Segundo a FAO, o trigo é o segundo alimento mais consumido no mundo e de acordo com a Abitrigo em 2020/21 foram consumidas mais de 781 milhões de toneladas de trigo no mundo. Cerca de 12 milhões pelo Brasil, sendo que o trigo argentino representa a maior fonte de abastecimento do Brasil, em cerca de 60%, sendo complementado pelo trigo nacional (30%) e de outras origens (10%).

André Rosa, diretor da Biotrigo Genética
A Conab estima que serão plantados 2,5 milhões de hectares de trigo no Brasil em 2021, 8,1% a mais que em 2020, produzindo 6,94 milhões de toneladas do grão.
A AgriBrasilis entrevistou André Cunha Rosa, diretor e melhorista da Biotrigo Genética, engenheiro agrônomo pela Universidade Federal de Pelotas, Mestre pela Universidade Estadual de Oregon e Ph.D pela Universidade Estadual do Kansas para falar mais sobre a cultura.
AgriBrasilis Quais as novas tecnologias em sementes de trigo?
André Rosa – Nos últimos anos, houve uma mudança significativa em termos de evolução tecnológica em sementes. São inovações nos processos de resfriamento e de tratamento de sementes, novas técnicas de semeadura e, ainda, químicos para semente. Se olhar para o aspecto genético, há também muito progresso nos últimos anos. No caso do trigo, a pesquisa evoluiu muito nas técnicas de melhoramento genético tradicional e os resultados estão acelerando o tempo de desenvolvimento de cultivares, além de trazer maior eficiência em rendimento, qualidade e segurança ao triticultor.
AgriBrasilis – Quais as características das cultivares de trigo mais procuradas?
André Rosa – Diria que rendimento em primeiro lugar, depois segurança, qualidade industrial e em alguns casos, precocidade. No entanto, as características que conferem rendimento e segurança variam um pouco de região para região. Uma característica importante é a resistência a manchas foliares. É uma demanda para toda área tritícola do Brasil e, especialmente em um ano com chuvas bem distribuídas como 2021, tende a chamar a atenção.
AgriBrasilis – O cultivo de soja OGM é predominante no Brasil. Qual a situação do trigo e quais os motivos em relação a sementes OGM?
André Rosa – No caso do trigo, acompanho desde ano de 2000 quando estudei no Kansas (USA) e no laboratório ao lado da minha sala se desenvolviam pesquisas com muitos trigos transgênicos. Embora a tecnologia seja absolutamente segura, por razões de aceitação de mercado e custos legais, não há ainda OGM liberado no mundo de forma livre. Há uma tentativa na Argentina que aguarda liberação em mercados importantes com Brasil para ser completamente liberada ou não.
AgriBrasilis – Quais a principais doenças do trigo? Qual a melhor forma de manejo? Há cultivares resistentes às principais doenças?
André Rosa – Diria que no Sul do Brasil, a principal doença é a Giberela e mais a Norte, a Brusone. Ambas as doenças do trigo têm potencial muito destrutivo e nos dois casos a melhor forma de manejo é uso de cultivares mais resistentes. Fungicidas podem ser muito eficientes no caso da Giberela se bem utilizados, porém nem tanto, na Brusone. O ponto positivo é que temos importantes progressos na genética das cultivares mais semeadas no país para as duas doenças.

AgriBrasilis – A CONAB estima um crescimento da área plantada e da produção em 2021, a que se deve isso?
André Rosa – O crescimento se deve primeiramente ao preço bom do trigo no mercado. Parte pelo dólar, parte porque há muita demanda pelo trigo, seja para uso industrial, seja para ração.
Em segundo lugar, mas não menos importante, é que com a melhoria da genética e do manejo, o triticultor tem obtido melhores resultados em produtividade e ainda uma boa comercialização. A boa experiência em safras anteriores também é importantíssima para dar confiança para o aumento de safra.
Publicado 07/08/2021
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