Mauro Osaki<\/strong>, pesquisador no Cepea<\/p><\/div>\n
\nAgriBrasilis – Por que os produtores de soja e milho devem ter o maior preju\u00edzo dos \u00faltimos 25 anos?<\/strong><\/p>\nMauro Osaki –<\/strong> Esse cen\u00e1rio se deve basicamente a retra\u00e7\u00e3o de pre\u00e7os do mercado interno, a queda de produtividade observada na safra de soja nas principais regi\u00f5es do Brasil e a distribui\u00e7\u00e3o irregular de chuvas na safra 2023\/24, com situa\u00e7\u00f5es adversas no caso de pequenos, m\u00e9dios e grandes agricultores. Esse preju\u00edzo se deu, principalmente, na regi\u00e3o de Sorriso, MT, que apresentou o maior valor negativo configurado nos \u00faltimos tempos para a cultura da soja.<\/p>\nAgriBrasilis – Esses preju\u00edzos poderiam ter sido evitados? Como?<\/strong><\/p>\nMauro Osaki –<\/strong> Para este cen\u00e1rio, n\u00e3o h\u00e1 algo espec\u00edfico que poderia ter sido feito para evitar esses preju\u00edzos, pois a falta de chuva \u00e9 um dos maiores desafios ao agricultor. O produtor poderia ter vendido antecipadamente sua produ\u00e7\u00e3o para proteger o pre\u00e7o, entretanto n\u00e3o teria produ\u00e7\u00e3o para conseguir cumprir o contrato de entrega, e o mesmo poderia incorrer em “washout”<\/em> [dispositivo de rompimento\/cancelamento de um contrato, que ocorre quando uma das partes descumpre um acordo e a outra precisa\u00a0ser\u00a0indenizada].<\/p>\n“A falta de \u00e1gua \u00e9 um problema cr\u00edtico e de dif\u00edcil revers\u00e3o, portanto mesmo com a ado\u00e7\u00e3o de medidas preventivas, n\u00e3o h\u00e1 muito que o produtor pudesse fazer para se proteger”<\/strong><\/em><\/span><\/h4>\nAgriBrasilis – O senhor disse que\u00a0estimativas para a safra de inverno de\u00a0milho\u00a0est\u00e3o melhores, mas a rentabilidade \u00e9 insuficiente para cobrir os preju\u00edzos da\u00a0soja. O que seria necess\u00e1rio para cobrir esses preju\u00edzos?\u00a0Qual \u00e9 a estimativa para a safra de inverno de milho?<\/strong><\/p>\nMauro Osaki –<\/strong> Para cobrir esses preju\u00edzos seriam necess\u00e1rios melhores pre\u00e7os das commodities para o produtor, para que se tenha uma maior oferta. As pr\u00f3ximas estimativas para a safra de inverno podem acabar sendo melhores, por\u00e9m a previs\u00e3o \u00e9 de que n\u00e3o ser\u00e1 poss\u00edvel cobrir os preju\u00edzos da soja, o que seria ideal.<\/p>\nAgriBrasilis – Esses resultados foram apenas consequ\u00eancia do El Ni\u00f1o ou houve falta de planejamento dos produtores?<\/strong><\/p>\nMauro Osaki –<\/strong> Grande parte dos produtores, tanto pequenos quanto grandes, j\u00e1 possuem um planejamento delimitado e est\u00e3o h\u00e1 anos em atua\u00e7\u00e3o. A falta de \u00e1gua \u00e9 um problema cr\u00edtico e de dif\u00edcil revers\u00e3o, portanto mesmo com a ado\u00e7\u00e3o de medidas preventivas, n\u00e3o h\u00e1 muito que o produtor pudesse fazer para se proteger. E ainda que maiores produtores tivessem mais recursos, como sistemas de irriga\u00e7\u00e3o, n\u00e3o foi apenas a falta de chuvas que comprometeu a produ\u00e7\u00e3o, mas tamb\u00e9m as altas temperaturas e a baixa umidade do ar.<\/p>\nEm suma, a safra 2023\/24 foi dif\u00edcil para os produtores, por mais que houvesse prepara\u00e7\u00e3o e planejamento. E mesmo se a maioria dos produtores tivessem seguro agr\u00edcola, o problema seria outro: como as seguradoras fariam para recuperar os in\u00fameros preju\u00edzos gerados por este cen\u00e1rio. No Brasil ainda h\u00e1 escassez de investimentos para isso.<\/p>\n
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