“Sensores embarcados em máquinas agrícolas identificam ervas daninhas e aplicam herbicidas em tempo real…”
Ronei Sana é gerente de agricultura digital da SLC Agrícola, formado em agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria, com mestrado em solos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Ronei Sana, gerente de agricultura digital da SLC Agrícola
AgriBrasilis – Como a SLC Agrícola economiza insumos através das tecnologias integradas?
Ronei Sana – O projeto de conectividade rural é baseado em tecnologias 4G e está presente em todas nossas unidades, com o apoio das principais operadoras brasileiras de telefonia móvel.
As tecnologias de celular no campo foram essenciais para a jornada de transformação digital, facilitando a extração de dados de telemetria de máquinas agrícolas, sensoriamento meteorológico, apontamentos digitais de pragas e automação em processos agroindustriais.
AgriBrasilis – Quanto foi economizado em 2022/23?
Ronei Sana – Os ganhos líquidos com o uso de novas tecnologias, muitas delas apoiadas em conectividade no campo, representam aproximadamente R$ 82 milhões. Esses dados são públicos e estão disponíveis nos relatórios da empresa.
AgriBrasilis – O que é a “aplicação localizada”? Por que é possível economizar defensivos com essa prática?
Ronei Sana – Trata-se do uso de sensores e softwares de agricultura digital que permitem o manejo no campo em tempo real e, através de diagnósticos precoces e precisos de pragas, possibilitam o uso eficiente dos defensivos em áreas específicas.
Sensores embarcados em máquinas agrícolas identificam ervas daninhas e aplicam herbicidas em tempo real em locais específicos. Como benefício, houve uma redução média de 78,4% do volume de produtos aplicados quando comparado com períodos anteriores.
“A falta de conectividade ainda é um problema na zona rural do Brasil e é uma barreira de entrada para muitos agricultores”
AgriBrasilis – Que dados são essenciais para a gestão monitorada que a SLC Agrícola realiza em suas fazendas?
Ronei Sana – Os dados podem ser divididos em cinco principais grupos:
- a) Telemetria de máquinas, que possibilita a gestão da eficiência e rendimento operacional;
- b) Clima, que permite a previsão e o registro dos dados climáticos;
- c) Fitossanitários, que permitem a gestão de pragas, doenças e ervas daninhas;
- d) Solos, dados de análise de solo;
- e) Insumos: o plano e o registro de aplicação de produtos, doses e épocas de aplicação.
AgriBrasilis – A falta de conectividade no meio rural ainda é um problema para a empresa?
Ronei Sana – A falta de conectividade ainda é um problema na zona rural do Brasil e é uma barreira de entrada para muitos agricultores.
As tecnologias disponíveis para uso no campo já existem há um certo tempo. As fontes que propiciaram essa transformação ocorreram por meio de uma maior cobertura de internet em zonas rurais e a adoção de frequências específicas (como o 700Mhz), que permitem maior área de cobertura sem fio nos talhões de lavouras remotas da SLC Agrícola, por exemplo.
AgriBrasilis – O senhor disse que a agricultura digital está presente em todas as etapas do ciclo produtivo da empresa. Que etapas são essas? Como a agricultura digital é utilizada em cada uma delas?
Ronei Sana – As principais etapas são:
1) Solos e manejo 2) Semeadura 3) Tratos de Culturas e 4) Colheita.
Etapa 1: na amostragem do solo e aplicação em taxa variável de fertilizantes e corretivos.
Etapa 2: na utilização de projetos de sistematização e na taxa variável de sementes.
Etapa 3: no uso de sensores e drones para a identificação de ervas daninhas, mapeamento de pragas para a aplicação localizada, controle de qualidade das operações agrícolas dos equipamentos terrestres e da aviação agrícola, utilização de imagens de satélite e no acompanhamento do desenvolvimento de plantas.
Etapa 4: no mapeamento da produtividade e da qualidade das culturas.
AgriBrasilis – Que novas tecnologias estão sendo adotadas para economizar ainda mais?
Ronei Sana – O uso da conectividade através da internet e tecnologias 4G permitiram a inclusão social e digital de muitas famílias que vivem no campo. O acesso digital permitiu o estudo mesmo à distância das grandes cidades e centros de formação de profissionais. As entrevistas para recrutamento e preenchimento de postos de trabalhos foram facilitadas através de videoconferências. A visão em tempo real da fazenda e do campo trouxeram um universo de oportunidades, muitas ainda a serem exploradas.
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