“Além da pressão do bicudo, percevejos também podem causar perdas significativas…”
Suellen Drumond é gerente de inseticidas e líder da cultura do algodão da Sumitomo Chemical, engenheira agrônoma pela Universidade Federal de Lavras, com MBA pela FGV.
AgriBrasilis – A alta infestação de bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis) é uma ocorrência isolada ou deve persistir?
Suellen Drumond – A infestação não é isolada e pode persistir se não houver um manejo adequado. O clima mais seco e o aumento da área plantada têm contribuído para a permanência dessa infestação em patamares elevados.
O bicudo pode causar perdas de até 70% na produção em função da sua alta capacidade de reprodução e elevado poder destrutivo. A Sumitomo oferece soluções eficazes contra esse inseto, como o produto Legion, com rápida ação de choque contra sugadores.
“O bicudo pode causar perdas de até 70% na produção em função da sua alta capacidade de reprodução e elevado poder destrutivo”
AgriBrasilis – Essa praga pode levar à redução da área plantada?
Suellen Drumond – Não podemos afirmar que haverá redução de área plantada, mas haverá a perda de produtividade por área. Além da pressão do bicudo, percevejos também podem causar perdas significativas, impactando diretamente a qualidade da fibra do algodão.
Mesmo assim, olhando para a história da cotonicultura brasileira, muitas regiões deixaram de produzir no passado em função da severidade do bicudo, ou seja, se a pressão seguir alta assim, isso pode impactar na tomada de decisão do produtor em seguir produzindo ou não.
AgriBrasilis – Que outros problemas fitossanitários são importantes?
Suellen Drumond – Além do bicudo e do percevejo citados acima, a ramulária (Ramulariopsis pseudoglycines) é considerada a principal doença fúngica foliar do algodoeiro, podendo provocar redução de produtividade de até 70% de acordo com a Embrapa Algodão.
AgriBrasilis – Que práticas e inovações o produtor pode adotar para produzir algodão de qualidade superior?
Suellen Drumond – Dentro do Manejo Integrado de Pragas (MIP), os produtores podem adotar o manejo fisiológico, o que contribui com o desenvolvimento da cultura. Outro ponto é a importância da rotação de produtos com diferentes modos de ação, crucial para evitar a resistência das pragas.
AgriBrasilis – Qual é a estimativa da venda de defensivos para a próxima safra?
Suellen Drumond – Não podemos estimar ainda em números. No entanto, os desafios atuais – como o clima, por exemplo – exigirão do cotonicultor estratégias inteligentes. Produtos inovadores, com combinações e moléculas eficientes, são ferramentas importantes para proteger as lavouras e evitar prejuízos.
AgriBrasilis – A senhora afirmou que 2023 não foi “tão bom quanto 2021 e 2022” para a Sumitomo Chemical. Por quê?
Suellen Drumond – A desaceleração em 2023 pode ser atribuída à normalização do mercado após a demanda elevada durante a pandemia. Entretanto, a necessidade de inovação em soluções de controle de pragas é mais relevante do que nunca. Continuamos a investir em pesquisa e desenvolvimento para oferecer produtos que ajudem a mitigar esses desafios enfrentados pelos agricultores. Nosso investimento em P&D é de 7,5% do faturamento global.
AgriBrasilis – Como inovar em um mercado cada vez mais focado em pós-patente?
Suellen Drumond – A inovação no setor pós-patente é essencial. Por meio das inovações, os produtores podem adotar moléculas cada vez mais seguras e eficientes, que protegem o potencial produtivo das lavouras e ajudam a preservar o meio ambiente. A Sumitomo está comprometida em desenvolver novas formulações e estratégias que combinem soluções biológicas e químicas. Nós fomos a empresa responsável por desenvolver, por exemplo, a molécula Pyriproxifen, primeiro e único ativo que controla todas as fases jovens da mosca-branca, além de esterilizar os insetos adultos.
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