Palestras do 15o Brasil Agrochemshow – 13 de agosto
O 1º dia do 15o Brasil Agrochemshow aconteceu em São Paulo, em 13 de agosto. O evento é organizado pela CCPIT CHEM, da China, e pela consultoria brasileira do agronegócio AllierBrasil.
No primeiro dia de palestras, especialistas do agronegócio e do mercado de agrotóxicos discutiram sobre o panorama agrícola brasileiro, chinês e peruano, e sobre o mercado de agroquímicos.
Prioridades e desafios da Secretaria de Defesa Agropecuária
Carlos Goulart – Secretário de Defesa Agropecuária do MAPA
O Brasil está passando por muitas mudanças na legislação na área de registro de agrotóxicos. “No Brasil, temos o sistema mais lento do mundo para registrar agrotóxicos químicos, mas temos o mais rápido para produtos biológicos… e tudo isso seguindo a mesma legislação”.
“O sistema brasileiro de registro de agrotóxicos é o mais lento do mundo, muito caro e imprevisível”.
Panorama, tendências e desafios no mercado de pesticidas
Filipe Guimarães – Diretor de marketing de produtos América Latina na Syngenta Proteção de Cultivos
O mercado brasileiro de agrotóxicos aumentou dez vezes de tamanho desde o ano 2000. “Mesmo com as diferentes fases que passamos… quando tivemos algumas contrações cíclicas de mercado, esse é um mercado que continuará a crescer. Pode até não crescer com a mesma velocidade de antes, mas o Brasil continuará impulsionando o agronegócio mundial”. Uma tendência importante para os próximos anos envolve a combinação de agrotóxicos químicos e biológicos.
Manejo integrado de pragas na cultura da soja
Adeney de Freitas Bueno – Pesquisador da Embrapa Soja
Há uma necessidade crescente de uma abordagem variada no tratamento das pragas agrícolas, com ênfase em práticas sustentáveis. “Podemos duplicar a área agrícola sem cortar uma única árvore. Temos hoje 160 milhões de hectares de pastagens no Brasil, e 28 milhões de hectares têm alto potencial agrícola… esses poderiam ser usados para agricultura”.
O crescimento da agricultura no Brasil exige melhores estratégias no enfrentamento de pragas e doenças. “Não podemos adotar as ferramentas do passado. Temos que usar o Manejo Integrado de Pragas, o MIP… Por exemplo, os inseticidas químicos ainda são a principal ferramenta para lidar com as pragas da soja, mas a tendência é que o uso desses produtos diminua”.
Cenário econômico do Brasil
Luiz Fernando Figueiredo – Chairman da Jive Investments
O Brasil passou por um grande pacote de reformas na última década. “Devido às muitas mudanças e reformas, os economistas cometeram erros graves ao prever os dados sobre a economia do país. O Brasil cresceu mais que o esperado… Todas essas reformas dificultaram as estimativas de crescimento”.
Uma das maiores mudanças dos últimos anos foi a lei de autonomia do Banco Central do Brasil, promulgada em 2021. “Nenhum país ‘bom’ no mundo tem um Banco Central sem autonomia. Essa é uma ótima mudança”.
Panorama da indústria de pesticidas e biopesticidas da China
Jalen Fan – Vice-diretor da Divisão 1 do CCPIT CHEM
Insights sobre os dados de registros de pesticidas e empresas registrantes da China, para produtos químicos formulados e pesticidas técnicos. Mais de 600 registros foram cancelados e agrotóxicos como ometoato, carbofurano, butilato 2,4-D, paraquat e outros passaram por restrições ou foram banidos.
“Em 2023, a produção foi de 1.849 mil toneladas de princípios ativos de agrotóxicos… e 1.560 mil toneladas de princípios ativos foram exportadas para mais de 180 países”. Sobre os produtos biológicos para agricultura, incluindo biopesticidas, biofertilizantes e bioestimulantes, esse mercado é composto por mais de 1.900 princípios ativos e 7.200 marcas, comercializadas por mais de 700 empresas na China.
Evolução da Indústria de Agroquímicos na China
Zhang Jinlong – Pesquisador independente
Visão geral das atuais circunstâncias da indústria agroquímica na China, destacando as fases de escassez aperiódicas devido a paralisações ou os casos de grave excesso de capacidade. “A indústria agroquímica chinesa não está isolada. As empresas chinesas desempenham papéis muito importantes na indústria agroquímica global”.
Há uma consolidação da indústria de pesticidas no país, com destaque para o processo de Fusões e Aquisições, com exemplos como os casos da aquisição da Shijie pela Maxunitech, ou da Bide pela Lier, etc.
