Complexo Mineroindustrial de Serra do Salitre custou US$ 1 bilhão e deve produzir 15% dos fertilizantes fosfatados do Brasil

“O complexo Mineroindustrial de Serra do Salitre adicionará 1 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados por ano à produção e distribuição da EuroChem…”

Gustavo Horbach é diretor presidente da EuroChem para a América Latina, além de CEO e board member da Fertilizantes Heringer.  Horbach é engenheiro civil pela PUC – RS, com pós-graduação em engenharia e mestrado pela Universidade Federal do RS.

Gustavo Horbach, diretor presidente da EuroChem

Gustavo Horbach, diretor presidente da EuroChem


AgriBrasilis – O complexo industrial da Serra do Salitre, em MG, permitirá reduzir a dependência de importação de fertilizantes? Em qual magnitude?

Gustavo Horbach – Sim. O complexo Mineroindustrial de Serra do Salitre adicionará 1 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados por ano à produção e distribuição da EuroChem. Essa quantia representa 15% da produção nacional do insumo. Em linha com o Plano Nacional de Fertilizantes, a nova planta produtiva fortalece a competitividade do agronegócio brasileiro e reafirma o compromisso da empresa com o país.

AgriBrasilis – Qual foi o investimento até o momento e qual é a produção estimada?

Gustavo Horbach – O investimento total do projeto é de US$ 1 bilhão (aquisição do ativo e finalização do projeto).

Os principais dados de produção são:

  • 1,2 milhão ton/ano de concentrado fosfático;
  • 1 milhão ton/ano de fertilizantes fosfatados;
  • 1 milhão ton/ano de ácido sulfúrico;
  • 250 mil ton/ano de ácido fosfórico.

AgriBrasilis – O que motivou a escolha da Serra do Salitre para produção de fosfatados?

Gustavo Horbach – O Grupo EuroChem está verticalmente integrado com atividades que abrangem mineração, produção, logística e distribuição de fertilizantes. Na América do Sul, atuamos na mistura e distribuição.

Salitre é a nossa primeira unidade de mineração fora da Europa. Com a sua conclusão, nos tornamos um player na produção de fertilizantes no continente sul-americano, consolidando nossa vocação de atuar da mina à mesa nessa região tão relevante para o segmento.

“Em linha com o Plano Nacional de Fertilizantes, a nova planta produtiva fortalece a competitividade do agronegócio brasileiro e reafirma o compromisso da empresa com o país”

AgriBrasilis – Como garantir a sustentabilidade ambiental em um projeto desse porte? Como será realizado o reaproveitamento de resíduos da produção de fertilizantes?

Gustavo Horbach – Muitos dos aspectos operacionais/tecnológicos de Salitre contribuem para materializar nossa estratégia de sustentabilidade. Na planta industrial, por exemplo, a concepção é que seja um site de circuito fechado: nada sai da unidade.

A área mineral tem circuito integrado com a barragem de rejeitos. A água que usamos vem dessa barragem, circulamos na planta e voltamos para ela. No caso da planta química, acontece o mesmo fenômeno, mas dividido em cinco lagoas, separadas de acordo com a natureza do efluente. Por exemplo, a água de chuva da planta química vai para uma lagoa, o efluente do pátio de gesso, gerado na produção de fosfórico, é direcionado para outra lagoa. Esse material é direcionado para uma estação de tratamento de efluente, onde é neutralizado com cal, gerando água de processo, que retorna para as plantas químicas para uso nas lavadoras de gases. Já a torta gerada (material sedimentado com uso da cal) é vendida no mercado para agricultura, pois possui fosfato.

Há também no complexo uma estação de tratamento de água, que é capturada na região para uso nos circuitos nobres das plantas químicas. Fazemos o tratamento e utilizamos parte dessa água para gerar vapor e alimentar a concentração do ácido fosfórico e o circuito do ácido sulfúrico.

Salitre é um exemplo de economia circular. Na planta química, consideramos uma economia circular completa. A vocação da fábrica é produzir fertilizantes fosfatados, mas geramos como coprodutos gesso, torta, borra de enxofre, que são vendáveis no mercado.

AgriBrasilis – A compra da Fertilizantes Heringer foi um bom investimento?

Gustavo Horbach – A aquisição do controle acionário indireto da Fertilizantes Heringer foi importante em nossa jornada de crescimento. A estratégia reforça nosso compromisso com o agronegócio brasileiro, fortalece nossa capacidade de distribuição e nos auxilia a atingir nossas metas para América do Sul.

Há mais de 50 anos no mercado, com 14 unidades de armazenamento, mistura e distribuição nas regiões sudeste, centro-oeste, sul e nordeste, a Fertilizantes Heringer é a quarta maior distribuidora do Brasil em termos de capacidade instalada, com mais de 4 milhões de toneladas por ano. A Heringer fortalece ainda mais as nossas relações comerciais, pois atendemos de forma mais robusta e confiável todo o mercado brasileiro – de norte a sul.

AgriBrasilis – Como disputar mercado com Mosaic e Yara no Brasil?

Gustavo Horbach – Estamos todos imbuídos do mesmo propósito, que é contribuir com a segurança alimentar e com o desenvolvimento do Mercado local. As estratégias de cada player contribuem para o fortalecimento do agronegócio brasileiro, que representa uma parcela significativa do nosso PIB. Discutimos juntos, através de fóruns colegiados liderados pelas entidades de classe que representam o setor, as questões comuns ao mercado.

 

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