Tendências ESG na agroindústria brasileira

“Em relação às inovações, a principal demanda são tecnologias que alinhem sustentabilidade, rastreabilidade e agricultura de precisão, além de crédito…”

Grazielle Parenti é head de negócios e sustentabilidade para a América Latina na Syngenta, vice-presidente da Câmara de Comércio Suíço-Brasileira e professora na Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM. Parenti é formada em administração pela Fundação Getúlio Vargas, com MBA em marketing pela Universidade de São Paulo.

Grazilelle Parenti, head de negócios e sustentabilidade na Syngenta


AgriBrasilis – Como a visão dos participantes da agroindústria tem evoluído sobre as políticas de ESG?

Grazilelle Parenti – A agenda ESG está presente no cotidiano de muitos profissionais do agro brasileiro. A tendência é que esse movimento se consolide cada vez mais nos próximos anos. O que nos dá suporte para prever isso é a evolução do âmbito regulatório e de negócios, que estimula um ambiente próspero e sustentável para produtores e empresas que cumprem as regras ambientais, de sustentabilidade e governança.

A sustentabilidade dos negócios não é mais um interesse segmentado, para setores específicos. Ela se transformou em prioridade para todas as indústrias e cadeias produtivas. Atualmente, as empresas têm urgência em alinhar seus produtos e modelos de negócio com as questões ambientais.

Aqui na Syngenta, isso já é realidade. Nos baseamos na ‘inovabilidade’, conceito que une nossos esforços em inovação e sustentabilidade em prol de uma atuação alinhada às expectativas da sociedade. No nosso caso, isso tem como pilar a agricultura regenerativa. Um exemplo é o Programa Reverte, desenvolvido em parceria com Itaú BBA, TNC e Embrapa, que tem como objetivo apoiar agricultores, por meio de protocolos agronômicos e financiamento de longo prazo, a transformarem pastos degradados em solos produtivos, sem a necessidade de abertura de novas terras.

Trabalhamos com a agricultura regenerativa, a partir da utilização de tecnologias modernas, que protegem a biodiversidade e o meio ambiente, a saúde da natureza e do solo. O solo é a base de tudo e o legado que será deixado para as gerações futuras, sendo imprescindível recuperá-lo e preservá-lo. Também existe a questão das mudanças climáticas: a agricultura é uma das atividades que pode passar de emissora à recuperadora de carbono, através das práticas da agricultura regenerativa.

Entendemos que a robustez das nossas iniciativas exige recursos à altura. Por isso, o investimento anual e global em P&D da Syngenta gira em torno de US$ 1,4 bilhão.

AgriBrasilis – Quais as principais demandas do campo? O que os agricultores desejam em termos de inovação?

Grazilelle Parenti – As demandas dos produtores estão cada vez mais conectadas às expectativas e necessidades do mercado consumidor. Para isso, a produção agrícola precisa ser de fato produtiva, o que envolve fatores como clima, logística, infraestrutura, taxas acessíveis para o crédito rural, etc.

Em relação às inovações, as principais demandas são tecnologias que alinhem sustentabilidade, rastreabilidade e agricultura de precisão, além de crédito.

AgriBrasilis – A senhora participou da visita oficial do governo brasileiro à China. Qual o balanço sobre essa visita? Que diálogos foram estabelecidos com o Ministério da Agricultura?

Grazilelle Parenti – O balanço da visita à China, atualmente o maior mercado do agro brasileiro, foi altamente positivo. Durante a visita, importantes alinhamentos e interações puderam ser realizados.

O ministro da agricultura, Carlos Fávaro, e a delegação do MAPA realizaram uma visita técnica em nossas instalações de biotech na Syngenta China e conheceram nossas pesquisas em melhoramento genético. Ao longo do encontro, a comitiva reforçou a relevância do investimento contínuo na ciência para desenvolvimento sustentável e a importância de investimentos no Brasil para seguirmos avançando na produção de alimentos sustentáveis para o mundo.

AgriBrasilis – O que a Syngenta visa com as parcerias com a Embrapa? Quais os resultados?

Grazilelle Parenti – A Syngenta e a Embrapa possuem um Contrato de Cooperação Geral que estabeleceu uma parceria ativa em pesquisa, desenvolvimento e transferência de tecnologia.

Nosso objetivo é proporcionar inovação e viabilizar alternativas e ofertas comerciais atrativas aos produtores brasileiros. Isso já acontece na elaboração de soluções que estão beneficiando a cadeia produtiva de diversos cultivos, como o milho, soja, algodão, cana, etc.

 

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