“O manejo dos enfezamentos envolve a eliminação de plantas voluntárias de milho, sincronização da semeadura, tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos…”
Daniel Debona é professor do curso de agronomia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, pesquisador, consultor e palestrante na área de fitopatologia.
Debona é engenheiro agrônomo pela Universidade Federal de Santa Maria, mestre e doutor pela Universidade Federal de Viçosa.
As doenças estão entre os principais fatores que reduzem a produtividade e a qualidade de grãos na cultura do milho, com destaque para as doenças foliares, as podridões de colmo e de espiga e os enfezamentos.
As doenças foliares mais importantes são a mancha branca, a cercosporiose, a mancha de turcicum, a mancha de bipolaris, a mancha de diplódia e as ferrugens (comum, polissora e tropical). O potencial de dano dessas doenças é bastante elevado, podendo atingir mais de 80%, conforme relatado para as epidemias de cercosporiose que ocorreram no sudoeste goiano nos anos 2000, por exemplo.
O manejo de doenças foliares envolve principalmente o uso de híbridos resistentes e a aplicação de fungicidas. No caso dos fungicidas, a escolha do produto e o momento de aplicação são cruciais para o sucesso do manejo. Dentre os fungicidas usados, destacam-se as misturas de triazois (ciproconazol, difenoconazol, epoxiconazol ou tebuconazol) ou triazolintiona (protioconazol) com estrobilurinas (azoxistrobina, metominostrobina, picoxistrobina, piraclostrobina ou trifloxistrobina) e carboxamidas (benzovindiflupir, bixafem e fluxapiroxade).
Em alguns casos, a inclusão de fungicidas multissítios, como o mancozebe, também é justificada. Além disso, novas moléculas dos grupos dos triazois (mefentrifluconazol) e das carboxamidas (adepidyn) foram recentemente registradas para uso em milho, elevando o patamar de controle de doenças.
Com relação ao momento de controle, é fundamental o emprego de fungicidas de forma preventiva, visto que a sua eficácia cai drasticamente após a manifestação dos sintomas da doença. As aplicações de fungicidas em pré-pendoamento resultam em maiores respostas produtivas, porém é fundamental realizar o monitoramento, visto que algumas doenças, como a mancha branca e a mancha de turcicum, podem iniciar mais cedo (entre V4 e V6), demandando uma antecipação do programa de controle. Aplicações após o pendoamento (VT) também podem ser necessárias, dependo da pressão de doenças, das condições ambientais e do nível de suscetibilidade do híbrido.
Diferentes gêneros de fungos estão associados a podridões de colmo, espigas e/ou grãos ardidos (Colletotrichum, Fusarium, Diplodia), sendo que alguns deles (Fusarium) também são responsáveis pela presença de micotoxinas nos grãos. O manejo dessas doenças envolve a escolha de híbridos com maior nível de resistência, a adubação equilibrada (nitrogênio e potássio), o tratamento de sementes a rotação/sucessão com culturas não hospedeiras e a semeadura em condições adequadas.
A proteção foliar com fungicidas também é importante para minimizar problemas com podridões de colmo. Além disso, o uso de híbridos com bom empalhamento das espigas e o manejo de pragas, principalmente de lagartas que causam danos às espigas (incluindo o uso de milho Bt e aplicações de inseticidas) é importante no manejo das podridões de espiga.
O enfezamento (pálido e vermelho) é o principal desafio fitossanitário da cultura do milho atualmente. Esse problema é causado por dois microrganismos procariotos (molicutes), os quais são transmitidos pela cigarrinha do milho (Dalbulus maidis), que também transmite o vírus da risca.
O manejo dos enfezamentos envolve a eliminação de plantas voluntárias de milho, sincronização da semeadura, tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos (clotianidina, imidacloprido ou tiametoxam) e aplicações foliares de inseticidas químicos (carbamatos, fenilpirazois, neonicotinoides, organofosoforados e/ou piretroides) durante o período crítico (V2-V8).
De modo geral, os inseticidas químicos apresentam baixo índice residual e a inclusão de produtos biológicos (Beauveria, Isaria, Paecilomyces e Pseudomonas) é imprescindível. De qualquer modo, o uso de híbridos mais tolerantes constitui uma das medidas de controle mais importantes, visto que temos encontrado diferenças de mais de 80 sc/ha entre híbridos devido à sua variação na tolerância aos enfezamentos.
LEIA MAIS: