Práticas sustentáveis garantem alta produtividade da soja

“Destaque para as práticas de plantio direto na palha, rotação de cultura, manejo do perfil do solo, velocidade de plantio, uso de variedades adaptadas à região, sementes de alto vigor…”

Marcelo Habe é presidente do Comitê Estratégico Soja Brasil – CESB e diretor de marketing e P&D da Araguaia, engenheiro agrônomo pela Universidade de Brasília, com pós graduação em fitopatologia. Habe foi diretor de marketing da Sumitomo e da Nufarm.

O CESB realiza o Desafio Nacional de Máxima Produtividade da Soja. Em 2023, a 15ª edição do Desafio já conta com 6.500 inscrições e 750 auditorias realizadas.

Nos últimos 5 anos, o Desafio registrou produtividade média de 104,30 sc/ha entre os melhores 100 produtores.

Marcelo Habe, presidente do Comitê Estratégico Soja Brasil


AgriBrasilis – O que é o Desafio Nacional de Máxima Produtividade da Soja?

Marcelo Habe – O Desafio é uma ferramenta de transferência de tecnologia e boas práticas. O Desafio é também um grande concurso nacional de produtividade, mas difere-se pela sua credibilidade, pois suas informações são auditadas, e por fazer o produtor acreditar que é possível produzir muito mais soja.

Se devido ao Desafio o produtor conseguir aprender e extrair uma prática que aumente sua produção em 1 ou 2 sacas/ha pelo menos, isso já valeu sua participação. Se olharmos a tabela de resultados de produtividade do Desafio, perceberemos que o aumento de produtividade é replicável e escalável.

A régua de produtividade do Desafio da Soja, que é o patamar esperado para os participantes, foi aumentada de 90 para 95 sacas/hectare exatamente devido aos aumentos constantes de produtividade dos agricultores ao longo dos anos.

AgriBrasilis – Que práticas e tecnologias agrícolas são identificadas como as que mais incrementam a produtividade da soja? O que os agricultores campeões de produtividade têm em comum?

Marcelo Habe – Não existe uma “receita de bolo” para aumentar a produtividade. Cada caso varia muito: de produtor a produtor, entre cada região, dentre outras variáveis. Claro que alguns componentes tecnológicos são bastante frequentes nos casos campeões ao longo desses 15 anos de existência.

Destaque para as práticas de plantio direto na palha, rotação de cultura, manejo do perfil do solo, velocidade de plantio, uso de variedades adaptadas à região, sementes de alto vigor e germinação e utilização de defensivos agrícolas e biológicos no momento correto. Esses são alguns exemplos, mas cada tecnologia e prática tem seu papel e importância na construção das altas produtividades.

Só é possível atingir altas produtividades ao se utilizar práticas sustentáveis. Todas as práticas citadas são técnicas que permitem uma agricultura mais resiliente e mais sustentável, tanto no prisma ambiental, ou seja, conservação de água, preservação da biodiversidade e sequestro de carbono, quanto do ponto de vista financeiro, visando a rentabilidade e maior extração de valor por unidade de área agricultável.

Não existe uma região específica ou mesmo dominante em altas produtividades. Nossos dados mostram que qualquer produtor pode ser um campeão, mas isso não acontece da noite para o dia.

É necessário um plano de construção de produtividade adequado cada condição específica. Já tivemos campeões do Paraná, Bahia, São Paulo, entre outros estados, mostrando que não é o local ou a cultivar que faz a diferença, mas sim a vontade e conhecimento para desafiar seus limites de produtividade.

AgriBrasilis – Qual a atuação do Comitê Estratégico Soja Brasil? Quem são seus membros e parceiros?

Marcelo Habe – Somos uma organização fundada há 15 anos, sem fins lucrativos, que tem o propósito estratégico de contribuir de forma referencial para o crescimento da produtividade da cultura da soja, e de seu sistema produtivo, com sustentabilidade e rentabilidade. Nosso propósito está alinhado com a necessidade de minimizar os desafios globais da segurança alimentar e mudanças climáticas.

Os membros do CESB são voluntários e importantes influenciadores do mercado, com especializações em diversas áreas da cadeia de valor da soja. São pesquisadores de entidades privadas; instituições públicas, como a Embrapa; professores de universidades; sojicultores; etc.

 

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