![\"Bem-estar](\"https:\/\/agribrasilis.com\/wp-content\/uploads\/2024\/01\/0196679001666117959-e1704461329177.jpg\")
Sergio Raposo<\/strong>, pesquisador da Embrapa Pecu\u00e1ria Sudeste<\/p><\/div>\n AgriBrasilis – Qual a import\u00e2ncia do bem-estar animal (BEA) na pecu\u00e1ria de corte?<\/strong><\/p>\n Sergio Raposo –<\/strong> A ado\u00e7\u00e3o de pr\u00e1ticas de bem-estar animal tem v\u00e1rias vantagens:<\/p>\n 1) Como o trabalho com os animais \u00e9 realizado levando em considera\u00e7\u00e3o o comportamento dos animais, ele flui melhor, com menos interrup\u00e7\u00f5es, terminando-se mais rapidamente a tarefa de manejo, por exemplo;<\/p>\n 2) As interrup\u00e7\u00f5es, muitas vezes, ocorrem por conta de acidentes com os animais ou com os trabalhadores, situa\u00e7\u00e3o que o manejo racional, um dos eixos do BEA, torna menos frequente;<\/p>\n 3) A incorpora\u00e7\u00e3o do BEA tem potencial tamb\u00e9m de melhorar o desempenho dos animais, \u00e0 medida que menos energia \u00e9 desperdi\u00e7ada para atividades que n\u00e3o s\u00e3o ligadas \u00e0 produ\u00e7\u00e3o. N\u00e3o por acaso, uma das caracter\u00edsticas desej\u00e1veis no melhoramento animal \u00e9 ter animais mais mansos, o que est\u00e1 relacionado com uma maior efici\u00eancia alimentar.<\/p>\n Resumindo, o bem-estar animal reduz a necessidade de m\u00e3o-de-obra, gera menos preju\u00edzos com os animais, h\u00e1 ocorr\u00eancia de menos acidentes de trabalho, e h\u00e1 maior chance de os animais expressarem seu potencial produtivo.<\/p>\n AgriBrasilis – O BEA \u00e9 a principal demanda dos consumidores atualmente? E qual a percep\u00e7\u00e3o do pecuarista?\u00a0<\/strong><\/p>\n Sergio Raposo –<\/strong> Com rela\u00e7\u00e3o \u00e0s demandas dos consumidores, de forma geral, a principal delas \u00e9 que o pre\u00e7o seja acess\u00edvel. A exig\u00eancia em rela\u00e7\u00e3o ao BEA \u00e9 uma preocupa\u00e7\u00e3o crescente, mas tem a tend\u00eancia de ocorrer mais vocalmente em consumidores em que a alimenta\u00e7\u00e3o pesa menos no or\u00e7amento.<\/p>\n Ainda que o bem-estar animal n\u00e3o seja a maior preocupa\u00e7\u00e3o para os consumidores, h\u00e1 pelo menos um trabalho que mostra que, se o consumidor tiver conhecimento de que a produ\u00e7\u00e3o envolve sofrimento animal, isso bastaria para que ele deixasse de consumir determinado produto.<\/p>\n O BEA tem sido adotado por pecuaristas porque h\u00e1 um aumento da consci\u00eancia da sociedade sobre o tema. Os benef\u00edcios da ado\u00e7\u00e3o das pr\u00e1ticas de bem-estar animal s\u00e3o rapidamente observados e o aumento de sua ado\u00e7\u00e3o acaba sendo quase natural por quem \u00e9 exposto a um bom exemplo na imprensa ou em visita a uma fazenda que o adote, por exemplo.<\/p>\n AgriBrasilis – As pr\u00e1ticas de BEA garantem carne de melhor qualidade e uma maior efici\u00eancia alimentar para os bovinos?<\/strong><\/p>\n Sergio Raposo –<\/strong> Potencialmente, sim. A maior efici\u00eancia alimentar ocorre pelo motivo j\u00e1 explicado de haver menos desvio da energia para outras fun\u00e7\u00f5es. No caso da qualidade da carne, animais manejados nos conceitos de BEA podem manter n\u00edveis de glicog\u00eanio maiores no momento do abate e esses a\u00e7\u00facares s\u00e3o importantes para que ocorra a redu\u00e7\u00e3o no pH da carca\u00e7a, necess\u00e1ria para um bom funcionamento dos processos de matura\u00e7\u00e3o da carne.