Rodrigo Junqueira, <\/strong>gerente geral da AGCO e vice-presidente da Massey Ferguson Am\u00e9rica do Sul.<\/p><\/div>\n

AgriBrasilis – O que tem motivado o excelente desempenho do mercado de m\u00e1quinas agr\u00edcolas nos \u00faltimos anos? Qual o tamanho do mercado?<\/strong><\/p>\n

Rodrigo Junqueira –<\/strong> Estamos em um momento muito positivo para o agroneg\u00f3cio brasileiro, com pre\u00e7os das commodities agr\u00edcolas em alta. Com expectativa de cont\u00ednuo crescimento da demanda, safras recordes e pre\u00e7os elevados para os gr\u00e3os e, consequente aumento de renda, o agricultor reinveste em sua propriedade, buscando tecnologias que contribuam para melhorar os resultados no campo, e as m\u00e1quinas agr\u00edcolas s\u00e3o parte essencial desse processo de tecnifica\u00e7\u00e3o. \u00c9 uma equa\u00e7\u00e3o de ganha-ganha: o mercado aquecido e aumento de demanda tem potencial de impactar positivamente o fabricante de m\u00e1quinas e equipamentos e toda sua cadeia de fornecimento.<\/p>\n

Tamb\u00e9m h\u00e1 uma quest\u00e3o de comportamento. Os agricultores brasileiros est\u00e3o entre os que t\u00eam mais interesse em tecnologia, principalmente em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 performance e custo-benef\u00edcio dos equipamentos.\u00a0 Essa caracter\u00edstica \u00e9 ainda mais marcante com a entrada das novas gera\u00e7\u00f5es no campo, que buscam renovar o maquin\u00e1rio com o que h\u00e1 de mais tecnol\u00f3gico para obter maior rentabilidade, redu\u00e7\u00e3o de consumo de combust\u00edvel e menor tempo para execu\u00e7\u00e3o das atividades agr\u00edcolas.<\/p>\n

AgriBrasilis – Qual a idade m\u00e9dia da frota de tratores e quando se recomenda a renova\u00e7\u00e3o? Que mercado isto representa?<\/strong><\/p>\n

Rodrigo Junqueira –<\/strong> O Brasil \u00e9 o \u00fanico pa\u00eds que o produtor chega a ter at\u00e9 tr\u00eas safras por ano, al\u00e9m de possuir condi\u00e7\u00f5es de topografia que exigem muito dos maquin\u00e1rios agr\u00edcolas, como o Cerrado, por exemplo, com grandes extens\u00f5es de \u00e1reas. Diferentemente do produtor europeu, que tem pequenas \u00e1reas, menos safras ao ano, possui m\u00e1quinas algumas vezes superdimensionadas e troca de maquin\u00e1rio em um per\u00edodo mais curto, o produtor brasileiro geralmente utiliza os maquin\u00e1rios por mais tempo do que seria recomend\u00e1vel. Considerando esses fatores, h\u00e1 uma demanda de atualiza\u00e7\u00e3o de frota com maior frequ\u00eancia.<\/p>\n

Por exemplo, a vida \u00fatil de um trator agr\u00edcola pode ter entre 10 mil e 15 mil horas de trabalho, em m\u00e9dia. No entanto, este per\u00edodo est\u00e1 diretamente ligado ao tipo de aplica\u00e7\u00e3o, cultura (cana, por exemplo, exige mais esfor\u00e7o de trabalho) e quantas vezes o equipamento entra na lavoura. O trator \u00e9 utilizado para opera\u00e7\u00f5es diversas, tal como preparo de solo e plantio, mas o pulverizador \u00e9 a m\u00e1quina que mais entra na lavoura – chega a entrar 20 vezes durante o ciclo do algod\u00e3o. Portanto, a robustez da m\u00e1quina e as revis\u00f5es di\u00e1rias e peri\u00f3dicas, preventiva ou corretiva, s\u00e3o pontos importantes para manuten\u00e7\u00e3o e maior vida do equipamento.<\/p>\n

Segundo dados da Cogo Consultoria, a frota que possui mais de 20 anos em campo \u00e9 representativa: 39% dos tratores e 48% das colheitadeiras somam mais de 2 d\u00e9cadas. A partir desse recorte, \u00e9 poss\u00edvel perceber o expressivo potencial de renova\u00e7\u00e3o de frota, seja por desgaste ou ades\u00e3o a novas tecnologias.<\/p>\n

