Os bioinsumos chegaram para ficar!

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“…acreditamos no crescimento do mercado de insumos biológicos no médio/longo prazo…”

Marcelo Pessanha é CEO da Crop Care, holding controlada pelo Fundo Pátria Investimentos e que possui foco na aquisição de indústrias de insumos especiais para o agro.

Pessanha é engenheiro agrônomo formado pela Faculdade Dr. Francisco Maeda, com MBA em Marketing e Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral.

A Crop Care faz parte da mesma plataforma da Lavoro, maior distribuidora e redistribuidora de insumos agrícolas da América Latina.

Marcelo Pessanha, CEO da Crop Care


AgriBrasilis – O senhor considera que os bioinsumos “chegaram para ficar”? 

Marcelo Pessanha – É seguro dizer que os bioinsumos são o futuro da agricultura. Diversos estudos mostram crescimento exponencial do mercado. Segundo a pesquisa FarmTrak, da Kynetec, o mercado de bioinsumos movimentou US$ 827 milhões no Brasil na safra 2022/23, alta de 52% ante o período anterior, de US$ 547 milhões.

O uso de biodefensivos avançou de 3,6% para 4% do total de transações verificadas no setor de defesa vegetal. A área tratada cresceu 19%, e os bioinsumos preencheram área equivalente a 112,831 milhões de hectares em 2022/23, nas principais regiões produtoras, ante 94,736 milhões em 2021/22. Isso prova o potencial do mercado de bioinsumos, e mostra que a cada ano o produtor aceita mais essas soluções.

AgriBrasilis – Quais os produtos mais utilizados? 

Marcelo Pessanha – Existe uma variedade de produtos biológicos utilizados na agricultura brasileira. De acordo com a CropLife Brasil, os insumos biológicos mais utilizados na safra 2022/23 foram:

Bionematicidas:

  • Bactérias: Bacillus subtilis, Bacillus thuringiensis, Pseudomonas fluorescens
  • Fungos: Pochonia chlamydosporia, Beauveria bassiana
  • Protozoários: Steinernema carpocapsae, Heterorhabditis bacteriophora

Bioinseticidas:

  • Bactérias: Bacillus thuringiensis, Bacillus sphaericus
  • Fungos: Beauveria bassiana, Metarhizium anisopliae, Lecanicillium lecanii
  • Vírus: Nucleopolyhedrovirus
  • Outros: Nematoides entomopatogênicos

Biofungicidas:

  • Bactérias: Bacillus subtilis, Pseudomonas fluorescens, Trichoderma harzianum
  • Fungos: Trichoderma harzianum, Trichoderma virens, Fusarium oxysporum f. sp. melonis
  • Outros: Extratos vegetais

Biofertilizantes:

  • Bactérias: Azospirillum brasilense, Rhizobium leguminosarum bv. phaseoli, Bradyrhizobium japonicum
  • Fungos: Trichoderma harzianum, Aspergillus niger

Importante ressaltar que esses são apenas alguns exemplos dos microrganismos utilizados. O mercado de bioinsumos está em constante expansão, e novos produtos e tecnologias estão sendo desenvolvidos.

Esses produtos tem sua eficiência comprovada, exercendo uma performance tão boa quanto os químicos. Também são, em sua grande maioria, mais baratos que insumos tradicionais, além de oferecerem uma “pegada verde”, ou seja, são ecologicamente corretos e ajudam na manutenção de lavouras sustentáveis.

AgriBrasilis – Que problemas ainda atrasam o desenvolvimento do setor? 

Marcelo Pessanha – Existem vários desafios para o desenvolvimento do setor, entre eles a regulamentação. O mercado de bioinsumos é complexo. Por isso, é preciso uma regulamentação mais eficaz, mas que também seja flexível, e que garanta a regularização de novos produtos e novas tecnologias de forma rápida e segura.

