Ferramentas de gestão de risco e investimento no agro

commodity prices

“Os preços das mercadorias são altamente voláteis. Vários fatores externos têm impacto sobre eles, como o contexto macroeconômico, o câmbio, o clima e questões socioambientais.”

Louis Gourbin é superintendente de commodities na B3, possui MBA executivo pelo Insper e graduação em economia e ciência política pela Universidade de Montreal.

Gourbin é especialista em trading de commodities e gestão de risco. Foi trader de grãos e gerente de risco financeiro na Bunge Brasil.

Louis Gourbin, superintendente de commodities na B3


AgriBrasilis – Por que a gestão de riscos é tão importante para o produtor rural?

Louis Gourbin – Os preços das mercadorias são altamente voláteis. Vários fatores externos têm impacto sobre eles, como o contexto macroeconômico, o câmbio, o clima e questões socioambientais. A gestão de risco, por meio de ferramentas da bolsa, como opções de mercadorias ou de câmbio, permite amenizar o risco de preços e garantir o nível de receita para a produção. Com visibilidade quanto ao custo de produção, o produtor consegue garantir margem e não ficar exposto à volatilidade dos preços.

AgriBrasilis – O que são contratos derivativos? Por que são diferentes do seguro?

Louis Gourbin – Os derivativos são os contratos de futuros e opções, como os negociados na B3. Contratos futuros permitem que você negocie uma mercadoria numa data futura (próximo mês ou próxima safra), se posicionando do lado comprador ou vendedor.

Já com as opções, você negocia o direito de comprar ou vender determinado ativo no futuro, por um preço pré-definido, perante o pagamento ou recebimento de um prêmio.

O comprador tem o direto de exercitar a sua opção se ela for favorável no vencimento. O vendedor tem a obrigatoriedade de realizar a operação. O objetivo desses contratos é fazer uma trava de preço que age como um seguro para a sua operação no mercado físico.  Esse mecanismo é conhecido como hedge.

O seguro tem a mesma finalidade: garantir preço. A diferença é que um contrato com uma seguradora é um contrato comercial bilateral entre as partes. Os derivativos negociados na B3 são regidos pelas regras da negociação e têm os preços em tela.  Os seguros oferecidos por uma companhia usam seus próprios cálculos ou podem utilizar futuros e opções listados em bolsa.

AgriBrasilis – No que consiste o contrato Futuro de Soja Brasil* em parceria com a bolsa de Chicago? Como ele beneficia o produtor?

Louis Gourbin – O Futuro de Soja Brasil foi desenvolvido em parceria com a bolsa de Chicago, CME Group, com o objetivo de ser um mecanismo de proteção mais seguro, baseado no preço da soja brasileira e negociado em duas bolsas que são líderes mundiais.

O contrato tem como referência o preço de exportação no porto de Santos e liquidação financeira calculada em dólares por tonelada pelo índice S&P Global Platts.

Até o lançamento desse contrato, o produtor precisava recorrer à Bolsa de Chicago e ao preço da soja americana para fazer hedge dos grãos negociados. Com o novo derivativo brasileiro, os produtores locais têm à disposição uma ferramenta de gestão de risco do preço da soja brasileira.

AgriBrasilis – Como surgiu o Índice Futuro de Milho B3 (IFMILHO B3)?

Louis Gourbin – Índice Futuro de Milho B3 (IFMILHO B3) foi criado atendendo uma demanda dos participantes do mercado por mais produtos ligados ao agronegócio.

O milho é uma commodity de grande relevância no Brasil, muito usado pela indústria na fabricação de ração animal. As duas safras anuais no Brasil garantem a oferta em boa parte do ano. No entanto, grande parte das negociações acontece nos períodos de safra e entressafra.

Assim, o Contrato Futuro de Milho (CCM) foi desenvolvido para dar aos participantes do mercado uma ferramenta para a gestão do risco de oscilação de preço dessa commodity, permitindo que eles prevejam antecipadamente quanto irão receber pela produção ou desembolsar para a compra.

O IFMILHO B3 é o resultado de uma carteira teórica de CCM. Dessa forma, o indicador refletirá a variação do preço da commodity.

AgriBrasilis – O que se deve esperar do agro brasileiro para o próximo ano?

Louis Gourbin – Acredito que o mercado agrícola brasileiro vai continuar crescendo de forma sustentável, utilizando tecnologia que otimiza os rendimentos das terras.

O Brasil também tem muita terra de pastagem que pode ser transformada em lavoura ou em confinamentos mais intensivos. Essa otimização contribui para o aumento de produção e fomenta a segurança alimentar do Brasil e do mundo.

Como B3, apoiamos o crescimento sustentável da produção e o aumento da relevância do papel do Brasil neste contexto. Oferecemos produtos e serviços que conectam os investidores ao setor, garantindo opções de proteção e de financiamento para os participantes desse segmento.

 

* A B3 lançou em 2021 o contrato Futuro de Soja Brasil, que começou a ser negociado a partir de 29 de novembro na B3 e na Bolsa de Chicago.

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