AgriBrasilis – Os pre\u00e7os das commodities agr\u00edcolas acompanham os pre\u00e7os de m\u00e1quinas?<\/strong><\/p>\n

Rodrigo Junqueira –<\/strong> A alta nos pre\u00e7os das commodities agr\u00edcolas favorece a remunera\u00e7\u00e3o do produtor rural, gerando condi\u00e7\u00f5es de absorver os custos dos reajustes dos pre\u00e7os das m\u00e1quinas, mantendo a rela\u00e7\u00e3o de troca favor\u00e1vel. A ind\u00fastria tem recebido sucessivos aumentos de pre\u00e7os e n\u00e3o tem outra sa\u00edda a n\u00e3o ser repassar os pre\u00e7os para o produtor.<\/p>\n

AgriBrasilis -Nos \u00faltimos anos ocorreram atrasos na entrega de m\u00e1quinas agr\u00edcolas. Quais s\u00e3o os motivos? Qual a perspectiva para 2022?<\/strong><\/p>\n

Rodrigo Junqueira –<\/strong> O fornecimento de m\u00e1quinas agr\u00edcolas permanece inst\u00e1vel, ainda impactado pela escassez de mat\u00e9ria-prima nos \u00faltimos dois anos. Isso porque, as atividades nas industrias, que ficaram paralisadas durante os meses mais cr\u00edticos da Covid-19, n\u00e3o foram retomadas no mesmo ritmo das demandas, o que interfere diretamente em quest\u00f5es de log\u00edstica e transporte. Temos realizado um trabalho cont\u00ednuo junto aos fornecedores, buscando equalizar o cen\u00e1rio, e temos a perspectiva de que o segundo semestre deste ano seja mais favor\u00e1vel.\u00a0 Por isso tamb\u00e9m alertamos para a import\u00e2ncia de o produtor programar o investimento em tecnologia, fazendo um bom planejamento para a aquisi\u00e7\u00e3o de m\u00e1quinas e n\u00e3o aguarde o momento do plantio ou da colheita.<\/p>\n

AgriBrasilis – O Brasil \u00e9 dependente de componentes do exterior para fabrica\u00e7\u00e3o de m\u00e1quinas agr\u00edcolas? Em qual porcentagem? O que pode ser feito para minimizar esta depend\u00eancia?<\/strong><\/p>\n

Rodrigo Junqueira –<\/strong> Parte dos itens utilizados na montagem dos equipamentos \u00e9 importada, principalmente os componentes eletr\u00f4nicos e de tecnologia, que necessitam de altos investimentos em ferramentais (por exemplo, transmiss\u00f5es), mas a tend\u00eancia \u00e9 que a participa\u00e7\u00e3o de fornecedores nacionais aumente ano ap\u00f3s ano. Para minimizar a depend\u00eancia por componentes importados, estamos incentivando o desenvolvimento da ind\u00fastria local em capacidade produtiva e incentivando a instala\u00e7\u00e3o de f\u00e1bricas de fornecedores l\u00edderes de tecnologia que n\u00e3o est\u00e3o presentes no Brasil.<\/p>\n

A AGCO est\u00e1 fortemente comprometida na parceria e no desenvolvimento de sua base de fornecedores, aumentando o volume de neg\u00f3cios e o n\u00famero de componentes localizados. A nossa estrat\u00e9gia \u00e9 ter um n\u00famero otimizado de fornecedores nacionais e internacionais, com um relacionamento muito pr\u00f3ximo em ganho de capacidade, produtividade, competitividade, qualidade e desenvolvimento de novas solu\u00e7\u00f5es e tecnologias.<\/p>\n

 <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

\u201c…ind\u00fastria tem recebido sucessivos aumentos de pre\u00e7os e n\u00e3o tem outra sa\u00edda a n\u00e3o ser repassar os pre\u00e7os para o produtor…\u201d<\/p>\n","protected":false},"author":4,"featured_media":8291,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_acf_changed":false,"footnotes":""},"categories":[61],"tags":[33],"acf":[],"yoast_head":"\n