas nessa época são diferentes das verificadas nas épocas tradicionais de cultivo. Os dias são mais curtos e as temperaturas mais baixas. Esses fatores, aliados ao molhamento constante proporcionado pela irrigação, propiciam condições favoráveis ao desenvolvimento de várias doenças, algumas delas pouco prejudiciais nas épocas tradicionais de cultivo. 

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Sclerotinia sclerotiorun. Courtesy of Teixeira H. & Paula Júnior T.J.

Entre as doenças causadas por patógenos da parte aérea, mancha-angular, antracnose, ferrugem, crestamento-bacteriano-comum e mosaico-dourado são as mais importantes. Os fungos de solo são cada vez mais prejudiciais aos feijoeiros nas áreas irrigadas. Muitas vezes eles interagem entre si e com nematoides, o que dificulta o diagnóstico das doenças e o seu controle. As doenças mais comuns causadas por patógenos do solo nessas áreas são mofo-branco, murcha-de-fusarium e podridão-radicular.

Diversos insetos são considerados pragas do feijoeiro. Os mais importantes são as vaquinhas, a cigarrinha-verde, as lagartas, a mosca-branca (transmissora do vírus do mosaico-dourado), a lagarta-das-vagens e os percevejos. O controle dos insetos-praga deve ser efetuado seguindo os princípios do Manejo Integrado de Pragas (MIP), em que o início da aplicação de inseticidas é orientado segundo o nível de controle em cada caso.

É importante destacar que a utilização de cultivares tolerantes ou resistentes e de sementes de qualidade são as medidas de controle mais eficazes e econômicas. Outras medidas, também fundamentais para a obtenção de plantas de feijão mais saudáveis e produtivas, são: selecionar criteriosamente a época e o local de plantio; tratar as sementes com fungicidas e inseticidas; usar produtos biológicos no manejo dos patógenos e insetos-pragas habitantes do solo; aplicar fungicidas para o controle de doenças fúngicas da parte aérea; empregar maior espaçamento entre fileiras e/ou menor densidade de plantas na fileira, melhorando o arejamento dentro da cultura; adubar as plantas de forma equilibrada, preservando as propriedades físico-químicas naturais do solo; manejar adequadamente a irrigação; efetuar de forma adequada a rotação de culturas; eliminar os restos de cultura contaminados e hospedeiros secundários; evitar o trânsito intenso de máquinas e trabalhadores na lavoura, especialmente quando as plantas estiverem úmidas; limpar as máquinas e os implementos antes de usá-los.