Aumento da população de cascudinho-da-soja

“ …manejo das plantas tigueras e invasoras é uma importante ferramenta para o controle das infestações de cascudinho-da-soja… “

Silvio Favero, professor adjunto da Universidade Federal de Mato Grosso, Engenheiro Agrônomo, mestre em entomologia e doutor em produção vegetal pela Universidade Estadual do Norte Fluminense.

Desde as últimas safras verifica-se o aumento da população de um inseto chamado de cascudinho-da-soja, besouro da espécie Myochrous armatus, da família Chrysomelidae, a mesma das vaquinhas-das-folhas. O cascudinho-da-soja é muito confundido com o “Torrãozinho”, da espécie Aracanthus mourei, da família Curculionidae onde encontramos também os gorgulhos, o bicudo-do-algodoeiro e tamanduá-da-soja.

É importante diferenciar as espécies para o sucesso do manejo de pragas. O cascudinho tem a coloração preta fosca, é recoberto de escamas, tem 5 mm de comprimento e cabeça curta. Suas larvas são amareladas e vivem no solo, alimentando-se de matéria orgânica e raízes de plantas de diversas espécies, mas não há registro de danos nesta fase. O ataque dos adultos ocorre geralmente poucos dias após a emergência das plantas de soja. Nesse período, os insetos concentram-se no caule e causam o tombamento e a morte das plântulas. Nos horários mais quentes do dia, os adultos se abrigam sob a palhada.

A incidência da praga é maior nas regiões sul e leste do Estado de Mato Grosso, mas ocorre em todas as regiões. O período de plantio coincide com a maior incidência do inseto, que prefere épocas chuvosas. Durante a seca o cascudinho permanece no solo, no estádio de pupa, mantendo-se nessa fase por um período aproximado de sete meses, até que tenha novamente condições adequadas para a emergência dos adultos.

O cascudinho é polífago, ou seja, utiliza várias espécies de plantas como alimento como as braquiárias, fedegoso, amendoim-bravo, feijão e milho. Assim, o manejo das plantas tigueras e invasoras é uma importante ferramenta para o controle das infestações, aliado ao tratamento de sementes que protegerá a plântula no período de maior suscetibilidade ao inseto. Pesquisadores da Fundação MT registraram uma maior incidência de cascudinho no sistema de plantio soja-braquiária e soja-milho e uma menor incidência no sistema soja-algodão, provavelmente porque neste último há uma menor camada de palhada.

Ainda não há informações consistentes de controle biológico da praga, mas em insetos da ordem Coleoptera (besouros), os fungos do genêro Beuaveria têm-se mostrado bastante eficientes.

 

LEIA MAIS:

Pragas do algodão no Cerrado