ChatGPT do Agro: quem não adotar Inteligência Artificial está correndo riscos

Chatgpt do agro
Last modified on: February 3, 2025

“O Turing, conhecido como ChatGPT do Agro, consiste em uma plataforma de inteligência artificial capaz de integrar dados de diferentes fontes heterogêneas…”

Anderson Rocha é pesquisador e professor na Unicamp, consultor de Inteligência Artificial da Psyche Aerospace, bacharel em ciência da computação pela Universidade Federal de Lavras, com mestrado e doutorado pela Unicamp.

Gabriel Leal é CEO da Psyche Aerospace, startup aeroespacial sediada em São José dos Campos, SP.


AgriBrasilis – Quais as aplicações da Inteligência Artificial (IA) no agro?

Gabriel Leal e Anderson Rocha – Como diz o conselheiro da Psyche, Eder Fantini, “o campo emana dados”. As aplicações são inúmeras, incluindo a identificação de problemas na plantação e no solo, pragas, ervas daninhas, falta ou excesso de nutrientes, estresse hídrico, previsão de produção e safra, maior assertividade em relação às previsões meteorológicas, apoio ao planejamento e decisão, planejamento de insumos e semeio, etc.

Além do agricultor, toda a cadeia do agro pode ser beneficiada pelo uso de IA. Por exemplo, o setor bancário e de seguros pode se beneficiar com uma maior previsibilidade sobre os aspectos climáticos e produtividade do campo, melhor análise de dados públicos em uma visão integrada do que acontece no agro brasileiro, etc. Para o setor de insumos, pode-se calcular melhor o que e quanto é necessário de insumos em cada talhão ao invés de uma fórmula geral (e possivelmente ineficiente) para toda uma fazenda.

AgriBrasilis – A IA já está no cotidiano do agricultor? Quais são as dificuldades para a adoção dessa tecnologia? 

Gabriel Leal e Anderson Rocha – O agro brasileiro é muito diverso. Existem produtores que já aproveitam as vantagens do uso de sensores e de técnicas de IA, enquanto outros ainda nem sabem da existência dessas tecnologias.

Nosso objetivo é desenvolver uma tecnologia (drones + IA) acessível e compreensível para todos. Duas grandes barreiras até hoje foram a falta de conhecimento sobre essas soluções e a falta de um player como a Psyche, capaz de pensar toda a cadeia: desde a coleta de dados via drones e rovers, pulverização via drones altamente capazes e uma inteligência artificial integrada. Como dizia Steve Jobs, empresas sérias que fazem software, desenvolvem seu próprio hardware. Outra grande limitação é a barreira do preço e as atuações com escala limitada das soluções existentes.

AgriBrasilis – Quais as previsões para os próximos anos? 

Gabriel Leal e Anderson Rocha – Cada vez mais a população sentirá a necessidade e os efeitos das tecnologias exponenciais que estão formando a revolução da convergência. Cada vez mais sentimos os impactos da robótica, internet das coisas, nanotech, biotech e IA.

AgriBrasilis – Quais os riscos do uso da IA no campo?

Gabriel Leal e Anderson Rocha – O maior risco do uso da IA no campo é a sua não adoção. A necessidade de produzirmos mais alimentos com mais qualidade, eficiência e rapidez em meio aos desafios climáticos exige soluções inteligentes e “fora da caixa”. Se não atuarmos rapidamente, “sensorizando” o campo, criando inteligência no agro, não conseguiremos vencer os desafios que temos pela frente. Em outras palavras, a IA é hoje o maior aliado do produtor para pensar o futuro alimentício do planeta.

AgriBrasilis – Essa tecnologia vai reduzir as vagas de trabalho? 

Gabriel Leal e Anderson Rocha – Toda tecnologia muda a dinâmica em seu meio. Há vagas criadas, outras mudadas e outras deixam de existir. No entanto, o impacto da IA no campo é tão grande que acreditamos que muitas vagas e oportunidades serão criadas. Talvez algumas vagas deixem de ser criadas e a sociedade também está pensando nisso. A saída é a requalificação do trabalhador em outras atividades. São empregos de qualidade sendo criados, deixando a mão de obra pesada para as máquinas.

AgriBrasilis – A Psyche está desenvolvendo o “ChatGPT do agro”. No que consiste essa plataforma?

Gabriel Leal e Anderson Rocha – O Turing, conhecido como ChatGPT do Agro, consiste em uma plataforma de inteligência artificial capaz de integrar dados de diferentes fontes heterogêneas, como dados públicos disponíveis na internet, meteorologia, financeiros, análises de mercado, boletins agro, bem como os dados coletados direto no campo via drones e rovers para prover soluções de apoio à tomada de decisão desde o produtor até os outros players ligados à cadeia do agro (bancos, seguradores, insumos).

Nosso objetivo é revolucionar a forma como se pensa o agro, ajudando-o a resolver os complexos problemas de nosso tempo. As soluções estarão disponíveis para indústria do Agro, pequenos, médios e grandes produtores; todos com acesso a soluções de ponta, empoderando tais players à tomada de decisões embasadas em dados e evidências.

AgriBrasilis – Como a entrada dos chineses (DeepSeek) no mercado de IA muda o panorama do setor? 

Gabriel Leal e Anderson Rocha – A entrada de mais players no cenário global da IA não é surpresa para quem está no ramo. É notável a rapidez e seriedade com que os pesquisadores da China, Taiwan, Hong Kong, Singapura, Coreia atuam. Para o mundo, de forma geral, é muito bom a entrada de mais jogadores nesse complexo jogo de xadrez. Quanto mais gente nesse mercado, melhor, pois a população se beneficia mais.

 

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