Moniki Janegitz<\/strong>, gerente de filial da Agrofito<\/p><\/div>\n
\nAgriBrasilis – Qu\u00e3o expressivo \u00e9 o uso de inoculantes no cultivo do amendoim?<\/strong><\/p>\nMoniki Janegitz \u2013 <\/strong>O amendoim \u00e9 uma cultura r\u00fastica, com valores expressivos de comercializa\u00e7\u00e3o. S\u00e3o Paulo \u00e9 o maior produtor de amendoim, sendo a regi\u00e3o da Alta Paulista (Mar\u00edlia, Tup\u00e3, Presidente Prudente) respons\u00e1vel por 60% da produ\u00e7\u00e3o nacional. O que diverge das outras regi\u00f5es de cultivo \u00e9 o plantio subsequente do amendoim, n\u00e3o ocorrendo apenas em \u00e1rea de reforma de pastagem e cana-de-a\u00e7\u00facar.<\/p>\nO uso de inoculantes vem se consolidando progressivamente no amendoim, com o objetivo de aumentar a efici\u00eancia do uso de fertilizantes. Esse fator, aliado ao pre\u00e7o dos inoculantes, faz com que essas alternativas sejam mais exploradas.<\/p>\n
AgriBrasilis \u2013 Quais os principais inoculantes utilizados para cada\u00a0cultura? O uso de bioinsumos \u00e9 oneroso?<\/strong><\/p>\nQuando se visa a fixa\u00e7\u00e3o biol\u00f3gica de nitrog\u00eanio, para cada cultura existe um inoculante especifico. Na soja utiliza-se uma esp\u00e9cie diferente da do amendoim, assim como \u00e9 o caso da alfafa, etc.<\/p>\n
O Azospirillum<\/em>, por exemplo, \u00e9 um g\u00eanero de bact\u00e9rias conhecidas como \u201cpromotoras de crescimento de plantas\u201d, e que realiza a s\u00edntese de horm\u00f4nios e fixa\u00e7\u00e3o biol\u00f3gica de nitrog\u00eanio em gram\u00edneas, al\u00e9m de garantir outros processos ben\u00e9ficos para as plantas. No in\u00edcio, o Azospirillum<\/em> era utilizado como inoculante apenas para gram\u00edneas, mas hoje \u00e9 utilizado em praticamente todas as culturas.<\/p>\nOs custos dos bioinsumos variam conforme o objetivo ao qual s\u00e3o direcionados. A maioria dos biol\u00f3gicos \u00e0 base de Bacillus <\/em>permite um manejo mais acess\u00edvel. Dependendo da tecnologia, estes Bacillus<\/em> podem estar na forma de end\u00f3sporo, n\u00e3o necessitando de condi\u00e7\u00f5es especiais de aplicabilidade e armazenamento do produto, facilitando misturas em tanques em diversas condi\u00e7\u00f5es, desde que, se tenha compatibilidade na calda. Esta tabela de compatibilidade normalmente \u00e9 fornecida pela empresa fabricante do produto com as orienta\u00e7\u00f5es t\u00e9cnicas.<\/p>\nOutro ponto importante para ser ressaltado \u00e9 que o registro de biol\u00f3gicos \u00e9 para praga ou doen\u00e7a e n\u00e3o especificamente cultura, favorecendo um lan\u00e7amento mais r\u00e1pido do produto no mercado, quando comparado ao qu\u00edmico.<\/p>\n
