Artigo de Pablo Miguel,<\/span> docente especialista da Universidade Federal de Pelotas<\/p>\n <\/p>\n Prof. Dr. Pablo Miguel da Universidade Federal de Pelotas (UFPel)<\/span><\/p>\n <\/p>\n O solo \u00e9 o componente mais fundamental que existe no ecossistema terrestre. Ele \u00e9 a base de tudo, desde a agricultura at\u00e9 as grandes cidades. Sua m\u00e1 gest\u00e3o pode causar danos permanentes ou dificilmente recuper\u00e1veis, o que impossibilitaria a produ\u00e7\u00e3o agr\u00edcola e at\u00e9 constru\u00e7\u00f5es urbanas, nos casos mais extremos.<\/span> <\/p>\n Engenheiro Agr\u00f4nomo formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Pablo Miguel possui mestrado e doutorado em Ci\u00eancia do Solo pela UFSM. Atualmente \u00e9 docente na Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Tem experi\u00eancia na \u00e1rea de Agronomia, com \u00eanfase em G\u00eanese, Morfologia, Levantamento e Classifica\u00e7\u00e3o dos Solos.<\/span><\/p>\n Dr. Miguel redigiu o seguinte artigo para a <\/span>AgriBrasilis<\/b> sobre a import\u00e2ncia de um manejo correto de solos, visando sua conserva\u00e7\u00e3o.<\/span><\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n Podemos afirmar que \u00e9 no solo que ocorrem o desenvolvimento das a\u00e7\u00f5es humanas, sendo ele portanto, uma pe\u00e7a fundamental no entendimento dos ecossistemas do nosso planeta. \u00c9 necess\u00e1rio desenvolver, encontrar, produzir, aperfei\u00e7oar maneiras de entender os processos que ocorrem nos solos adequadamente, para que assim, seja poss\u00edvel aproveitar este recurso natural de forma mais humana, economicamente vi\u00e1vel e ambientalmente sustent\u00e1vel afim de minimizar perdas econ\u00f4micas, assegurando sua qualidade.<\/span><\/p>\n <\/p>\n O cen\u00e1rio mundial relacionado \u00e0 conserva\u00e7\u00e3o e manejo de solos n\u00e3o \u00e9 bom, e pode piorar. Foi isso que demonstrou um dos principais estudos vigentes \u00e0 respeito das condi\u00e7\u00f5es atuais dos solos, bem como o papel que esse recurso tem perante a sociedade – como produ\u00e7\u00e3o de \u00e1gua e sequestro de carbono. O <\/span>Status of the World\u2019s Soil Resources <\/span><\/i>foi publicado em 2015 pela Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas para a Alimenta\u00e7\u00e3o e a Agricultura (FAO), sendo apresentado e discutido no mundo inteiro. Nele, podemos encontrar o estado atual da degrada\u00e7\u00e3o das terras pela explora\u00e7\u00e3o em busca de maiores quantidades de alimentos, energia, fibras e min\u00e9rios.<\/span><\/p>\n <\/p>\n V\u00e1rios projetos relacionados \u00e0 conserva\u00e7\u00e3o e manejo dos solos v\u00eam sendo desenvolvidos no Brasil nos \u00faltimos anos, por\u00e9m, em escalas regionais ou locais (munic\u00edpios, microbacias hidrogr\u00e1ficas, etc). Projetos de conserva\u00e7\u00e3o do solo em microbacias hidrogr\u00e1ficas, incentivos de diversidade de culturas, programas de mitiga\u00e7\u00e3o a processos erosivos, recupera\u00e7\u00e3o de \u00e1reas degradadas, melhorias nos sistemas de cultivo levantamentos edafoclim\u00e1ticos. <\/span> Artigo de Pablo Miguel, docente especialista da Universidade Federal de Pelotas<\/p>\n","protected":false},"author":4,"featured_media":3211,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_acf_changed":false,"footnotes":""},"categories":[30,34],"tags":[33],"acf":[],"yoast_head":"\n
