Amaz\u00f4nia 2030<\/strong> \u00e9 uma iniciativa de pesquisadores brasileiros para desenvolver um plano de desenvolvimento sustent\u00e1vel para a Amaz\u00f4nia brasileira.<\/p>\n Salo Coslovsky<\/strong>, pesquisador associado do projeto Amaz\u00f4nia 2030<\/p><\/div>\n AgriBrasilis – Por que o Brasil n\u00e3o explora a Amaz\u00f4nia de forma sustent\u00e1vel?<\/strong><\/p>\n Salo Coslovsky –<\/strong> S\u00e3o v\u00e1rios problemas e dificuldades, mas um obst\u00e1culo muito importante, que acaba embasando todos os outros, \u00e9 uma falha de imagina\u00e7\u00e3o. Muita gente, tanto nos diferentes \u00f3rg\u00e3os e esferas de governos e tamb\u00e9m na sociedade civil, ainda enxerga a floresta como um obst\u00e1culo ao desenvolvimento da pecu\u00e1ria extensiva e da monocultura industrial, ou como um mal necess\u00e1rio para promover a conserva\u00e7\u00e3o ambiental, enquanto as atividades compat\u00edveis com a floresta s\u00e3o vistas como subsidi\u00e1rias da assist\u00eancia social.<\/p>\n Essa falta de imagina\u00e7\u00e3o \u00e9 grav\u00edssima e nos destina ao atraso. Para combat\u00ea-la, precisamos que mais gente imagine o Brasil como uma pot\u00eancia econ\u00f4mica que tem a natureza viva como seu maior ativo.<\/p>\n AgriBrasilis – Qual \u00e9 o potencial econ\u00f4mico da regi\u00e3o?<\/strong><\/p>\n Salo Coslovsky –<\/strong> O potencial econ\u00f4mico de base florestal da regi\u00e3o Amaz\u00f4nica \u00e9 gigantesco. Como mostrei em uma das minhas pesquisas, o mercado global dos produtos compat\u00edveis com a floresta, que a Amaz\u00f4nia j\u00e1 exporta, \u00e9 de quase US$ 200 bilh\u00f5es ao ano. O mercado de cr\u00e9ditos de carbono est\u00e1 crescendo a um ritmo acelerado e pode alcan\u00e7ar valores astron\u00f4micos. A floresta pode ser tamb\u00e9m uma fonte de substratos para processos industriais de larga demanda, como a produ\u00e7\u00e3o de fibras para papeis, papel\u00e3o e embalagens longa vida, a\u00e7\u00facares para processos qu\u00edmicos \u00e0 base de fermenta\u00e7\u00e3o e biocombust\u00edveis para avia\u00e7\u00e3o. O c\u00e9u \u00e9 o limite.<\/p>\n AgriBrasilis – Quanto se perde por falta de investimentos na Amaz\u00f4nia?<\/strong><\/p>\n Salo Coslovsky –<\/strong> O Brasil \u00e9 um pa\u00eds de renda per capita<\/em> m\u00e9dia, um pouco abaixo de outros pa\u00edses tropicais, como M\u00e9xico, Costa Rica e Mal\u00e1sia, mas com enorme territ\u00f3rio e grande popula\u00e7\u00e3o. As ind\u00fastrias ligadas \u00e0 natureza podem ser uma das ind\u00fastrias de ponta no resto do s\u00e9culo 21 e o Brasil deveria posicionar-se para ser o pioneiro entre todos os pa\u00edses tropicais ricos em natureza, liderando atrav\u00e9s do seu exemplo. Precisamos correr para n\u00e3o perder essa chance de nos tornar uma pot\u00eancia tropical.<\/p>\n AgriBrasilis – O que s\u00e3o as Mesas Executivas de Exporta\u00e7\u00e3o e por que s\u00e3o importantes?<\/strong><\/p>\n Salo Coslovsky –<\/strong> As Mesas Executivas de Exporta\u00e7\u00e3o s\u00e3o uma iniciativa da ApexBrasil para promover o aprimoramento dos produtos compat\u00edveis com a floresta na Amaz\u00f4nia. Elas baseiam-se em uma experi\u00eancia peruana que foi adaptada ao Brasil. As Mesas Executivas prometem criar um espa\u00e7o e processos para que empresas de vanguarda e seus aliados nos governos e na sociedade consigam trabalhar de forma coordenada para atingir objetivos claros de melhoria produtiva, segundo m\u00e9tricas incontest\u00e1veis, e em ritmo acelerado.<\/p>\n Outra forma de pensar nas Mesas Executivas \u00e9 v\u00ea-las como o motor de arranque desses setores, que t\u00eam enorme potencial, mas ainda n\u00e3o conseguiram atingir o dinamismo e tamanho que merecem.<\/p>\n A primeira Mesa Executiva est\u00e1 apoiando os processadores de castanha do Brasil e a ApexBrasil deve criar mais dessas Mesas no decorrer do ano.<\/p>\n AgriBrasilis – O senhor disse que se o Brasil n\u00e3o trabalhar por inser\u00e7\u00e3o global, pode ficar para tr\u00e1s. Por qu\u00ea?<\/strong><\/p>\n Salo Coslovsky –<\/strong> Existem algumas \u201ccorridas\u201d em curso no mundo. A primeira, e mais importante, \u00e9 entre a maioria que est\u00e1 convencida da emerg\u00eancia clim\u00e1tica e acredita que precisamos reduzir emiss\u00f5es de forma dr\u00e1stica, e a minoria que ainda acha que n\u00e3o precisamos nos preocupar com isso, e que podemos continuar emitindo gases de efeito estufa como se nada estivesse acontecendo.