AgriBrasilis – Porque o uso de inoculante em abertura de \u00e1rea \u00e9 eficiente para o amendoim e para a soja o uso deve ser constante?<\/strong><\/p>\nMoniki Janegitz – <\/strong>O uso de inoculantes visando a fixa\u00e7\u00e3o biol\u00f3gica de nitrog\u00eanio no amendoim n\u00e3o se compara com a cultura da soja porque o amendoim \u00e9 nativo da Am\u00e9rica do Sul, onde o riz\u00f3bio j\u00e1 se encontra no sistema. A soja \u00e9 origin\u00e1ria da \u00c1sia, o que torna necess\u00e1rio introduzir e multiplicar os microrganismos no ambiente para garantir uma produtividade satisfat\u00f3ria.<\/p>\nO cultivo de amendoim em abertura de \u00e1rea, ou seja, ap\u00f3s pastagem, cana ou mesmo mandioca, tem apresentado respostas positivas com o uso de inoculante Bradyrizobium <\/em>(estirpes ESA 123, SEMIA 6144 e 16295), mas em plantio subsequente o efeito n\u00e3o tem sido not\u00f3rio. Al\u00e9m disso, as variedades de amendoim t\u00eam tido respostas diferentes para as diferentes estirpes existentes no mercado.<\/p>\nAgriBrasilis – O controle biol\u00f3gico \u00e9 uma pr\u00e1tica comum no cultivo do amendoim? Por qu\u00ea?<\/strong><\/p>\nMoniki Janegitz – <\/strong>A regi\u00e3o da Alta Mogiana possui o maior uso de amendoim para renova\u00e7\u00e3o de canaviais. Enquanto que na regi\u00e3o da Alta Paulista se encontra mais amendoim em plantio subsequente, n\u00e3o s\u00f3 em \u201c\u00e1reas de renova\u00e7\u00e3o\u201d, exigindo maiores cuidados com a presen\u00e7a de pat\u00f3genos no sistema. Por isso, o uso de biol\u00f3gicos passa a ser adotado em maior propor\u00e7\u00e3o antes mesmo da instala\u00e7\u00e3o da cultura, com tratamentos pr\u00e9 e p\u00f3s-colheita. Os principais problemas hoje em dia s\u00e3o a pinta preta (Cercosporidium personatum<\/em>) e o mofo branco (Sclerotium rolfsii<\/em>), pat\u00f3genos que apresentam longa sobreviv\u00eancia\u00a0no\u00a0solo.<\/p>\nAlguns produtores j\u00e1 observaram que o uso excessivo de fungicidas tem causado desequil\u00edbrio no sistema. Por isso, hoje os produtos biol\u00f3gicos se tornaram uma excelente alternativa. Exemplo cl\u00e1ssico \u00e9 a prolifera\u00e7\u00e3o da lagarta do pesco\u00e7o vermelho: antes do uso acumulativo de fungicidas, era poss\u00edvel encontrar na natureza uma esp\u00e9cie de fungo que controlava a lagarta, o Metarhizium rileyi<\/em> (antes conhecido como Nomuraea rileui<\/em>).<\/p>\nOs bioinsumos s\u00e3o uma sa\u00edda inteligente para regenerar o sistema agr\u00edcola, lembrando que o uso desses produtos sempre ser\u00e1 de car\u00e1ter preventivo. O efeito \u00e9 diferente do qu\u00edmico: \u00e9 necess\u00e1rio ter paci\u00eancia, uma vez que esse n\u00e3o \u00e9 um produto \u201cde choque\u201d e demanda tempo.<\/p>\n
\u00c9 importante rotacionar mecanismos de a\u00e7\u00e3o de produtos e, dentro do planejamento, incluir o uso de bioinsumos para que se possa obter um controle mais eficaz, com reflexos no aumento de produtividade. \u00c9 errado dizer que s\u00f3 o qu\u00edmico ou mesmo s\u00f3 o biol\u00f3gico ir\u00e1 entregar resultados. A melhor maneira \u00e9 a jun\u00e7\u00e3o de ambos, buscando o equil\u00edbrio.<\/p>\n
Partindo-se do princ\u00edpio da redu\u00e7\u00e3o do uso de qu\u00edmicos, intercalando-se com o uso de biol\u00f3gicos, \u00e9 poss\u00edvel controlar pragas e doen\u00e7as nessa cultura, e manter uma melhor preserva\u00e7\u00e3o dos inimigos naturais no ambiente.<\/p>\n
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