“… Brasil é a maior fonte das importações agrícolas da China e sua participação tem aumentado nos
últimos anos …”
Shao Yingjun é ministra conselheira para assuntos econômicos e comerciais na Embaixada da China
no Brasil. Shao Yingjun foi conselheira para assuntos econômicos e comerciais nas Embaixadas da
China na Colômbia, Chile e México, e foi vice-diretora do Departamento de Assuntos Americanos e
Oceânicos do Ministério do Comércio da China.
AgriBrasilis – Qual a evolução da participação do Brasil nas importações agrícolas da China?
Shao Yingjun – Como principais produtores agrícolas do mundo, China e Brasil têm fortes complementaridades e
grande potencial para desenvolvimento mútuo. De acordo com dados aduaneiros chineses, em
2021, a China importou US$ 45,368 bilhões em produtos agrícolas do Brasil, representando 20,49%
do total de suas importações agrícolas.
O Brasil é a maior fonte das importações agrícolas da China e sua participação tem aumentado nos
últimos anos. Entre 2002 a 2011, das importações chinesas de soja, os grãos do Brasil representaram
em média 34,68%, e o valor médio da participação brasileira de 2012 a 2021 foi de 55,05%. Em 2021,
a importação chinesa de soja do Brasil atingiu US$ 33,18 bilhões, com um aumento de 33,22% em
relação ao ano anterior, representando 61,97% das importações de soja da China. A participação
brasileira na importação de carne bovina aumentou de 9,32% em 2011, para 38,86% em 2021.
A China é também um grande produtor agrícola, no entanto, suas exportações para o Brasil ainda
são baixas. Em 2021, a China exportou apenas US$ 444 milhões de produtos agrícolas para o Brasil,
representando 0,52% das exportações agrícolas do país. O déficit comercial agrícola da China com o
Brasil atinge US$ 44,924 bilhões.
AgriBrasilis – A pauta de importações de produtos agrícolas da China está se modificando? Existe demanda por produtos de maior valor agregado?
Shao Yingjun – Nos anos recentes, o comércio chinês dos agroprodutos tem crescido aceleradamente. Segundo a
Administração Geral de Alfândegas da China, o comércio exterior de produtos agrícolas atingiu montante total de US$ 306,448 bilhões em 2021, com aumento de 63,43% em relação a 2015. As exportações foram de US$ 85,013 bilhões, com aumento de 20,29% e as importações foram de US$ 221,44 bilhões, aumentando 89,52%. Importações de commodities agrícolas da China também cresceram. Em 2020, as importações chinesas de soja atingiram número recorde de 100,31 milhões de toneladas. Em 2021, importações de milho alcançaram recorde de 28,35 milhões de toneladas. Ao longo do desenvolvimento da economia chinesa e a consistente elevação do nível de vida das pessoas, as importações de produtos agrícolas estão se diversificando. A demanda de importação por produtos agrícolas de alto valor agregado está aumentando, como café, frutas, lácteos, carnes bovina, ovina, suína e de frango, castanhas, vinhos e produtos do mar. No caso do café, as importações chinesas cresceram 68,13% em 2021. Entre eles, a importação do café brasileiro registrou expansão de 122,82%, chegando a US$ 54,73 milhões. O Brasil já ocupa
10,4% da participação das importações chinesas do café. Cinco anos atrás, essa participação era de 2,01%.

AgriBrasilis – Há perspectiva de investimentos chineses no Brasil, sobretudo no agronegócio?
Shao Yingjun – Nos últimos anos, a cooperação China-Brasil em investimentos tem continuado a progredir.
Empresas chinesas têm investido no Brasil numa vasta gama de indústrias tradicionais e emergentes, tais como petróleo, eletricidade, nova energia, infraestruturas, agricultura, manufatura e comunicações, tornando-se uma das principais fontes de investimento no país. Existem quase 300 empresas chinesas no Brasil, com investimentos de mais de US$ 80 bilhões em 23 estados brasileiros. Empresas chinesas estão otimistas quanto às perspectivas de desenvolvimento a médio e longo prazo do Brasil, e estão prestando atenção às políticas do país em atrair investimento nas áreas-chave. Essencial para impulsionar a economia pós-pandemia, a agricultura vai trazer oportunidades para a cooperação em investimentos entre a China e o Brasil.
