“No Brasil, cerca de 90% da área plantada de caju encontra-se no Nordeste…”
Tânia Maria Leal é pesquisadora da Embrapa Meio-Norte, médica veterinária pela Universidade Federal do Piauí, mestre em ciência animal pela Universidade Federal Rural de Pernambuco e doutora pela Universidade Estadual do Ceará.
Leal atua em conservação de recursos genéticos, controle sanitário, desempenho reprodutivo e zootécnico, sistema silvipastoril com ovinos em pastagem com caju.

Tânia Maria Leal, pesquisadora da Embrapa Meio-Norte
AgriBrasilis – Por que produzir ovinos em áreas de caju?
Tânia Maria Leal – O sistema de produção de ovinos em área com caju é denominado sistema silvipastoril, que consiste em produção de ovinos em pastagem, com a presença de cajueiros. É uma prática que visa integrar árvores (cajueiros), forragem (gramínea) e animais (ovinos), de forma mutuamente benéfica. Esse sistema proporciona bem-estar aos animais em decorrência da sombra das árvores.
No Brasil, cerca de 90% da área plantada de caju encontra-se no Nordeste. Sendo o Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, os maior produtores.
A produção de ovinos em áreas com cajueiros é uma alternativa viável tecnicamente para otimização do uso da terra, pois não acarreta prejuízos à produção de castanha e nem da pastagem, proporcionado um incremento de renda aos produtores.
“A sombra dos cajueiros proporciona maior conforto aos ovinos, além de diminuição do estresse, melhorando o desempenho dos animais”
AgriBrasilis – Que tipo de manejo é adotado nesse sistema?
Tânia Maria Leal – Nessa tecnologia utilizou-se os ovinos, após o desmame, em sistema de terminação ou engorda.
Os animais permanecem nesse sistema por aproximadamente três meses, quando já podem ser disponibilizados para abate.
Foi feito um estudo comparativo entre o sistema convencional, denominado monocultivo, onde não há a presença de árvores, e o sistema silvipastoril. Uma das vantagens do sistema silvipastoril com cajueiros é que o primeiro oferece melhores condições de ambiente.
A sombra dos cajueiros proporciona maior conforto aos ovinos, além de diminuição do estresse, melhorando o desempenho dos animais. Nesse sistema os ovinos comem o caju que cai das árvores, deixando a castanha intacta.
O pedúnculo do caju, é rico em tanino, uma substância que age contra vermes de caprinos e ovinos. O controle quimioterápico da verminose em pequenos ruminantes não tem a eficácia esperada, uma vez que há resistência dos nematódeos aos medicamentos utilizados.

Fonte: Embrapa Meio-Norte
AgriBrasilis – Que outros projetos são desenvolvidos com ovinos e caprinos pela Embrapa?
Tânia Maria Leal – A Embrapa Meio-Norte desenvolve diversas ações de pesquisa na área de caprinos e ovinos, dentre elas: conservação de recursos genéticos; controle sanitário das principais enfermidades; fenotipagem e genotipagem de ovinos; alternativas para redução do estresse térmico em ovinos; dentre outras.
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