“O solo pode atuar como um dreno ou caixa de armazenamento de carbono no solo. Estima-se que no solo existe uma quantidade de 2.500 Pg de carbono.”
Risely Ferraz-Almeida é professora e pesquisadora no Instituto Federal de Tocantins, associada ao MBA em agronegócio da USP/Esalq. Ferraz-Almeida é agrônoma, mestre, doutora e pós-doutora em Ciência do Solo, com MBA em gestão de projetos.
O solo pode atuar como um dreno ou caixa de armazenamento de carbono no ambiente. Estima-se que no solo existe uma quantidade de 2.500 Pg de carbono (1 Pg equivale a 1 bilhão de toneladas), três vezes superior ao encontrado na atmosfera e quatro vezes maior do que o carbono presente na vegetação.
A acumulação de resíduos vegetais na superfície do solo contribui para aumentar o carbono no solo, além de diminuir as oscilações da temperatura, mantendo o solo mais frio e mais úmido durante as estações quentes e secas, promovendo também a atividade microbiana e o desenvolvimento das culturas.
O manejo do solo influência diretamente na acumulação e fixação de carbono em sistemas agrícolas, na forma de matéria orgânica do solo e material vegetal, ou na emissão de CO2 e CH4 derivado da decomposição desses materiais.
O preparo reduzido do solo, com o uso do sistema plantio direto, pode diminuir as emissões de CO2, aumentando os estoques de carbono do solo. O sistema plantio direto é um conjunto de processos tecnológicos preconizados pela agricultura conservacionista com o não revolvimento do solo, manutenção da palhada no solo, e rotação de cultura, que são manejos utilizados e destinados à exploração de sistemas agrícolas produtivos.
A integração entre culturas em uma mesma área também contribuiu para aumentar os estoques de carbono no solo e a promover a conservação do solo. Um exemplo é a Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF), com a realização de diferentes sistemas produtivos implantados na mesma área, em consórcio, rotação ou sucessão. Em uma mesma área, no sistema ILPF, ocorre a integração da atividade agrícola (exemplo, produção de grãos), pecuária (exemplo, criação de bovinos) e florestal (exemplo, produção de eucalipto), buscando efeitos sinérgicos entre seus componentes, contemplando a adequação ambiental e a viabilidade econômica.
Acredita-se que a ampliação do uso de sistemas conservacionistas é uma alternativa para potencializar a produção agrícola com maior aporte de carbono dos solos agrícolas, reduzindo a emissão de CO2 atmosférico e contribuindo para a redução dos efeitos do aquecimento global.
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