<\/p>\n A segunda corrida ocorre dentro do campo daqueles que acreditam na urg\u00eancia clim\u00e1tica e op\u00f5e os que defendem as chamadas \u201csolu\u00e7\u00f5es baseadas na natureza\u201d contra os que defendem as \u201csolu\u00e7\u00f5es baseadas em tecnologia\u201d. Eu n\u00e3o gosto desses dois nomes pois passam a impress\u00e3o de que as solu\u00e7\u00f5es baseadas na natureza n\u00e3o envolvem tecnologia, quando na verdade elas exigem muita inova\u00e7\u00e3o, incluindo tecnologias agr\u00edcolas, biol\u00f3gicas, gen\u00e9ticas, equipamentos, sensores, sat\u00e9lites, etc. Por isso, gosto de chamar essa categoria de \u201csolu\u00e7\u00f5es baseadas em capital natural\u201d, enquanto as outras poderiam ser denominadas de \u201csolu\u00e7\u00f5es baseadas em capital artificial\u201d.<\/p>\n Estamos em um momento em que ambos esses tipos de solu\u00e7\u00e3o est\u00e3o buscando investimento para que consigam mostrar-se fortes e dignos de mais investimento, criando um ciclo virtuoso para provar que estavam certos. \u00c9 essa corrida que n\u00e3o podemos perder, mas a urg\u00eancia agora \u00e9 acordar para saber que estamos competindo, e os concorrentes est\u00e3o avan\u00e7ando a passos largos.<\/p>\n AgriBrasilis – Qual \u00e9 o modelo ideal de desenvolvimento econ\u00f4mico para a Amaz\u00f4nia?<\/strong><\/p>\n Salo Coslovsky –<\/strong> A Amaz\u00f4nia brasileira \u00e9 uma regi\u00e3o imensa e muito diversa. Cada subregi\u00e3o precisa de um modelo pr\u00f3prio, bem adaptado para suas condi\u00e7\u00f5es. \u00c9 importante lembrar que a maior parte da popula\u00e7\u00e3o da Amaz\u00f4nia vive em centros urbanos, ent\u00e3o precisamos pensar em cidades pujantes, com economias pr\u00f3prias, e que apoiam e s\u00e3o apoiadas pelas atividades que acontecem nos seus entornos, nas \u00e1reas agr\u00edcolas e florestais.<\/p>\n Outro elemento importante \u00e9 pensar que grande parte da infraestrutura que foi constru\u00edda na Amaz\u00f4nia foi pensada para servir as demais regi\u00f5es do pa\u00eds. Precisamos enterrar essa hist\u00f3ria de infraestrutura na Amaz\u00f4nia e come\u00e7ar a discutir infraestrutura para a Amaz\u00f4nia.<\/p>\n AgriBrasilis – Como o agro pode participar disso?<\/strong><\/p>\n Salo Coslovsky –<\/strong> Nos anos 1940, o Brasil sonhou em ter uma grande ind\u00fastria automobil\u00edstica. Naquela \u00e9poca, essa era a ind\u00fastria do futuro. Logo depois, o pa\u00eds sonhou em ter uma ind\u00fastria ligada \u00e0 avia\u00e7\u00e3o, que tamb\u00e9m seria uma ind\u00fastria do futuro. Nos anos 1970, sonhou em ser l\u00edder agr\u00edcola, com destaque para a\u00e7\u00facar e \u00e1lcool, e tamb\u00e9m a soja no cerrado. Logo depois, sonhou em ser uma pot\u00eancia na fabrica\u00e7\u00e3o de minicomputadores. Nem todas essas iniciativas deram certo e todas tiveram custos expressivos, mas pelo menos a gente sonhava grande e pensava em dar um salto transformador no nosso desenvolvimento.<\/p>\n Hoje, precisamos fazer igual, e como dizem alguns dos meus amigos, o futuro \u00e9 ancestral. Isso significa que precisamos aprender a enriquecer com a natureza, ao inv\u00e9s de enriquecer \u00e0s custas da natureza.<\/p>\n Muitos empreendedores que se identificam como \u201cagro\u201d j\u00e1 fazem isso. Existe crescente interesse por culturas do tipo agroflorestal, ou integra\u00e7\u00e3o lavoura, pecu\u00e1ria e floresta. Existe tamb\u00e9m um mundo novo dos neg\u00f3cios da restaura\u00e7\u00e3o florestal, que pode ser muito lucrativo. A minha expectativa \u00e9 que muitos produtores rurais ser\u00e3o pragm\u00e1ticos e v\u00e3o querer jogar nesses times. Com o apoio deles, aumenta a chance de vencermos.<\/p>\n <\/p>\n LEIA MAIS:<\/p>\n “A Amaz\u00f4nia brasileira \u00e9 uma regi\u00e3o imensa e muito diversa. Cada subregi\u00e3o precisa de um modelo pr\u00f3prio, bem adaptado para suas condi\u00e7\u00f5es…” Salo Coslovsky \u00e9…<\/p>\n","protected":false},"author":4,"featured_media":22343,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_acf_changed":false,"footnotes":""},"categories":[27,24],"tags":[],"acf":[],"yoast_head":"\n![\"\"](\"https:\/\/agribrasilis.com\/wp-content\/uploads\/2024\/02\/salo.jpg\")
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“Essa falta de imagina\u00e7\u00e3o \u00e9 grav\u00edssima e nos destina ao atraso. Para combat\u00ea-la, precisamos que mais gente imagine o Brasil como uma pot\u00eancia econ\u00f4mica que tem a natureza viva como seu maior ativo”<\/span><\/em><\/h4>\n<\/blockquote>\n
Segundo a Pot\u00e1ssio do Brasil, povo ind\u00edgena apoia o Projeto Pot\u00e1ssio Autazes<\/a><\/h3>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"