Mercado de fazendas verticais deve atingir US$ 19 bilhões em 2027

“Imagine um produto que não ficou um segundo a mais sob o sol, nem sofreu com impactos de ventos, chuva, insetos ou animais. Um produto que não precisou utilizar pesticidas…”

Geraldo Maia é co-fundador e CEO da Pink Farms, formado em engenharia de produção pela Universidade Federal de São Carlos.

A Pink Farms opera desde 2019 na Zona Oeste de São Paulo e é a maior empresa de agricultura vertical urbana da América Latina. Em novembro de 2022, a SLC Agrícola decidiu investir diretamente na empresa, através da SLC Ventures. Valor não foi divulgado.

Geraldo Maia, co-fundador e CEO da Pink Farms


AgriBrasilis – O que são lavouras verticais? Qual o tamanho e a tendência de crescimento desse mercado?

Geraldo Maia – Fazendas verticais urbanas consistem em salas de cultivo com ambiente 100% isolado e controlado, que utilizam hidroponia e lâmpadas LED para a produção de alimentos. Nelas, é possível controlar temperatura, umidade, pH da água e qualquer outra variável que impacte o desenvolvimento das plantas.

O mercado mundial de fazendas verticais foi avaliado em US$ 4,51 bilhões em 2020 e estima-se que deve crescer para US$ 19 bilhões até 2027.

Cada fazenda vertical escolhe a tecnologia que lhe convém, mas acredito que todas precisem investir em ar condicionado, bombas para jogar a água lá pra cima, medidores de pH, leds especiais e um bom isolamento do ambiente.

AgriBrasilis – Que insumos são utilizados e por quê?

Geraldo Maia – Não utilizamos nenhum pesticida/agrotóxico. Quanto aos fertilizantes, usamos macro e micronutrientes aplicados na água para irrigar a planta através de hidroponia.

Mais detalhes do que isso comprometem o segredo de cada fazenda vertical.

AgriBrasilis – A atividade é competitiva?

Geraldo Maia – Sim, a atividade é competitiva. Por exemplo, hoje nossos produtos já estão em um price point inferior a outros produtos prontos para consumo classificados como orgânicos.

Nossa expectativa é que, com o lançamento da próxima unidade da fazenda, que deve ser 15x mais produtiva, consigamos oferecer alimentos perfeitos por um custo menor que nossos competidores.

AgriBrasilis – Quais as principais culturas produzidas? Existem diferenças nutricionais e de qualidade no produto final?

Geraldo Maia – Imagine um produto que não ficou um segundo a mais sob o sol, nem sofreu com impactos de ventos, chuva, insetos ou animais. Um produto que não precisou utilizar pesticidas, e que tem exatamente a quantidade/intensidade de luz, água e nutrientes que precisa para expressar sua melhor versão. Um produto que nasce limpo, não precisa passar por higienização e é embalado dentro da própria fazenda, num pack resistente, que o protege de impactos e não interfere em gosto ou aroma. Por isso esses produtos são diferenciados.

Hoje, as principais culturas são alface (crespa, mimosa e salanova) e microgreens de cenoura, alho-poró, couve, rabanete, repolho-roxo, coentro e mostarda. Aliás, os microgreens são considerados superfoods e podem chegar a ter 40x mais nutrientes que vegetais em suas fases “adultas”.

Produção indoor de hortaliças

LEIA MAIS:

É questão de tempo até o Brasil ter uma AgTech unicórnio