“…é possível perceber que a soja está estagnada e que o potencial produtivo do milho está crescendo ao longo dos anos…”
Cristian Russo é engenheiro agrônomo e chefe do setor de estimativas agrícolas na Bolsa de Comércio de Rosário.
Cristian Russo, chefe do setor de estimativas agrícolas na Bolsa de Comércio de Rosário
AgriBrasilis – Por que a soja passou de “estrela para plano B” na Argentina?
Cristian Russo – Ao analisar a produtividade da soja e do milho nas principais regiões produtivas da Argentina (conforme o gráfico), é possível perceber que a soja está estagnada e que o potencial produtivo do milho está crescendo ao longo dos anos. Além disso, a soja se tornou uma cultura cara devido ao problema contínuo das ervas daninhas com resistência aos herbicidas.
Outro fator que prejudica a soja é o desconto que ocorre sobre a exportação agrícola (33% no caso da soja, ante os 12% que se aplicam ao milho). Os impostos são um dos fatores que levam o produtor a rotacionar e preferir produzir milho, apesar do alto investimento que essa cultura exige.
AgriBrasilis – Quais são os efeitos da variação cambial nesse sentido?
Cristian Russo – Aqui os planos que alteram os valores da soja e do milho à medida em que o valor do dólar se altera têm grande impacto. Durante a última semana, por exemplo, houve uma melhora considerável nas margens da soja por esse motivo. Isso é algo que pode alterar negativamente os planos de plantio de milho durante a safra 2023/24.
AgriBrasilis – Qual a situação do déficit hídrico no país e o que se espera para os próximos meses?
Cristian Russo – O mês de setembro começou com chuvas no centro e leste do país, e o cenário de seca se sustenta em grande parte de Córdoba, La Pampa, centro e norte de Santa Fé e oeste de Buenos Aires. Além disso, existe extrema falta de água no Oeste do país, depois da forte seca que ocorreu no verão e de um outono que privilegiou apenas a faixa oriental, com pancadas significativas de água no final de maio.
AgriBrasilis – Será possível obter uma boa colheita de trigo?
Cristian Russo – No trigo, o cenário foi de queda na semeadura, o que faz a safra 2023/24 apresentar a semeadura mais baixa dos últimos 8 ciclos do trigo na Argentina. A escassez que continua em boa parte das regiões produtoras do país nos fez reduzir a estimativa de produção de 15,6 milhões de toneladas para 15 milhões de toneladas.
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