Pedro Gon\u00e7alves<\/strong>, analista de mercado da Scot Consultoria<\/p><\/div>\n
\nAs movimenta\u00e7\u00f5es dos pre\u00e7os pagos pela arroba de boi gordo iniciaram o ano em quedas constantes. Com a refer\u00eancia de pre\u00e7os brutos e a prazo em S\u00e3o Paulo, houve queda na casa de R$20,00\/@ entre janeiro e abril. A retomada do meio do ano ocorre em fun\u00e7\u00e3o de uma maior demanda, principalmente interna, por\u00e9m a oferta em alta no per\u00edodo do inverno acabou por trazer patamares mais baixos de pre\u00e7os (meados de junho at\u00e9 julho).<\/p>\n
Desde ent\u00e3o, estamos presenciando a recupera\u00e7\u00e3o dos pre\u00e7os, saindo da refer\u00eancia mais baixa, R$217,00\/@, para patamar semelhante ao do in\u00edcio do ano, R$238,00\/@.<\/p>\n
Precifica\u00e7\u00e3o do boi gordo em R$\/@ em S\u00e3o Paulo (pre\u00e7os brutos e a prazo)<\/strong><\/p>\nFonte: Scot Consultoria<\/p>\n
Essa movimenta\u00e7\u00e3o de pre\u00e7os pagos pressionados para baixo foi diretamente influenciada pelo alto volume de abate no primeiro semestre. Ap\u00f3s dois anos de reten\u00e7\u00e3o severa de f\u00eameas, 2020 e 2021, aproveitando pre\u00e7os extremamente positivos para a arroba do bezerro, os anos seguintes passaram a receber maior volume de f\u00eameas abatidas, e consequentemente um maior volume de gado ofertado.<\/p>\n
Abate de bovinos nos seis primeiros meses do ano, em milh\u00f5es de cabe\u00e7as, no Brasil (\u00faltimos 5 anos)<\/strong><\/p>\nFonte: IBGE<\/p>\n
Por\u00e9m, o cen\u00e1rio, no in\u00edcio do ano, poderia ter sido de baixas mais severas. O consumo interno vem em sinal positivo, visto a recupera\u00e7\u00e3o do \u00edndice de consumo das fam\u00edlias (ICF). Esse fator, al\u00e9m da baixa taxa de desemprego e a exporta\u00e7\u00e3o em n\u00edvel recorde, trouxeram maior estabilidade e menor risco \u00e0s opera\u00e7\u00f5es relacionadas ao mercado do boi gordo.<\/p>\n
\n“O momento de pensar na estrat\u00e9gia para o pr\u00f3ximo ano, vendo as possibilidades de mercado, \u00e9 agora”<\/strong><\/em><\/span><\/h4>\n<\/blockquote>\nOutro ponto positivo foram as boas margens das ind\u00fastrias atualmente, que, mesmo com um menor volume de ofertas, ainda aceleram as compras para garantir o bom momento, visto um d\u00f3lar fortalecido frente ao real.<\/p>\n
Como ficam as pastagens nesse cen\u00e1rio?<\/strong><\/p>\nPara saber isso, a Scot Consultoria realizou um estudo de campo: foram entrevistados 246 produtores, em 16 estados, com uma \u00e1rea de 234,9 mil hectares declarados.<\/p>\n
O momento de pensar na estrat\u00e9gia para o pr\u00f3ximo ano, vendo as possibilidades de mercado, \u00e9 agora. Nesse estudo, notamos que a aquisi\u00e7\u00e3o de sementes se encontra distribu\u00edda ao longo do ano, por quest\u00f5es de log\u00edstica e entrega, por\u00e9m agosto e setembro acumulam 40,6% das compras dos produtores entrevistados.<\/p>\n
Distribui\u00e7\u00e3o (%) dos meses de compra de sementes de pastagem no ano<\/strong><\/p>\n<\/p>\n
Fonte: Scot Consultoria<\/p>\n
Esse momento de compra reflete, considerando um v\u00e1cuo de planejamento e entrega, as respostas para o per\u00edodo de implanta\u00e7\u00e3o de reforma das pastagens, que ficariam para os meses mais chuvosos (ver\u00e3o), entre outubro e dezembro.<\/p>\n
O gargalo produtivo estaria na forma de aquisi\u00e7\u00e3o dos materiais, pelo olhar t\u00e9cnico de implanta\u00e7\u00e3o da cultura at\u00e9 seu desenvolvimento. As lojas agropecu\u00e1rias concentram a maior parte do local de compra das sementes de pastagem, juntamente do representante comercial. Esses s\u00e3o dois dos canais que, teoricamente, n\u00e3o estariam preocupados com o pacote tecnol\u00f3gico empregado, mas com o volume de vendas.<\/p>\n
Distribui\u00e7\u00e3o (%) dos canais de compra de sementes e a participa\u00e7\u00e3o dos fatores (%) de escolha de cultivares<\/strong><\/p>\n<\/p>\n
Fonte: Scot Consultoria<\/p>\n
Dentro do universo da pesquisa, o peso da precifica\u00e7\u00e3o das sementes de capim foi maior para os produtores de SP, com 31,6% deles optando pela escolha com base em pre\u00e7o, seguido por MG (26,3%).<\/p>\n
Se observarmos esses dados, o momento atual \u00e9 a primeira janela de destaque para os investimentos, j\u00e1 percebendo um final de ano com precifica\u00e7\u00f5es mais positivas. Isso porque um segundo semestre mais levado por um encurtamento de ofertas de boiadas no primeiro trimestre, e uma demanda mais aquecida para o segundo trimestre, trazem um cen\u00e1rio de pre\u00e7os pagos mais positivos para o mercado do boi gordo.<\/p>\n
E, com isso, os investimentos na atividade para o final do ano devem aumentar, com uma possibilidade de 2025 um cen\u00e1rio bastante positivo, com a virada de ciclo pecu\u00e1rio mais evidente. E isso vale tamb\u00e9m para a cria e recria, sistemas praticamente executados em pastagens, e que j\u00e1 passam a indicar sinais de recupera\u00e7\u00e3o dos patamares de pre\u00e7os, vide a rela\u00e7\u00e3o de troca com o boi gordo, onde s\u00e3o necess\u00e1rias mais arrobas de boi gordo comercializado para compra de um bezerro.<\/p>\n
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