Moderfrota agressivo é fundamental

Agricultural Machinery Sector

“Temos grandes expectativas para o próximo Moderfrota. Isso porque sempre buscamos o máximo de nacionalização possível…”

Rodrigo Janzen Duck é diretor geral da Horsch do Brasil, formado em processos gerenciais. Duck é pós-graduado em economia e gestão no agronegócio pela Fundação Getúlio Vargas, e em desenvolvimento avançado de executivos pela Dom Cabral Academia Global do Agronegócio.

Rodrigo Janzen Duck, diretor geral da Horsch do Brasil


AgriBrasilis – A Horsch inaugurou sua primeira fábrica no Brasil em 13 de abril de 2023. Qual o valor investido e quais os planos para o país?

Rodrigo Duck – Investimos mais de R$ 300 milhões. A nova unidade fabril abrange área total de 40 hectares, prevendo expansões futuras. A Horsch operava em uma estrutura alugada desde 2017.

Com a inauguração da nova fábrica, esperamos consolidar nossa presença no mercado brasileiro, ampliar nossa capacidade produtiva e oferecer soluções cada vez mais inovadoras para o setor.

AgriBrasilis – O que mudou desde a entrada da empresa no país em 2014? Quais as dificuldades enfrentadas?

Rodrigo Duck – Desde a entrada da empresa no Brasil em 2014, a Horsch enfrentou desafios significativos para se adaptar às condições regionais do país. Uma das maiores dificuldades foi a adaptação dos equipamentos para o plantio direto, mais intenso no Brasil do que em outros lugares do mundo.

A safrinha apresentou desafios, como solos encharcados e muitas chuvas, complicando o plantio. A empresa foi capaz de superar esses obstáculos e adaptar seus equipamentos às condições de cada região, oferecendo soluções tecnológicas inovadoras para os agricultores. Hoje, a Horsch está consolidada no mercado brasileiro.

AgriBrasilis – A meta da Horsch é expandir a atuação para quais países da América Latina e por quê?

Rodrigo Duck – O objetivo é expandir nossa atuação para outros países da América do Sul. Atualmente, a unidade brasileira é responsável pelo mercado da região.

Identificamos grande potencial de crescimento em países como Argentina, Uruguai e Bolívia, mas ainda não temos um cronograma definido para essas expansões. A prioridade atual é concluir as expansões planejadas no Brasil.

Apesar da nossa crescente presença no Brasil, ainda não atuamos em todo o mercado nacional e estamos trabalhando para consolidar nossa posição. A expansão para outros países da América Latina será uma extensão natural do sucesso no mercado brasileiro.

AgriBrasilis – No primeiro trimestre de 2023, as vendas de máquinas agrícolas foram 20% menores que no ano anterior. Por que isso ocorreu? Essa situação deveria ser motivo de preocupação?

Rodrigo Duck – A queda nas vendas de máquinas agrícolas no primeiro trimestre é um ponto de atenção para o setor. Esses números são de tratores e colheitadeiras, mas, apesar de não trabalharmos com essas linhas de produtos, entendemos que o negócio agrícola como um todo exige um alto investimento e capital.

A falta de linhas de crédito atrativas para o produtor rural, somada à queda nos preços das commodities, tem feito com que muitos produtores segurem seus investimentos. Essa situação afeta diretamente a cadeia produtiva e pode comprometer a produtividade e a rentabilidade do agro brasileiro.

Estamos na expectativa de um plano safra que possa atender adequadamente o produtor rural, incentivando investimentos em tecnologia e produtividade, além de oferecer linhas de crédito acessíveis e atrativas. Dessa forma, poderemos assegurar um setor forte e competitivo.

AgriBrasilis – Quais as expectativas para o próximo Moderfrota?

Rodrigo Duck – Temos grandes expectativas para o próximo Moderfrota. Isso porque buscamos o máximo de nacionalização possível, não só para aproveitar as linhas de crédito oferecidas pelo programa, mas também para gerar empregos e beneficiar a economia local. A nacionalização dos produtos é importante para o mercado local e para os fornecedores locais.

Se o Moderfrota não oferecesse linhas de crédito com a qualidade necessária, a Horsch poderia continuar importando equipamentos por muitos anos, mas nós acreditamos que um Moderfrota agressivo é fundamental para permitir que os produtores continuem investindo e desenvolvendo o setor.

AgriBrasilis – Os custos de manutenção e de peças usadas têm preocupado os agricultores. Por que o impacto desses custos no orçamento dos produtores rurais aumentou? Quais as expectativas para as próximas safras?

Rodrigo Duck – Os custos de manutenção e de peças usadas têm sido preocupação constante dos agricultores, já que representam impacto significativo no orçamento.

Na Horsch, temos trabalhado com uma mentalidade diferente, buscando soluções e peças de longa duração, que permitam reduzir os custos por hectare plantado e garantir a disponibilidade da máquina no campo. Exemplo disso são os rolamentos, que no nosso caso podem durar algumas safras, diferentemente de outras marcas.

Nossa expectativa é continuar desenvolvendo soluções e equipamentos que permitam ao produtor reduzir os custos por hectare e aumentar a produtividade. O mercado é bastante competitivo e precisamos nos destacar por meio da qualidade dos nossos produtos e serviços.

AgriBrasilis – A escassez global de componentes no setor automotivo foi superada? Como isso impactou o mercado brasileiro?

Rodrigo Duck – Essa escassez não foi completamente superada. Alguns componentes ainda têm prazo de entrega prolongado e limitações de compra em grande volume.

Acreditamos que é possível superar esse desafio e vamos nos adaptar a ele. É importante investir em novas tecnologias e fornecedores para acelerar esse processo.

A escassez de componentes tem impactado o mercado brasileiro, resultando em aumentos nos custos desses componentes e, consequentemente, no preço final dos equipamentos, além de limitações no volume de produção.

Atualmente, não há risco de falta de peças de reposição para nosso volume planejado, mas é necessário planejar com antecedência para futuras expansões e crescimentos. Ainda assim, estamos trabalhando para minimizar o impacto no produtor, de forma que ele sinta o mínimo possível na ponta.

 

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