<\/p>\n AgriBrasilis – Como a pecu\u00e1ria de precis\u00e3o ou digital pode contribuir com o BEA e a sustentabilidade?<\/strong><\/p>\n Sergio Raposo –<\/strong> A pecu\u00e1ria de precis\u00e3o pode promover grande impacto na sustentabilidade ao permitir tomadas de decis\u00e3o em tempo real e at\u00e9 em n\u00edvel do indiv\u00edduo, por exemplo, ao remover do confinamento um animal que n\u00e3o ganha peso ou descobrir que determinado animal est\u00e1 doente antes dos primeiros sintomas.<\/p>\n No caso do BEA, a pecu\u00e1ria de precis\u00e3o pode indicar falta de \u00e1gua ou alimento, permitindo rapidamente que se corrija essa situa\u00e7\u00e3o, pois sensores podem avisar t\u00e3o logo o problema ocorra, evitando o sofrimento animal. Um aspecto ainda mais importante, e que \u00e9 alvo de interesse da pesquisa, \u00e9 criar processos que usem esses sensores para certificar que os animais s\u00e3o produzidos dentro dos preceitos de BEA, como no caso de haver evid\u00eancias que, por exemplo, houve sempre \u00e1gua dispon\u00edvel para os animais ou que sua exposi\u00e7\u00e3o \u00e0s temperaturas fora da zona de conforto t\u00e9rmico ocorreu abaixo de determinado limite cr\u00edtico.<\/p>\n AgriBrasilis – O que significa dizer que,\u00a0de cada 100 kg de carne, 98 kg s\u00e3o produzidos com base em pastagem<\/strong>?<\/p>\n Sergio Raposo –<\/strong> Quase toda a produ\u00e7\u00e3o de carne brasileira \u00e9 feita com base em pastagens. Essa \u00e9 a propor\u00e7\u00e3o da carne produzida com base em pastagens no pa\u00eds, considerando que apenas 18% dos animais abatidos prov\u00eam de confinamentos e que a idade de abate m\u00e9dia \u00e9 de cerca de 36 meses.<\/p>\n Esse \u00e9 um dos motivos do Brasil ser o maior exportador de carne do mundo desde 2003, e da carne ser bastante limpa e segura, raramente havendo relatos de n\u00e3o conformidade, mesmo com a exporta\u00e7\u00e3o para mais de 150 pa\u00edses. Esse tamb\u00e9m \u00e9 um fator de BEA, j\u00e1 que os animais s\u00e3o, em sua maioria, e por maior parte do tempo, criados em uma situa\u00e7\u00e3o mais pr\u00f3xima ao habitat natural em que evolu\u00edram como esp\u00e9cie.<\/p>\n AgriBrasilis – \u00c9 poss\u00edvel produzir mais carne bovina com menores emiss\u00f5es de metano? Por qu\u00ea<\/strong>?<\/p>\n Sergio Raposo –<\/strong> \u00c9 poss\u00edvel, e por v\u00e1rios motivos. Em primeiro lugar, quanto melhor for a dieta dos animais, menor ser\u00e1 a emiss\u00e3o dos gases de efeito estufa (GEE) por kg de alimento ingerido. Como o desempenho \u00e9 melhor, deve-se reduzir a emiss\u00e3o por kg de produto produzido (kg de GEE\/kg de bezerro ou kg de GEE\/kg de carne).<\/p>\n Al\u00e9m disso, com uma maior produ\u00e7\u00e3o por animal, \u00e9 poss\u00edvel um rebanho menor para produzir a mesma demanda de carne. Tamb\u00e9m \u00e9 poss\u00edvel reduzir a emiss\u00e3o geral da pecu\u00e1ria, reduzindo animais que perdem peso na seca, evitando que novilhas atrasem para entrar em reprodu\u00e7\u00e3o, e reduzindo o n\u00famero de vacas vazias ao aumentar o \u00edndice de fertilidade, por exemplo.<\/p>\n
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“O BEA tem sido adotado por pecuaristas porque h\u00e1 um aumento da consci\u00eancia da sociedade sobre o tema…”<\/span><\/em><\/h4>\n<\/blockquote>\n