\n<\/span> A conserva\u00e7\u00e3o deste bem visa proteg\u00ea-lo contra deteriora\u00e7\u00f5es induzidas por fatores naturais ou antropog\u00eanicos, assim, mantendo-o produtivo entre as gera\u00e7\u00f5es.<\/span><\/p>\n
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\n<\/span> O documento destaca que mais de 30% dos solos do mundo est\u00e3o degradados. Os principais indicadores dessa degrada\u00e7\u00e3o s\u00e3o a eros\u00e3o e a compacta\u00e7\u00e3o de solos agr\u00edcolas (saliniza\u00e7\u00e3o, acidifica\u00e7\u00e3o e contamina\u00e7\u00e3o completam a lista de problemas). Os processos erosivos ocasionam a perda de nutrientes e carbono org\u00e2nico, fazendo com que as perdas possam alcan\u00e7ar um patamar de redu\u00e7\u00e3o de produ\u00e7\u00e3o de aproximadamente 0,3% anuais. Para repor os nutrientes que s\u00e3o perdidos todos os anos durante esse processo s\u00e3o necess\u00e1rios valores na escala de bilh\u00f5es de reais.<\/span><\/p>\n
\n<\/span> A compacta\u00e7\u00e3o dos solos reduz os espa\u00e7os vazios do solo e altera a sua densidade. O processo ocorre atrav\u00e9s de manipula\u00e7\u00e3o intensiva com condi\u00e7\u00f5es de umidade inadequada fazendo com que o solo perca sua porosidade, reduzindo, portanto, o seu volume atrav\u00e9s da retirada do ar. Isso ocorre principalmente devido aos processos e manejos antr\u00f3picos. De acordo com o relat\u00f3rio da FAO j\u00e1 mencionado, a compacta\u00e7\u00e3o pode reduzir at\u00e9 60% dos rendimentos dos cultivos agr\u00edcolas no mundo. Segundo a pesquisadora da Embrapa Solos, Maria de Lourdes Mendon\u00e7a Santos Brefin, membro do comit\u00ea editorial e coordenadora da publica\u00e7\u00e3o (<\/span>Status of the World\u2019s Soil Resources)<\/span><\/i> para a Am\u00e9rica Latina e Caribe, somente os problemas de compacta\u00e7\u00e3o degradaram uma \u00e1rea de aproximadamente 680 mil km<\/span>2<\/span> de solos em todo o mundo (4% da \u00e1rea total do solo). Como agentes principais dessa degrada\u00e7\u00e3o temos o pisoteio de animais e a baixa densidade de cobertura vegetal natural ou de planta\u00e7\u00f5es. A compacta\u00e7\u00e3o dos solos pode causar preju\u00edzos de longo prazo ou at\u00e9 permanentes sendo que pode levar \u00e0 redu\u00e7\u00e3o da produtividade das lavouras por d\u00e9cadas.<\/span><\/p>\n
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\n<\/span> No entanto, muitas vezes parece que trabalhamos de tr\u00e1s para frente, ou seja, nos preocupamos com a conserva\u00e7\u00e3o e manejo dos \u201cSolos\u201d mas n\u00e3o conhecemos com detalhes este que \u00e9 o agente principal, no qual todas as nossas a\u00e7\u00f5es recaem.<\/span><\/p>\n
\n<\/span> O Brasil disp\u00f5e hoje de informa\u00e7\u00f5es referentes aos solos com um levantamento do tipo explorat\u00f3rio (pouco detalhado) dos solos de todo o pa\u00eds, executado pelo projeto Radambrasil (escala 1:1.000.000) na d\u00e9cada de 70 at\u00e9 meados da d\u00e9cada de 80. Alguns estados Brasileiros possuem mapas de solos em n\u00edvel de reconhecimento (tipo de levantamento de solos com base na escala de trabalho), no entanto, ainda com n\u00edvel de detalhe insuficiente para planejamentos