A profissionalização do setor precisa continuar avançando, sobretudo para agricultores que praticam o “on farm”. Sem o acompanhamento sistemático da qualidade e a garantia da manutenção da vida dos microrganismos corretos, a eficácia dos produtos é prejudicada, gerando falsos entendimentos sobre o controle e os benefícios.

AgriBrasilis – O que se espera do Marco Jurídico dos Bioinsumos, PL nº 3.668/2021? 

Marcelo Pessanha – O Marco Jurídico dos Bioinsumos, PL nº 3.668/2021, é um projeto de lei que regulamenta o uso de bioinsumos na agricultura brasileira. O projeto foi aprovado pelo Senado Federal em setembro de 2023 e segue para análise da Câmara dos Deputados.

Espera-se que o PL traga uma série de benefícios para o setor agropecuário brasileiro, incluindo:

Promover a transição para uma agricultura mais sustentável:

  • Bioinsumos são mais seguros para a saúde humana e ambiental do que os insumos químicos. O Marco Jurídico dos Bioinsumos deve incentivar o uso de bioinsumos, contribuindo para a sustentabilidade do setor agropecuário.

Aumentar a competitividade do setor agropecuário brasileiro:

  • Bioinsumos são uma alternativa mais barata aos insumos químicos. O Marco Jurídico dos Bioinsumos deve facilitar o acesso aos bioinsumos, tornando-os mais competitivos e contribuindo para a competitividade do setor agropecuário.

Gerar empregos e renda:

  • A produção e o uso de bioinsumos geram empregos e renda no campo. O Marco Jurídico dos Bioinsumos deve impulsionar o desenvolvimento desse mercado.

Em suma, acreditamos que o Marco Jurídico dos Bioinsumos é uma importante iniciativa para o setor agropecuário. O projeto tem o potencial de promover a transição para uma agricultura mais sustentável, aumentar a competitividade do setor e gerar empregos e renda.

AgriBrasilis – Qual é a atuação da Crop Care no setor de insumos agrícolas? A Agrobiológica é hoje a principal aposta da empresa?

Marcelo Pessanha – A Crop Care é uma holding brasileira que atua no mercado de insumos químicos, biológicos e fertilizantes especiais. Além da Agrobiológica Sustentabilidade, uma plataforma inovadora de soluções biológicas e on farm, o portfólio da empresa conta com outras empresas, como: a Perterra e K2, que possuem extenso portfólio de agroquímicos pós-patente; Union Agro, uma das líderes em fertilizantes especiais; e a Cromo Química, especializada na produção de adjuvantes de alta performance e potencializadores para agricultura.

Através da parceria com distribuidores e cooperativas, e acesso direto a companhias agrícolas, a Crop Care está presente em grandes regiões produtoras da América Latina.

Atualmente, a Agrobiológica representa a maior fatia de investimentos da Crop Care, sobretudo pela sua capacidade de escalabilidade e porque acreditamos no crescimento do mercado de insumos biológicos no médio/longo prazo.

AgriBrasilis – O senhor disse que “oito em cada dez agricultores já utilizam fertilizantes especiais”. Essa adoção pode crescer ainda mais?

Marcelo Pessanha – Certamente, e não só no caso dos novos adeptos, mas também no crescimento da adoção dos que já são usuários. Diferente do tradicional NPK, os biofertilizantes contêm microrganismos benéficos, como bactérias, fungos, ou outros organismos, projetados para melhorar a qualidade do solo, aumentar a absorção de nutrientes pelas plantas e, consequentemente, aumentar a produtividade agrícola. Podemos citar: a maior fixação de Nitrogênio, bem como a transformação do “N” atmosférico em “N” Nutricional, de forma barata e eficiente; o aumento da matéria orgânica do solo; a solubilização e disponibilização de fósforo para as plantas; supressão de patógenos; e estímulo ao crescimento das plantas.

Os biofertilizantes especiais são parte importante da agricultura sustentável, pois ajudam a reduzir a dependência de fertilizantes químicos, minimizando impactos ambientais. Eles também melhoram a saúde do solo e contribuem para a produtividade agrícola de forma mais sustentável.

 

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