Alexandre Velho –<\/strong> O trabalho na lavoura possui caracter\u00edsticas espec\u00edficas, de modo que a aplica\u00e7\u00e3o da legisla\u00e7\u00e3o trabalhista de maneira formalista e sem as adapta\u00e7\u00f5es necess\u00e1ria gera margem para leituras equivocadas sobre o setor.<\/p>\nSomos respons\u00e1veis pela garantia da seguran\u00e7a alimentar do pa\u00eds, j\u00e1 que mais de 70% do arroz produzido no Brasil \u00e9 oriundo das lavouras de arroz do RS, que geram cerca de 15 empregos para cada 1.000 hectares dentro da lavouras e mais de dezenas antes e p\u00f3s-porteira.<\/p>\n
Os casos de demandas na Justi\u00e7a do Trabalho envolvendo a orizicultura s\u00e3o insignificantes dentro do contexto geral, o que demonstra toda a preocupa\u00e7\u00e3o social dos produtores com rela\u00e7\u00e3o ao bem estar dos funcion\u00e1rios.<\/p>\n
AgriBrasilis – O que \u00e9\u00a0<\/strong>“antidumping <\/em>socioambiental” e p<\/strong>or que a Federarroz solicita essa pr\u00e1tica?<\/strong><\/p>\nAlexandre Velho –<\/strong> As medidas de antidumping<\/em> socioambiental buscam mitigar desigualdades concorrenciais entre pa\u00edses.<\/p>\nOs custos sociais e ambientais muitas vezes tornam o custo-Brasil um inviabilizador do livre mercado, na medida em que os pa\u00edses concorrentes possuem regras menos r\u00edgidas, de modo que o custo de produ\u00e7\u00e3o seja menor que o praticado no Brasil.<\/p>\n
Solicitamos que a concorr\u00eancia seja efetivada de forma ison\u00f4mica, para que somente seja permitido o ingresso no Brasil de arroz produzido nas mesmas condi\u00e7\u00f5es legais \u00e0s quais os brasileiros est\u00e3o sujeitos.<\/p>\n
AgriBrasilis – O senhor disse que a taxa de juros livres do Plano Safra 2023\/24 \u00e9 motivo para preocupa\u00e7\u00e3o. Por qu\u00ea?<\/strong><\/p>\nAlexandre Velho –<\/strong> Em fun\u00e7\u00e3o da alta demanda por recursos para se plantar um hectare de arroz, qualquer diferen\u00e7a percentual na taxa de juros gera impactos na forma\u00e7\u00e3o dos custos financeiros das opera\u00e7\u00f5es.<\/p>\nCom a manuten\u00e7\u00e3o da taxa Selic nos n\u00edveis atuais, os juros livres alcan\u00e7am facilmente mais de 16% ao ano, o que n\u00e3o \u00e9 compat\u00edvel com a agricultura.<\/p>\n
AgriBrasilis – Qual a rela\u00e7\u00e3o entre pre\u00e7os e custos na produ\u00e7\u00e3o do arroz?\u00a0O setor riz\u00edcola nacional \u00e9 competitivo?<\/strong><\/p>\nAlexandre Velho –<\/strong> Apesar de termos um custo que aumentou em m\u00e9dia 60% nos \u00faltimos dois anos, o produtor de arroz n\u00e3o controla o pre\u00e7o de venda do seu produto. Isso depende de fatores como oferta e demanda, consumo, exporta\u00e7\u00e3o, mercado internacional e paridade com rela\u00e7\u00e3o ao Mercosul (taxa de c\u00e2mbio).<\/p>\nFalta competitividade principalmente para o arroz ga\u00facho (70% da produ\u00e7\u00e3o nacional) em fun\u00e7\u00e3o das diferen\u00e7as tribut\u00e1rias entre os estados e os benef\u00edcios fiscais existentes em grandes centros consumidores como RJ, MG e ES.<\/p>\n
AgriBrasilis – Os arrozeiros est\u00e3o intensificando a\u00a0rota\u00e7\u00e3o de culturas? Por que devemos almejar uma produ\u00e7\u00e3o “multissafras”?<\/strong><\/p>\nAlexandre Velho –<\/strong> A intensifica\u00e7\u00e3o da rota\u00e7\u00e3o de culturas \u00e9 necess\u00e1ria para aumentar a produtividade da cultura do arroz e consequentemente poder enfrentar o alto custo de produ\u00e7\u00e3o.<\/p>\nQuando n\u00f3s temos diferentes culturas nas \u00e1reas, n\u00f3s aumentamos a fertilidade do solo e a produtividade em fun\u00e7\u00e3o da diminui\u00e7\u00e3o das plantas invasoras resistentes, o que traz diminui\u00e7\u00e3o de necessidade do uso de defensivos agr\u00edcolas.<\/p>\n
A quest\u00e3o da produ\u00e7\u00e3o multissafra \u00e9 exatamente nesse sentido de buscar alternativas, como a soja, o milho e a pecu\u00e1ria, que s\u00e3o ferramentas que o produtor tem para melhorar suas condi\u00e7\u00f5es produtivas.<\/p>\n
AgriBrasilis – <\/strong>Como a desvaloriza\u00e7\u00e3o do d\u00f3lar impacta o mercado de arroz e o que devemos esperar para os pr\u00f3ximos anos?<\/strong><\/p>\nAlexandre Velho –<\/strong> Quando n\u00f3s temos uma diminui\u00e7\u00e3o da taxa cambial, n\u00f3s dificultamos a exporta\u00e7\u00e3o, que \u00e9 fundamental para trazer uma refer\u00eancia ao mercado interno e trazer uma competitividade maior do arroz brasileiro para v\u00e1rios destinos da Am\u00e9rica Central e tamb\u00e9m Am\u00e9rica do Norte, principalmente.<\/p>\nN\u00f3s devemos buscar novos mercados e ter uma cultura exportadora. N\u00e3o podemos ser somente oportunistas de mercado. N\u00f3s esperamos que a abertura de novos mercados e a consolida\u00e7\u00e3o do M\u00e9xico destino do arroz em casca traga cada vez mais um ajuste na oferta e na demanda do mercado interno e traga inclusive uma postura mais firme da ind\u00fastria com rela\u00e7\u00e3o ao varejo.<\/p>\n
O arroz brasileiro continua sendo um produto de pre\u00e7os acess\u00edveis e de alta qualidade, livre de res\u00edduos conforme atestado pela Anvisa. N\u00f3s temos \u00e9 que valorizar o produtor, que continua fornecendo esse produto reconhecido e exportado para mais de 100 pa\u00edses.<\/p>\n
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