de conserva\u00e7\u00e3o e manejo de solos em escala de microbacias ou munic\u00edpios. De acordo com o professor\/pesquisador da Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil (UFSM), Ricardo Sim\u00e3o Diniz Dalmolin, mapas de solos em escalas pequenas, 1:750.000 ou 1:1.000.000, n\u00e3o s\u00e3o adequados para planejamento de uso e manejo de solos a n\u00edvel de propriedades agr\u00edcolas. Segundo ele, para que se possa desenvolver um trabalho confi\u00e1vel em rela\u00e7\u00e3o a planejamento de uso de solo, projetos conservacionistas, projetos de assentamentos, em \u00e1reas menores como munic\u00edpios, bacias hidrogr\u00e1ficas ou at\u00e9 mesmo propriedades agr\u00edcolas \u00e9 necess\u00e1rio um conhecimento mais detalhado dos solos, ou seja, mapeamentos de solos em escalas mais detalhadas como 1:50.000 ou menores. \u00c9 importante evidenciar que existe a plena possibilidade de alavancar o crescimento econ\u00f4mico do nosso pa\u00eds com base no potencial de uso dos solos. Evidentemente que para isso o conhecimento da aptid\u00e3o dos solos \u00e9 importante e somente conseguimos atingir esse conhecimento atrav\u00e9s das caracter\u00edsticas de cada tipo de solo.<\/span><\/p>\n
\n<\/span> Uma das a\u00e7\u00f5es mais expoentes no momento no Brasil que visa retomar a realiza\u00e7\u00e3o dos levantamentos pedol\u00f3gicos em car\u00e1ter multiescalar e respectivas interpreta\u00e7\u00f5es, \u00e9 o Programa Nacional de Levantamento e Interpreta\u00e7\u00e3o de Solos no Brasil (PronaSolos). Projeto institu\u00eddo inicialmente em 2017 pela Diretoria-Executiva da Embrapa que somente em 2018 foi oficializado com a assinatura do decreto presidencial n\u00ba 9.414, e ajustado pelo decreto presidencial n\u00ba 10.269 de 6 de mar\u00e7o de 2020 que instituiu o Comit\u00ea Estrat\u00e9gico e o Comit\u00ea-Executivo do PronaSolos. Esses comit\u00eas s\u00e3o compostos por sete Minist\u00e9rios, Sociedade Brasileira de Ci\u00eancia do Solo e um representante das organiza\u00e7\u00f5es estaduais de pesquisa agropecu\u00e1ria. O PronaSolos ir\u00e1 envolver, por um per\u00edodo estimado de 30 anos, dezenas de institui\u00e7\u00f5es parceiras como por exemplo, Universidades na figura de seus professores\/pesquisadores. Inicialmente, nos primeiros 10 anos, o objetivo ser\u00e1 mapear os solos de 1,3 milh\u00e3o de km\u00b2 do Pa\u00eds em escalas que v\u00e3o de 1:25.000 a 1:100.000.<\/span><\/p>\n
\n<\/span> Toda e qualquer iniciativa que busque a conserva\u00e7\u00e3o dos solos e seu melhor manejo \u00e9 de grande valia e certamente traz resultados. Por\u00e9m, essas iniciativas, em maior ou menor escala, precisam ser bem aceitas pela sociedade e pela pol\u00edtica do nosso Pa\u00eds. De nada adianta um grande esfor\u00e7o de pesquisadores e t\u00e9cnicos se os nossos governantes n\u00e3o acreditarem nos trabalhos dessas pessoas. Precisamos produzir cada vez mais conhecimento t\u00e9cnico cient\u00edfico e que isso seja efetivamente usado em prol do nosso Pa\u00eds, como forma de devolver \u00e0 sociedade o investimento que foi feito no \u00e2mbito da educa\u00e7\u00e3o. Somente produzindo conhecimento \u00e9 que iremos conseguir chegar ao maior desenvolvimento do nosso Pa\u00eds.<\/span><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"