Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas aborda tendência.
O Mercado de Créditos de Carbono surgiu durante a ECO-92 com a criação da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (UNFCCC), e foi intensificado pelo Protocolo de Quioto, em 1997. Atualmente, a negociação de direitos de emissão de carbono, com compra e venda, é fortemente apontada por empresas como possibilidades comerciais.
Considerando o mercado de taxação sobre as emissões e o mercado global previsto no Acordo de Paris, a AgriBrasilis convidou a IDESAM para discorrer sobre como o Brasil age nesta irreversível tendência.
IDESAM é uma das organizações não-governamentais de maior relevância e impacto no mundo, que promove a valorização e o uso sustentável de recursos naturais na Amazônia. Quem escreve o artigo é Pedro Soares, Gestor Ambiental formado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP) e atual Gerente do Programa de Mudanças Climáticas e Serviços Ambientais do IDESAM.
A Amazônia ocupa 60% do Brasil, mas representa menos de 8% do PIB nacional. Mesmo com todo o desmatamento verificado na região nas últimas décadas (20% da Amazônia já foi desmatada), a região ainda apresenta os piores índices de desenvolvimento social e humano do país. O desmatamento não deve, portanto, ser considerado como estratégia para promover o desenvolvimento e uma visão de longo prazo para a Amazônia. Em seu lugar, devem entrar os serviços ambientais e uma potente agenda de bioeconomia, que conecte o capital natural da Amazônia com investidores e mercados, promovendo a geração de negócios com base na floresta em pé.
Entre 2004 e 2015 o Brasil reduziu drasticamente o desmatamento na Amazônia, sendo responsável pela maior contribuição já registrada por qualquer país para a mitigação das mudanças climáticas. Neste período o desmatamento na Amazônia reduziu em 80% e mais de 6 GtCO2 deixaram de ser lançadas para atmosfera, o que possibilitou o país captar cerca de U$ 1 bilhão via o Fundo Amazônia, através de aportes voluntários realizados pelos governos da Noruega e Alemanha.
Em 2020, com o início do período de vigência dos principais acordos internacionais para a mitigação das mudanças climáticas, como o Acordo de Paris e o Esquema de Compensação de Emissões da Aviação Civil Internacional (CORSIA), houve um rápido crescimento na demanda por créditos de carbono gerados, por exemplo, através do mecanismo de Redução de Emissões do Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+). O Brasil é um dos países com o maior potencial para atrair novos investimentos, públicos e privados, associados a performance e a redução do desmatamento.
Essa é certamente uma agenda estratégica para a Amazônia, que poderá viabilizar o desenvolvimento de novos negócios florestais e a estruturação de cadeias produtivas estratégicas, como as do manejo florestal, óleos, fármacos, borrachas, alimentos e novos ativos. Esse pode ser o caminho e o futuro para a Amazônia.
