Mosaic quer faturar US$ 100 milhões com bioinsumos no Brasil

“Analistas sugerem que o mercado de produtos biológicos agrícolas pode chegar a US$ 30 bilhões em 2029…”

Alexandre Ricardo Alves é diretor da Mosaic Biosciences Brasil, formado em engenharia agronômica pela Universidade Estadual Paulista, com MBA pelo Instituto Phytus e pós-graduação em marketing pela FIA Business School.

A Mosaic anunciou em março de 2024 o lançamento no Brasil da sua divisão Biosciences, focada em bionutrição de plantas, com expectativa de faturamento de US$ 100 milhões por ano até 2030.


AgriBrasilis – O que motivou a entrada da Mosaic Fertilizantes no segmento de bionutrição?

Alexandre Alves – Estamos lançando a Mosaic Biosciences Brasil por reconhecer a importância de manter equilibrados os aspectos físicos, químicos e biológicos envolvidos na nutrição de plantas e do solo, visando a eficiência dos produtos e da produção agrícola.

O Brasil possui a maior biofauna do mundo e tem potencial para ser o primeiro país a exportar esse tipo de produto mundialmente, uma vez que 50% dos produtores brasileiros já utilizam biológicos em suas lavouras. Essas soluções garantem nutrição e plantas mais saudáveis. As principais propostas de valor incluem: manejo do estresse hídrico, eficiência no uso de nutrientes e manejo da ativação fisiológica.

Os agricultores têm aderido às inovações no campo voltadas para a maximização da produção com mínimo impacto ambiental, e esse é um movimento que certamente atenderá aos seus interesses.

A decisão de compra de biológicos no Brasil geralmente ocorre entre junho e agosto, período em que o produtor adquire os produtos do distribuidor, enquanto a aplicação na lavoura costuma ocorrer em setembro.

“O Brasil possui a maior biofauna do mundo e tem potencial para ser o primeiro país a exportar esse tipo de produto mundialmente, uma vez que 50% dos produtores brasileiros já utilizam biológicos em suas lavouras”

AgriBrasilis – Existe uma consolidação em curso no mercado?

Alexandre Alves – O mercado de biológicos representa cerca de US$ 29 bilhões globalmente, abrangendo diversas regiões, incluindo o Brasil. Analistas sugerem que o mercado de produtos biológicos agrícolas pode chegar a US$ 30 bilhões em 2029. Essa previsão reflete o crescimento contínuo e o potencial desse segmento, evidenciando a relevância crescente das soluções biológicas no cenário agrícola mundial.

AgriBrasilis – A meta da Mosaic em bionutrição é de US$ 100 milhões até 2030. Quais os planos e investimentos para alcançar esse objetivo?

Alexandre Alves – Nosso plano de negócios é ter um crescimento orgânico no segmento de biológicos. Inicialmente, nosso portfólio conta com quatro produtos, todos focados no uso no solo ou em sementes, e gradativamente aumentaremos a variedade de produtos.

Vamos trabalhar com grandes canais, cooperativas e traders de grãos, que são nossos parceiros estratégicos. Isso nos dará capilaridade para estarmos presentes em todas as regiões do Brasil, pois também queremos democratizar o conhecimento e o acesso dos produtores rurais a esse tipo de produto.

AgriBrasilis – Quais são as diferenças entre inoculantes, condicionadores de solo, fertilizantes biológicos etc.? Que categorias de produtos têm maior relevância?

Alexandre Alves – Inoculantes são compostos por microrganismos benéficos, os condicionadores melhoram as características do solo e os fertilizantes biológicos fornecem nutrientes essenciais para as plantas. Cada um desses produtos desempenha um papel específico na agricultura, e sua escolha depende das necessidades do solo e das culturas cultivadas. Mais especificamente:

Inoculantes – São compostos por microrganismos benéficos, como bactérias fixadoras de nitrogênio ou fungos micorrízicos. São aplicados nas sementes ou no solo, com o objetivo de estabelecer uma simbiose entre microrganismos e plantas. Por exemplo, inoculantes de bactérias fixadoras de nitrogênio ajudam as plantas a obter nitrogênio do ar e transformá-lo em uma forma utilizável. Isso reduz a necessidade de fertilizantes nitrogenados sintéticos e melhora a saúde das plantas.

Condicionadores de solo – Visam melhorar características físicas, químicas ou biológicas do solo. Eles podem ser à base de substâncias orgânicas ou inorgânicas. Condicionadores de solo orgânicos, como húmus e compostos, ajudam a melhorar a estrutura do solo, aumentar sua capacidade de retenção de água e nutrientes, e promover o desenvolvimento de microrganismos benéficos. Já os condicionadores de solo inorgânicos, como gesso agrícola, podem ser usados para corrigir problemas de acidez ou alcalinidade do solo.

Biofertilizantes – Fornecem nutrientes essenciais para as plantas. São ricos em nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio, além de conter outros elementos e compostos benéficos para as plantas. Eles ajudam a melhorar a fertilidade do solo e a fornecer nutrientes de maneira mais equilibrada e sustentável.

AgriBrasilis – Quem são os principais concorrentes da Mosaic nesse segmento?

Alexandre Alves – Queremos trazer ao produtor rural o que há de mais inovador em ciência e inovação para o mercado agrícola, em um segmento onde já atuam empresas como Biotrop, Nitro, Yara, Stoller e ICL.

Nosso principal desafio é a introdução de um novo conceito de produto no mercado, o que exige uma parceria sólida com diferentes agentes da sociedade, como agricultores, entidades do setor e governos. Também é necessário fortalecer parcerias com os vendedores, para que possam transmitir eficazmente nossa proposta de valor.

 

LEIA MAIS:

“É um erro comparar os defensivos biológicos com os químicos”