Milheto é um grande reciclador de nutrientes, reduz nematoides e produz palhada de qualidade

“Recentemente, a Anvisa aprovou o milheto como sendo um cereal integral, podendo fazer parte de farinhas…”

Juca Matielo é diretor comercial da ATTO Sementes, formado em engenharia agronômica, com pós-graduação em produção e tecnologia de sementes pela Universidade Federal de Pelotas, MBA em Gestão Empresarial pela FGV.

Juca Matielo, diretor comercial da ATTO Sementes


AgriBrasilis – Quão lucrativo é o cultivo de milheto?

Juca Matielo – Os híbridos Graníferos ADRG 9060 e ADRG 9070 proporcionam ao agricultor uma renda direta na venda do grão para mercado (granjas, confinadores, suinocultores, entre outros) e também agregam produtividade nas culturas subsequentes. Por exemplo, na soja agregam uma produtividade de 3,5 sacas a mais quando comparamos com a soja plantada subsequente a outras culturas de segunda safra. Isso porque o milheto é um grande reciclador de nutrientes, reduz nematoides e produz uma palhada de muita qualidade.

AgriBrasilis – Por mais que seja o sexto cereal mais importante do mundo, muitas pessoas não conhecem o milheto. Quais são os usos potenciais e em que regiões a planta é cultivada?

Juca Matielo – O milheto tem vários usos, como para a produção de grãos (base importante para rações de aves, suínos e confinamento), produção de silagem, pré-secado e forragem. Para todos esses mercados, a ATTO tem um híbrido de milheto específico. Recentemente, a Anvisa aprovou o milheto como sendo um cereal integral, podendo fazer parte de farinhas, pães e biscoitos para alimentação humana, mercado em que o milheto está crescendo devido também às suas qualidades nutricionais, além de não conter glúten. No Brasil ele pode ser cultivado em todas as regiões graças à sua característica de resiliência ao estresse hídrico e por ir bem em todo tipo de solo.

“Isso porque o milheto é um grande reciclador de nutrientes, reduz nematoides e produz uma palhada de muita qualidade”

AgriBrasilis – Que condições de solo e clima são ideais para cultivar essa planta?

Juca Matielo – O milheto é altamente adaptável, vai bem em todos os tipos de solo e é considerada uma cultura tropical de verão.

AgriBrasilis – O milheto pode alcançar boa produtividade em solos arenosos?

Juca Matielo – Sim, até mesmo devido à sua origem, possui um sistema radicular profundo (podendo chegar até 3,5 metros) e abundante, buscando umidade e nutrientes onde outras culturas não conseguem chegar. Mas é evidente que devemos observar as recomendações de manejo para que os materiais possam expressar o seu potencial produtivo.

AgriBrasilis – De que formas o cultivo de milheto pode ajudar contra infestações de nematoides?

Juca Matielo – No caso dos híbridos graníferos (ADRG 9060 e ADRG 9070), ambos reduzem a população do principal nematoide (Pratylenchus brachyurus), que causa grandes perdas de produção na cultura da soja.

AgriBrasilis – Por que o milheto granífero é considerado o “substituto ideal pós-safra do milho”?

Juca Matielo – Os híbridos graníferos de milheto (ADRG 9060 e ADRG 9070) não são substitutos do milho na 2ª safra. Na grande maioria das situações são plantados quando é risco para o milho, ou seja, na “janela” de plantio compreendida de 25/02 até 10/03. O que ocorre é uma complementaridade no planejamento de plantio de 2ª safra. Não que os híbridos de milheto não possam ser plantados antes, até porque são recomendados para o plantio de 01/02 até 10/03, mas sabemos que de 01/02 até no máximo 25/02, o produtor tem optado pelo milho. Após esse período, a opção mais segura e rentável realmente são os híbridos de milheto.

AgriBrasilis – Com as mudanças climáticas, o senhor acredita que esse cereal irá ganhar mais espaço no Brasil?

Juca Matielo – Com certeza, o milheto tem grande potencial para ganhar mais espaço no Brasil à medida em que as mudanças climáticas se intensificam. Ele se destaca pela capacidade de prosperar em condições de baixa disponibilidade de água, um problema que está se tornando mais comum devido às mudanças climáticas. Sua eficiência no uso da água o torna uma escolha ideal em regiões que enfrentam períodos de seca mais prolongados ou chuvas irregulares.

 

 

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