Registro de pesticidas no Peru
Vanessa Del Pilar Mendoza Soto – Gerente geral da Agro Advice Perú SAC
A palestra apresentou a regulamentação andina para registro de agrotóxicos, com destaque para a Resolução 2.075, “Manual Técnico Andino para Registro e Controle de Agrotóxicos de Uso Agrícola”.
O processo de registro de produtos no Peru envolve três autoridades: o Serviço Nacional de Saúde Agrária do Peru, a Direção Geral de Assuntos Agroambientais e a Direção Geral de Saúde Ambiental e Segurança Alimentar, cada uma lidando com um aspecto diferente do registro de pesticidas no país.
Palestras do 15o Brasil Agrochemshow – 14 de agosto
O 2º dia do 15o Brasil Agrochemshow aconteceu em São Paulo, no dia 14 de agosto. O evento é organizado pela consultoria brasileira de agronegócio AllierBrasil, e pela CCPIT CHEM, da China. Foram dois dias de palestras e exposições, com a presença de participantes do Brasil, Índia, China, América Latina.
Na segunda seção de palestras, houve mais discussões sobre o agronegócio brasileiro e o mercado de agroquímicos. Profissionais renomados falaram sobre registro de agrotóxicos, cooperativas agrícolas, uso adequado de agrotóxicos e fertilizantes, etc.
Expansão da Coopercitrus e futuro das cooperativas no agro
Fernando Degobbi Sambonovich – CEO da Coopercitrus
Insights sobre a nova abordagem digital da agricultura, georreferenciamento, mercado agrícola e informações sobre a atuação da Coopercitrus. “Nossa proposta de valor é oferecer tudo o que o agricultor precisa. Somos uma cooperativa agrícola diferente: a maioria ganha mais com originação de grãos, verticalização, por exemplo. Nós ganhamos mais com a venda de insumos”.
Pontos críticos na avaliação de registro de produtos formulados
Tatiane Almeida do Nascimento – Chefe da divisão de registro de produtos formulados da Secretaria de Defesa Agropecuária do MAPA
Os pontos críticos para o registro de agrotóxicos, com exemplos relacionados às diferentes categorias de produtos formulados. “Ao realizar experimentos para avaliação da eficácia agrícola, as empresas devem verificar como o agrotóxico atua nas diferentes regiões e estados brasileiros, com foco na localização das lavouras. As empresas não devem focar em única região ou área”.
Registro de Agrotóxicos e a Lei 14.785
José Victor Torres – Coordenador-Geral de Agrotóxicos e Afins do MAPA
Apresentação da linha do tempo das mudanças pelas quais passou a legislação de agrotóxicos no Brasil, que culminou na nova Lei de Agrotóxicos nº 14.785. Essa lei ainda está em discussão, visto que necessita de decretos e normas para regular adequadamente o processo de registro. “Agora teremos as regras do ‘jogo’ bem definidas. Mas ainda há muito trabalho, porque precisamos regulamentar essa lei”.
Uso racional de fertilizantes
Godofredo Vitti – Pesquisador e professor de adubos, adubação e fertilidade do solo na Esalq/USP
Comentário sobre a dependência da importação de fertilizantes enfrentada pelo Brasil, que precisa comprar nitrogênio, fósforo, potássio do exterior. “O ponto fraco do Brasil está nas importações de fertilizantes”. Algumas opções para contornar esse problema são o plantio direto, o cultivo mínimo, práticas de correção do solo (calagem, gesso agrícola), etc.
Dinâmica ambiental de herbicidas
Paulo Vinicius da Silva – Professor de biologia e manejo de plantas daninhas da Universidade Federal da Grande Dourados
Comentou sobre os processos de fotodegradação, volatilização, transporte, absorção, etc., que podem afetar a eficácia dos agrotóxicos e os impactos ambientais desses produtos. “Os processos de transformação das moléculas de herbicidas no solo e na água resultam da degradação em compostos secundários, até a sua completa mineralização”.
Registro de agrotóxicos: tempo, ação judicial, nova lei
Flavio Hirata – Sócio da AllierBrasil
Um panorama sobre o longo prazo para aprovação de registros no Brasil, que é o gargalo de acesso ao mercado. “Um registro pode levar até 10 anos para ser aprovado. E quando o registro for aprovado, pode acontecer que o princípio ativo deixe de ser importante para o mercado”.
Não existem diferenças significativas no tempo de registo quando se compara os últimos 3 anos. As empresas tentam agilizar os registros por meio de ações judiciais contra os órgãos reguladores, e essas ações representaram 30% das aprovações de produtos genéricos em 2023, segundo publicações do Diário Oficial da União. Houve também apresentação dos dados de cancelamentos de produtos: 177 em 2023 e 129 em 2022.